Final de plantão no jornal, um domingo. Dois de fevereiro de 1997. Chega a notícia de um acidente no Complexo de Salgadinho. Um carro havia se chocado contra um poste, o motorista sem vida. Nome da vítima: Francisco de Assis França Caldas Brandão. Começa a correria no amplo salão do prédio da Praça da Independência. Repórter e fotógrafos enviados para o local. Quem estava na redação, ficou. Uns foram convocados, outros vieram espontaneamente assim que souberam na notícia. Chico Science havia morrido. O maior expoente do movimento musical Manguebeat, ídolo dos jovens em um estado às voltas com violência, desemprego e baixa autoestima, saía de cena no auge, às vésperas de mais um carnaval.

O Diario de Pernambuco da segunda-feira trouxe a manchete da morte de Chico Science e, como foto principal, uma grande foto das ladeiras de Olinda já tomadas por foliões. Dor e alegria numa mesma página. Internamente, a edição trazia duas páginas sobre a perda do novo astro da MPB, produzidas pela força-tarefa da véspera. O necessário para o leitor do jornal entender a importância de Chico Science estava lá, inclusive a foto do encontro dele com Ariano Suassuna, dois mestres em usar a cultura popular em suas próprias obras. Para o paraibano mais pernambucano do mundo, Chico era simplesmente “Ciência”.

Na edição de terça-feira, o Diario trouxe novamente Chico Science como manchete, “rasgando” uma grande foto da multidão que foi se despedir do cronista de sua época. O mangueboy foi tema principal de um caderno de quatro páginas, elaborado com mais tempo e com espaço para mais textos analíticos. Como acontece nas grandes coberturas, o muro entre editorias foi derrubado. Repórteres de todas as áreas contribuíram com seu trabalho para registrar para a história o futuro de morte tão precoce.

No expediente da cobertura do acidente, reportagem de Carlos Estênio Brasilino, Henrique Barbosa, Inácio França, Lêda Rivas, Marcos Albertim, Rodrigo Carreiro, Ricardo Novelino, Sandra Correia, Sebastião Araújo e Vlaudimir Salvador. Fotografia de Geyson Magno e Fernando Gusmão. Edição de fotografia de Carlos Teixeira. Paginação de Wilson Cabral e Alexandre Brito. Diagramação de Marcelino Galvão. A edição foi de Maria Paula Losada e Kennedy Michiles.

No expediente do caderno especial, reportagem de Andrea Guerra, Beto Rezende, Catarina Lucrecia, Carlos Estênio Brasilino, Henrique Barbosa, Ivana Moura, Jailson Sousa da Paz, Janaína Araújo, Juliana De Mari, Klester Cavalcanti, Paulo Emílio, Ricardo Novelino, Sandra Correia e Vania Carvalho. A revisão ficou a cargo de Rafael Rocha Neto, com paginação de Wilson Cabral e Valmir Luiz, arte de João Monteiro e Ral e diagramação de Marcelino Galvão. A edição foi de Roziane Fernandes e Paulo Goethe. Modernizar o passado é uma evolução musical, disse Chico na música “Monólogo ao pé do ouvido”. Reviver o jornalismo, também.