A capa do Diario de Pernambuco do dia 30 de abril de 1991 não concorreria a nenhum prêmio de estética. A manchete em duas linhas espalhada em seis colunas ficava acima de um texto com capitulares nos seus três parágrafos. A foto que fechava o bloco horizontal era de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, mas a dupla – principalmente o filho do Mestre Lua – era o tema do segundo destaque, que tinha ao lado uma imagem que poderia confundir o leitor, mas que era relativa a uma chamadinha à esquerda, sobre a retirada dos camelôs do Centro do Recife. Entendeu? Se houvesse uma inversão da posição das imagens e também das manchetinhas, a capa ficaria mais apreciável, mas o fechamento do dia 29 de abril daquele ano foi atípico. Porque foi quando Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, 45 anos de idade, morreu em acidente na BR-200, entre as cidades de Renascença e Marmeleiro, no Paraná. Gonzaguinha dirigia seu Monza Classic, depois de ter feito uma série de seis shows, quando bateu de frente com uma caminhonete F-4000. Uma perdida sentida em Exu.
O Diario trouxe uma ampla cobertura do artista que amava a estrada. Em uma página com muito texto e pouca foto – três, sendo duas em uma coluna – era possível ver o impacto da morte de Gonzaguinha na pernambucana Exu, a terra natal do pai, detalhes da tragédia e o pensamento e obra do compositor que dominava as paradas com interpretações próprias e de musas da MPB como Maria Bethânia e Simone. Uma semana antes, Gonzaguinha havia feito as suas últimas apresentações no estado, cantando em Ouricuri, Bodocó e Salgueiro para arrecadar fundos para manutenção do Parque Aza – com “z” mesmo – Branca, em Exu. Era uma forma de manter o legado do pai, a quem se juntou praticamente dois anos depois.