Há 40 anos, o compositor Clídio Nigro, autor de cerca de 40 marchas para os carnavais de Olinda e compositor de duas gerações – de Guaiamum e Batutas, Vassouras e Lenhadores, até Pitombeira e Elefante – revelava ao Diario de Pernambuco de 5 de fevereiro de 1977 uma preocupação: o carnaval da cidade estava mudando. “A festa de hoje é de muito barulho, onde os participantes dos clubes cantam pouco e quase não se ouve as orquestras, tamanha a multidão vinda de fora aos folguedos momescos”. O Recife, dominado pelo mela-mela, estava em baixa na folia.

Para Nigro, a fama crescente de Pitombeira e Elefante é que bagunçou tudo. “O sucesso das duas agremiações chegou ao Recife e outras capitais. E o resultado é que o carnaval de Olinda cresceu em animação, mas perdeu a beleza e o encantamento dos seus cordões. Nem Pitombeira nem Elefante podem fazer marchas cantadas, porque a multidão que acompanha essas troças é dez vezes maior”.

Completando 25 anos em 1977, o Elefante saiu com 150 moças e rapazes devidamente trajados de acordo com o tema “O Elefante e a natureza”. Mais velha, chegando aos 30 anos, a Pitombeira desfilou com 140 figuras o seu “Carnaval da saudade”, uma homenagem aos compositores Nelson Ferreira, Capiba e Irmãos Valença, apresentando como enredo músicas que fizeram sucesso em festejos de Momo passados.

Na sua edição do balanço do carnaval de 1977, O Diario de Pernambuco de 24 de fevereiro daquele ano calculou em 60 mil o número de pessoas que foram prestigiar os desfiles das duas agremiações olindenses. “Foi o carnaval participação. O carnaval onde o povo se comprimiu nas ruas estreitas e ladeiras pedregosas, onde não policiamento, porque todo mundo procura brincar em ordem”.

Os desfiles de Pitombeira e Elefante ficaram devidamente registrados para a história graças a um pequeno documentário produzido pela Agência Nacional, com colaboração da Sudene. Com o título “Nordeste: uma região de turismo – O carnaval em Olinda (PE) em 1977″, o filme dois minutos e 33 segundos mostra, ao som dos hinos das duas troças, aspectos de uma festa onde as agremiações ainda conviviam com os foliões.