Uma mistura mágica de milho, água e açúcar consegue levar cada vez mais crianças para a sala de aula na comunidade de Dombe, em Moçambique. A papa de consistência cremosa é servida diariamente pelas missões da Obra de Maria e Fazenda da Esperança, em dois turnos, na Escola Primária Centro Educacional de Dombe. Desde 2013, o governo moçambicano suspendeu o fornecimento da merenda nas escolas públicas. O que resultou no aumento repentino da evasão escolar no país.
De acordo com o relatório sobre a situação escolar dos países lusófonos, divulgado em 2015, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Moçambique ocupava a 39° posição no ranking dos piores do planeta em evasão escolar, atingindo 13,6% da população total de 26, 5 milhões de habitantes. No Brasil, segundo o Unicef, 6,5% da população de 2,8 milhões de habitantes com idade entre 4 e 17 anos estão fora da escola.
A iniciativa das missões em oferecer a papa foi tão aprovada que agora as crianças não deixam mais de ir para a escola por qualquer motivo. “Antes, eles faltavam dias consecutivos. Após a papa, eles só não vêm se estiverem doentes”, informou o professor Shimbarashe Vinte e Um. A refeição é servida nos dois turnos da escola. Pela manhã, estudam 336 crianças, enquanto que no período da tarde, outras 254. “Com a assiduidade até as notas melhoraram”, ressaltou o educador.
Segundo a Obra de Maria, para servir o alimento na escola primária é necessário, por dia, 20 latas de um quilo de milho, que custam 150 meticais (moeda de Moçambique), o equivalente a US$ 2,5 (R$ 8,10). Além disso, a moagem e pilagem do milho correspondem a 60 meticais, cerca de US$ 1,00 (R$ 3,24). A papa servida na escola também está no cardápio do matabicho, como os africanos chamam o café da manhã, nos dois internatos. O café é servido, geralmente, às 6h30 para as crianças que estudam no turno da manhã, e às 7h, para os alunos da tarde.