Galeguinho do Coque - 1978xx

Galeguinho do Coque não tinha medo da perna cabeluda, como afirmava a letra da música “Banditismo por uma questão de classe”, gravada no primeiro disco de Chico Science & Nação Zumbi, em 1994. Mas, no ano de 1978, José Everaldo Belo da Silva, dizendo-se indivíduo regenerado, não estava preocupado com a assombração inventada nas páginas do Diario de Pernambuco (quer conhecer a verdadeira história da perna cabeluda? Clique aqui).

O temor dele, no mundo dos vivos, chamava-se João Calixto, um cabo reformado da PM. Os dois já haviam trocados tiros na época de polícia e bandido, em 1974, mas Galeguinho queria sossego. Tanto que foi à redação do Diario de Pernambuco, no dia 10 de janeiro daquele ano, para acusar João Calixto de estar perseguindo-o, inclusive ferindo-o a bala em dezembro de 1977 sem nenhum inquérito ter sido aberto.

Pois não que é João Calixto apareceu armado no jornal querendo resolver sua diferença com o inimigo? O ex-PM foi dominado por dois repórteres e depois autuado em flagrante na Delegacia do 1º Distrito.

Ao ver João Calixto já com arma na mão, Galeguinho correu por entre as máquinas de escrever, pedindo socorro. Os repórteres heróis – não identificados no texto – seguraram o cabo reformado e tomaram o seu arsenal. Além do revólver, ele tinha uma faca na cintura e um cinturão com 53 balas. Na delegacia, João Calixto disse não acreditar nesta história de regeneração de Galeguinho, que dizia ter se tornado evangélico e com intenção de casar e constituir família. “Eu não fui ao jornal para atirar nele, porque respeito a igreja, cemitério e o Diario de Pernambuco, porque sei que ali só tem gente decente”. Por que sacou a arma na redação? Porque achou que Galeguinho iria sacar a dele.

Galeguinho do Coquexx

Galeguinho do Coque disse que estava à disposição da polícia para esclarecimentos sobre o problema, “que em parte pode abalar minha situação perante a sociedade, especialmente no colégio onde estou matriculado para fazer o supletivo”. Seguiu com sua vida abrindo um pequeno comércio no Jordão Alto, depois conseguiu um emprego na Câmara de Vereadores de Jaboatão e era personagem da mídia sempre dizendo que o crime não compensava. Foi encontrado morto no município de Moreno com uma Bíblia ao lado. Dentro dela, escondido entre as páginas escavadas, um revólver 38.

Receber pessoas para entrevistar no prédio do jornal é uma prática comum até hoje. O que mudou no caso do Diario foi o endereço: da Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio, para a Rua do Veiga, em Santo Amaro. Só que agora os procedimentos de segurança mudaram. Não redação não se entra de qualquer jeito. Muito menos armado