“A cidade viveu ontem durante o dia horas de enorme alegria. Todas as casas e automóveis se enfeitaram com bandeiras aliadas e serpentinas. Na frente do Diario, o povo aguardava a confirmação da boa nova que foi feita mais ou menos às 11 horas, pelo senhor Aníbal Fernandes, que leu o comunicado do Q. G. do general Eisenhower”. A edição de 8 de maio do Diario de Pernambuco registrava o que a cidade já comemorava desde o início da tarde do dia anterior. Com Hitler e Mussolini mortos, a guerra havia acabado na Europa, após 68 meses de combates. Ao todo, 55 milhões de pessoas, entre soldados e civis, perderam a vida no conflito.
A notícia divulgada pelo jornal era a capitulação dos nazistas, com a assinatura da rendição pelo coronel-general Gustav Jodl, Chefe do Estado Maior do Exército germânico. A pracinha da Independência, em frente onde funcionava a sede do Diario, ficou lotada. Todos queriam saber das notícias afixadas em “placards” na frente do prédio. As tabuletas estampavam os últimos telegramas recebidos sobre a desmobilização militar na Europa. Destaque na cobertura foi a matéria onde se informava que o Recife viveu uma “noite fascista”. Por decisão dos donos dos estabelecimentos, a partir das 19h a cidade parecia uma cemitério, sem ter um local para se beber um simples copo d’água.
Como isso não foi suficiente, a solução foi instalar alto-falantes para ler os despachos. No dia 8, o presidente norte-americano Harry Truman, o primeiro-ministro britânico Churchill e o ditador soviético Josef Stalin anunciaram oficialmente o fim do conflito europeu, instituindo o Dia da Vitória. Em vez da foto do trio, o que estampou a capa do jornal no dia 9 foi o registro da rendição alemã.
O fim da guerra só ocorreu efetivamente na Europa. O Japão só rendeu em agosto, após as bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki lançadas por aviões norte-americanos. Um novo horror começava.