A fé que se renova

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Ajoelhada diante do altar com um terço entre mãos, a motorista de táxi Diolinda Maria de Fátima Trindade, 47, agradece pelo “livramento” da filha em um acidente grave de trânsito. A jovem de 21 anos viajava para a Província de Namibe, cerca de mil quilômetros de Luanda, capital da Angola, quando o ônibus que ela estava foi atingido pela tampa da mala de outro veículo e acabou capotando. A jovem teve apenas ferimentos leves. Diolinda diz que foi um milagre e atribui a graça alcançada às orações que costuma fazer toda semana. A fé que conduz Diolinda leva todo sábado centenas de pessoas para o galpão da sede da Obra de Maria, no bairro Lar Patriota, onde celebram a Hora da Graça.

O lugar fica lotado e mais de mil pessoas acompanham a oração. Todos querem ver de perto e tocar no Santíssimo Sacramento, que representa a presença real de Jesus Cristo. Diolinda exibe a fotografia da filha e se emociona. Outras pessoas também mostram objetos para serem abençoados. Levam garrafas de água, chaves de imóveis, veículos, documentos e exames médicos. Eles rezam o Terço Mariano e pedem proteção para a semana que se inicia.

A cerimônia é animada por cânticos africanos. Assim, às 6h30 dos sábados, o ritual de agradecimento é conduzido pelo padre José Agripino Brito Filho, que pede para as pessoas terem mais fé. “Digam com fé que precisam de Deus. Peçam com fé, entra na minha casa, entra na minha vida”, pede o sacerdote ao som da canção Faz Um Milagre em Mim, de padre Marcelo Rossi. Todos cantam, batem palmas e dançam ao mesmo tempo.

A Hora da Graça reúne fiéis de todas idades. Gente como dona Branca João Sebastião da Silva, 80 anos, que participa toda semana. “Venho com prazer. É uma terapia pra mim. Saio daqui curada de todo o mal”, explicou a senhora, que participa ativamente da oração, dança e canta louvores. Durante a celebração, membros da Obra de Maria também dão seus testemunhos. Falam para os fiéis sobre a experiência missionária de fé. “Minha missão é ser Obra de Maria. Renovar é nosso chamado. A caminhada não é fácil, mas a essência de cada um de vocês é única”, declarou a biomédica Annaíc Huyara, 29, que é membro externo da instituição no Brasil, junto com o marido, o jornalista Marcos Menezes, 31. O casal é de Caruaru e visitava a Angola, na semana em que o Diario acompanhava os trabalhos na missão em Luanda.

Durante a Hora da Graça, padre Agripino também incentiva uma maior participação por parte dos homens na oração. “Fechem os olhos, rezem, chorem não tenham vergonha”, diz o sacerdote. Emocionado, Bentes Inácio, 50, conta como conheceu a Obra de Maria. “Passei quase um ano deixando a minha esposa na porta e ficava observando a quantidade de gente que vinha aqui. Um dia, fiquei curioso e resolvi entrar. Não sai mais”, recordou o homem que é natural de Luanda, pai de três filhos. O caçula, segundo ele, fruto de um milagre. A mulher engravidou aos 42 anos, teve um parto complicado, mas o bebê e ela resistiram. “Minha esposa não podia mais ter filhos, mas pediu tanto a Deus, durante a Hora da Graça que conseguiu. Quando ele nasceu, ficamos sete dias no hospital, mas hoje está saudável com um ano e dez meses e pesando 15 quilos. Minha mulher também está muito bem de saúde”.

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