“Que todos sejam um”

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Generosidade. Essa palavra faz a diferença. Quem diz é Gilberto Gomes Barbosa, 49, fundador da Comunidade Obra de Maria, com sede em São Lourenço da Mata, em Pernambuco. Desde quando decidiu estender sua ação humanitária para o continente africano, Gilberto é questionado. Diante de tanta miséria no Brasil, por que não permaneceu em seu país de origem? Nesses momentos, o missionário usa a palavra generosidade para justificar a dimensão da obra.

“As pessoas perguntam: aqui no Brasil tem tanta miséria, muitos passando fome, principalmente no Nordeste e no Amazonas. Mas na África é diferente. Se você não estender as mãos, as pessoas morrem de fome. Elas não têm onde buscar. No Brasil, se alguém está com fome, pede e consegue. O povo é generoso. Na África, se não aliviarmos a situação, as pessoas morrerão de fome. O que a Obra de Maria faz lá não tem outra pessoa que faça”, pontuou.

Considerada a maior instituição católica formada por leigos no mundo, a Comunidade Obra de Maria está presente em 17 países, com destaque para os trabalhos no continente africano. Fundada há 27 anos, pelo pernambucano, natural de Surubim, Gilberto Barbosa, a entidade cresceu e ultrapassou fronteiras. Do outro lado do mundo, desenvolve ações sociais e de evangelização, em Moçambique, Costa do Marfim, Benin, Angola e Cabo Verde, na África. São 2,8 mil missionários e 690 voluntários, dos quais 300 atuam em tempo integral, cuidando de vidas esquecidas.

O Diario de Pernambuco foi convidado a conhecer esse trabalho no mês passado. Foram 18 dias percorrendo as missões. Vivenciando o dia a dia das pessoas que, com muita dificuldade e bondade, se dedicam ao próximo. Largando suas famílias e projetos pessoais. A primeira parada foi em Dombe, área pobre, na região central de Moçambique. É lá que, desde 2009, está instalada a missão considerada a “menina dos olhos” da Obra de Maria.

A reportagem chegou a Dombe no dia 11 de novembro e conviveu cinco dias com os seis missionários, cinco nordestinos e uma africana. Além de evangelizar, eles cuidam de dois internatos que abrigam 240 crianças e adolescentes. Promovem a educação para a juventudade, sem oportunidade. Também ajudam no atendimento a doentes. Um desafio na contramão da dura realidade do lugar, que por quase 30 anos foi palco de guerras civis e conflitos etno-religiosos.

De Moçambique, a equipe do Diario seguiu para Angola, onde passou 12 dias. O país também é lusófono, localizado na costa ocidental da África. Lá, a Obra de Maria mantém um grande centro de evangelização em Luanda. Além de levar a palavra de Deus em orações, oferecem cursos profissionalizantes e atendimento médico voluntário. Realidade menos cruel do que a enfrentada pela população de Moçambique, mas que tem o mesmo fim: socorro humanitário a quem está em extrema vulnerabilidade social. Um trabalho que contribui, pouco a pouco, na melhoria da qualidade de vida dos mais necessitados. Um povo que tem sempre um sorriso no rosto com a esperança de dias melhores. O resultado da marcante experiência está neste caderno especial, publicado às vesperas do Natal.Textos de Ana Paula Neiva e fotos de Teresa Maia.

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