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Em 1977, Ariano Suassuna completaria 50 anos de idade. Um momento ideal para refletir sobre a sua produção e revelar como se deu a criação da sua principal obra, o Romance d’A Pedra do Reino. No dia 22 de maio daquele ano, faltando menos de um mês para o tão emblemático natalício, o escritor paraibano apareceu no Diario de Pernambuco em forma dupla, como alvo de uma entrevista feita por Sócrates Arantes e como autor da novela romançal As Infâncias de Quaderna, que estava sendo publicada em forma de folheto pelo jornal. O daquele domingo era o 80º da série.

Vivendo no Recife desde 1942, Ariano confessava-se satisfeito com o sucesso alcançado pela sua obra, inclusive fora do país. O livro A Pedra do Reino, iniciador da trilogia de Quaderna, era o centro de quatro teses defendidas nas universidades de São Paulo, Sorbonne (França), Colônia (Alemanha) e Salamanca (Espanha).

Era o momento do mestre revelar o seu processo criativo a partir de Dom Pedro Dinis Quaderna, personagem principal do romance publicado em 1971 pela Editora José Olympio. “Há quem diga e quem me pergunte se Quaderna sou eu. Não é, se bem que às vezes eu o identifique um pouco comigo. Mas, acontece também com outros personagens. O livro, sim, pode parecer comigo, mas um personagem isolado. Aliás, o livro todo é expressão do meu universo, e Rachel de Queiroz, no seu prefácio à A Pedra do Reino, disse isso”.

Além da escrita, Ariano apresentava ao Diario sua criatividade também na ilustração. Três desenhos retrataram as formas que toma, no Sertão, a Morte Caetana: a onça, a serpente e os três gaviões. “O Nordeste se torna um espaço mítico e épico que abrange toda a História da humanidade”, explicava. Que nós todos assinamos embaixo.