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O mapa que ilustra esta postagem foi publicado no Diario de Pernambuco de 17 de janeiro de 1960. Apresenta o que significaria a reintegração da Comarca do São Francisco a Pernambuco. Com isso, o estado teria novamente acesso imediato ao Piauí, Maranhão, Goiás, Minas Gerais e Bahia, alcançando uma área total de 200 mil quilômetros quadrados, mais que o dobro do que é atualmente.

Há 56 anos, o jornal participava de uma campanha da bancada pernambucana para reaver o território à margem esquerda do Rio São Francisco que foi entregue a mineiros e baianos por Dom Pedro I, em 1824, como punição pela deflagração da Confederação do Equador. Vale lembrar que, em 1817, a Comarca de Alagoas já havia sido desmembrada de Pernambuco após a Revolução de 1817. Isso explica porque o homem que deu o grito da independência não se tornou nome de logradouro na terra dos altos coqueiros.

A questão da Comarca do São Francisco estava registrada na Constituição de Pernambuco em 1947. O território passou a pertencer, inicialmente a Minas Gerais, por decreto imperial, passando para a Bahia em 1827. Os jornalistas e historiadores Mário Melo, Flávio Guerra, Gonçalves Maia e Pereira da Costa escreveram livros sobre o tema, sempre advogando a correção de um erro histórico.

A volta da reivindicação pernambucana por seu antigo território devia-se ao monsenhor Arruda Câmara, deputado que queria corrigir uma “ingratidão” da República em relação a uma punição injusta praticada na época do Império. O Diario registrou a luta do religioso através de uma série de reportagens assinadas por Severino Barbosa. Nelas, políticos e magistrados defendiam a reanexação.

Em editorial assinado no dia 6 de julho de 1961, Aníbal Fernandes demonstrava que um ano e meio de discussões não resultaria em vitória. “Não creio que nada se modifique. Fez-se a República; e o regime que ascendera ao poder, com o sangue do padre Roma, de Frei Caneca e do padre João Ribeiro, não deu um passo para demovê-lo. Fez-se uma Revolução, que se dizia não vir para perdoar, mas para punir (punir os ladrões, punir as injustiças, corrigir os erros) e nada fez”. E assim se fez. Mais uma vez.