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“Oito dias apenas, macacada!”. Era dessa forma que o Diario de Pernambucano tratava seus leitores em 4 de fevereiro de 1934, quando deu início à contagem regressiva para o carnaval daquele ano. Era uma edição de domingo e no quadradinho à direita do grande cabeçalho, a informação: “domingo próximo a cidade estará imersa na onda estrepitosa da folia!”. Na verdade, a festa já estava nas ruas. No Prado da Madalena, por exemplo, haveria “confronto de organizações” entre os blocos Batutas da Boa Vista e os Bobos em Folia. A página especial para a cobertura da festa era ilustrada por pequenas imagens bem-humoradas de passistas e e personalidades da época, modelo que se seguiria nos dias seguintes.

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Como na segunda-feira o Diario não circulava, a contagem regressiva para a folia foi retomada na terça-feira. O alerta continuava: “Está chegando a hora da fuzarca! Quem não se esbagaçar no frevo não ‘é de amargar!'”. Desta vez, em vez de ilustrações, imagens das festas ocorridas no fim de semana: duas fotos da matinê infantil de domingo no Clube Tênis de Boa Viagem e uma do baile de sábado no Tupan Atlético Clube.

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“Cinco dias somente, rapaziada!”. Em 7 de fevereiro, as ilustrações voltaram, divulgando a programação das agremiações para o grande festejo popular. Com destaque, uma entrevista com o musicista José Mariano Barbosa sobre o avanço do frevo em outros estrados brasileiros, chegando ao Rio de Janeiro, onde as marchinhas ganhavam um tempero pernambucano. O sucesso do ano era o frevo É de amargar, cuja partitura para piano já estava na segunda edição. A obra de Capiba havia sido a vencedora de um concurso promovido pelo próprio Diario de Pernambuco.

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“Três dias, negrada! e “O frevo vai ser roxo!”. Com a proximidade do início da festa, as ilustrações deram espaço para mais texto. Além das notícias sobre as agremiações, chamava a atenção uma circular da Secretaria de Segurança Pública com instruções para o folião brincar o carnaval. Não seriam permitidas ofensas, lançamento de líquidos e pós, o uso da Cruz Vermelha ou símbolos patrióticos em fantasias, cantar o hino do país ou dos estados, usar máscaras depois das 22h.

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“Eita, macacada, que o barburinho vai começá é amanhã de noite!”. “Os três dias de folia são quatro: sábado, domingo, segunda,. terça e o resto do ano!”. As vinhetas bem-humoradas e hoje politicamente incorretas continuavam a dar o tom da página carnavalesca do Diario. Na sexta-feira, 9 de fevereiro, o destaque é “uma palestra indiscreta” com Lourenço Barbosa, o Capiba, ganhador do concurso organizado pelo Diario. Com direito a foto, o compositor explicava que a música surgiu quando ele estava a bordo de um bonde da Tramways.

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“A coisinha vai começá hoje de noite, pessoá!” e “Ninguém arrizéste ao chamego do arrastão”. No sábado de Zé Pereira, o destaque dos bailes que seriam realizados no Jockey Clube de Tennis, Casino e Clube Internacional, além das festas dos blocos, clubes e troças que desfilariam pelo Centro e também no subúrbio recifense.

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No domingo, uma grande logomarca simulando um efeito 3D encimava a primeira das páginas do Diario dedicadas ao carnaval. O jornal também daria troféus dedicados aos melhores bloco, troça e clube, e as imagens deles ilustravam o primeiro bloco do especial.

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A segunda página do domingo trazia com mais detalhes o roteirão da festa, com uma profusão de vinhetas engraçadas. Era material para não ficar em casa. A Inspetoria de Veículos anunciava o roteiro dos bondes por causa da realização do corso. Quem não quisesse ficar em casa saberia para onde ir e também como voltar.

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A terceira página da edição de domingo mantinha o serviço de divulgação dos desfiles das agremiações mais afamadas recifenses. O foco era a festa no subúrbio e até no interior do estado, como Gravatá.

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Depois de mais um feriado na segunda-feira, o Diario encerrava a cobertura do carnaval de 1934 com o registro fotográfico dos bailes já realizados e a programação para o último dia oficial de folia. Um trabalho de fôlego realizado pelos jornalistas da época, que também tinham o direito de se divertir um pouco.