Em Foco 0403
Jovem, milionário e otimista, David Pinto diz que crise econômica é fonte de oportunidade para negócios. Ele mesmo teve uma grande ideia a partir da dificuldade de encontrar profissionais para uma reforma no apartamento e ergueu uma empresa, o Grupo Resolve Franchising, onde é presidente. Tema do Em Foco do Diario de Pernambuco desta quarta-feira, por Silvia Bessa. A foto é de Bernardo Dantas.

“Se alguém chora, eu tenho o lenço”

Silvia Bessa  (texto)
Bernardo Dantas  (foto)

Tão novo, mal havia completado 25 anos, e só de cheque especial acumulava R$ 20 mil. Soube que juntou contas da planejada festa de casamento com a amada, do tratamento do pai vítima de um AVC, dos preparativos para abrir o sonhado negócio próprio, da reforma da casa nova. As despesas se embaralhavam. Faz apenas cinco anos o auge da crise financeira pessoal. Ontem encontrei o cidadão: estava hospedado no Hotel Atlante Plaza, aquele dos espelhos azuis que fazem pose de imponente na Avenida Boa Viagem, e usava com elegância e naturalidade seu mocassim Monte Carlo Louis Vuitton de couro de vitelo e iniciais da marca. A fartura entrou na vida de David Pinto, ex-classe média que teve uma ideia genial e que agora repassa seus conhecimentos pelo Brasil e pelo mundo como homem de negócio de sucesso que é. Ele pode. Porque plateias precisam ouvir brasileiros com 30 anos, donos de empresa com faturamento anual de R$ 400 milhões dizendo: “Se alguém chora, eu tenho o lenço”, como afirma David, que não sabe quem é autor da frase mas tomou o lema para si. E a crise econômica? “Queremos crescer 15% este ano”, respondeu. Simples assim. Outra pergunta?.
Para ele, não tem essa de ficar comparando a meta ao crescimento de 30% em 2014. “Temos que nos apegar às oportunidades. A crise passará daqui a três ou quatro anos porque não pode durar muito. E, quem resistir, estará muito bem”. David não é dado a chorumelas. Gosta mais de contraprovas para o discurso temeroso dos observadores da economia atual. Presidente do Grupo Resolve Franchising, fundado em São Paulo, aproveitou suas pendências domésticas para transformar a vontade de fazer dinheiro e a dificuldade de encontrar profissionais para uma reforma no apartamento e ergueu uma empresa. No primeiro ano, encontrou “os primeiros loucos” (palavras dele) e já soma 700 franquias espalhadas na Colômbia, México, Panamá e Brasil – as 11 de Pernambuco estão entre elas. O carro-chefe é a Dr. Resolve, que realiza pequenas reformas e reparos em residências intermediando a contratação de mão de obra especializada. Tem ainda a Dona Resolve (de limpeza), a Doctor Solución (kits de serviços) e o Instituto da Construção (de formação profissional). Juntas, David Pinto faz os cálculos rápidos para mim, o crescimento delas foi de seis a nove vezes o índice de crescimento do Produto Interno Bruto do país.
“Não entendo de economia, mas conheço muita gente que cresceu, fez negócio há 20 anos quando o Brasil vivia com inflação. Essa não é nossa realidade. Então, é tirar a bunda da cadeira e trabalhar”, aconselha, ponderando, claro, que a recessão exige ainda criatividade para abrir brechas para o consumo, dedicação (por exemplo, “se você trabalhava três horas um projeto, vai ter de trabalhar seis”), paixão (no sentido de empenho) e foco no que se quer crescer (“esse negócio de ser especialista em tudo não funciona. Você fica como o pato, que faz tudo e nada bem feito”).
São esses os conceitos que ele passa em palestras e debates quando conta sua história de ascensão. É um acúmulo de um intensivo de cinco anos administrando as novas contas, as milionárias. Mas se supõe que são conceitos formulados com base no seu novo ciclo de amizade, incluindo alguns outros empresários de sucesso porque David é daqueles que crê que “todo empreendedor precisa de mentores empresariais”. Os dele são Luiza Trajano Donato (do Magazine Luiza) e Walter Torres (da WTorres, construtora de renome que entre seus projetos tem a Arena Palmeiras, no Rio de Janeiro).
Ontem  cerca de 150 jovens, a maioria com menos de 30 anos, tomaram David Pinto como mentor por uma noite. Gente com 20, 25 e alguns anos a mais estavam ali em evento promovido pela Lide, que é um grupo privado que está em doze países e promove uma espécie de intercâmbio. A palestra marcou a chegada da Lide Futuro em Pernambuco, braço que foca no público mais jovem, e fez parte da Like The Future, um evento que tem como objetivo levar a experiência de empreendedores ao estilo David Pinto para gente com ideia boa (filhos de empresários bem-sucedidos ou não) considerados “fora da curva”, muito promissores. David, que é presidente da Lide São José do Rio Preto (SP), tinha muito o que dizer. Se conseguiu ser convincente, nessa terça-feira nasceram os embriões dos futuros empresários do estado. Reclamarão menos das crises futuras e serão mais otimistas.