O carnaval sempre foi sinônimo de belas imagens. O que fazer quando a fotografia ainda não era usada em larga escala no jornalismo impresso em Pernambuco? Esse dilema vivido até a década de 1930 foi resolvido pelo Diario de Pernambuco com muita arte. Em 1931, a folia foi “retratada” com ilustrações, a começar por uma grande, quase de página inteira, assinada por Villares, nome artístico do recifense Lauro de Vasconcelos Villares (1908/1987), que além de desenhista e caricaturista foi pintor e escultor. A festa em estilo black-tie foi publicada no dia 15 de fevereiro, o domingo de carnaval daquele ano, abrindo um suplemento de quatro páginas com detalhes dos bailes e das agremiações que iriam se apresentar ate a terça-feira.
As informações eram separadas por vinhetas gráficas, algumas representando agremiações famosas da época e que resistem até hoje, como o Inocentes do Rosarinho, fundado em 1926 para ser o rival de bairro do Madeira, surgido na mesma época. Outras ficaram na história, como a Troça Largando os Tacos e os blocos Flor do Abacate e Sapo Espinho. Outras imagens traziam um personagem em busca de uma paquera, de terno e chapéu-palheta, uma elegância que hoje seria considerada como uma elaborada fantasia.
Os leitores do Diario de carnaval tinham acesso a notícias como a realização de um grande pastoril masquê em Casa Forte: “a presepada naquele arrabalde será um coreto adrede armado na Campina”. A animação ficaria por conta do Apajazz, sob a direção do maestro Nelson Ferreira. As crianças teriam como opção uma matinê no Theatro Moderno e os Operários em Folia desfilariam pelas ruas da Torre. O corso, uma das manifestações mais esperadas, desta vez poderia ser em fila dupla, saindo da Praça Maciel Pinheiro, percorrendo todo o Centro do Recife até voltar ao ponto de partida. O inspetor geral de veículos permitiu que os motoristas pudessem sair devidamente fantasiados e mascarados, desde que respeitassem o decoro. E assim a capital pernambucana aproveitava a festa, pelas folhas de um Diario já centenário…