Crédito: Arquivo/DP - Praia de Boa Viagem na década de 1940

Crédito: Arquivo/DP – Praia de Boa Viagem na década de 1940

Aos poucos, os recifenses começavam a perceber os atrativos da faixa de areia que se estendia a partir do Pina. Antes habitado apenas por pescadores, o distrito de paz começou a abrigar, a partir da segunda metade do século 19, casas de veraneio. A divulgação de que o banho de mar era medicinal contribuiu para a procura por um terreno perto da praia. No final do século, uma migração já tinha se iniciado para o novo bairro. Em outubro de 1925, a abertura da avenida Boa Viagem facilitou o acesso de todos os recifenses. Não havia mais quem veraneasse, mas que morasse definitivamente no lugar. A inauguração dos bondes à Zona Sul foi tema do blog. Basta clicar aqui.

A abertura da linha de bondes foi registrada pelos cineastas Ugo Falangola e J. Cambiere, no seu célebre filme Veneza Americana, que já foi tema aqui do blog (quer conferir? Clique aqui). Este trecho de quatro minutos recebeu trilha sonora do músico Alex Mono, que em 2007 foi convidado pela Cinemateca Brasileira para dar sua interpretação pessoal às imagens históricas.

O Diario citou pouco o nome de Boa Viagem nas primeiras décadas de existência do jornal, no século 19. E quando o fez, foi em um ocorrência policial. Em março de 1846, Antonio Felipe de Lima, que afirmou ser morador da localidade, foi condenado pelo Tribunal do Júri a um mês de prisão com trabalhos forçados por ter sido detido portando uma faca de ponta. Ao longo das décadas seguintes, o que era um ponto ermo, habitado por deserdados, virou bairro nobre. Os bondes deram lugar ao asfalto. Os edifícios e os muros se ergueram. Mas ainda ali, na beira do mar, todos da cidade se encontram.