m_916FOTG-B707 CS-TBA em voo-1966

Boeing 707 que fez o voo inaugural Recife Lisboa – Crédito: TAP/Divulgação

Há 50 anos, Pernambuco e o Nordeste voltavam a ficar mais próximos de Portugal. Batizado com o nome de “Santa Cruz”, o Boeing 707-320B da Transportes Aéreos Portugueses (TAP), prefixo CS-TBA, aterrissou no Aeroporto Internacional dos Guararapes às 5h10 de 19 de abril de 1967. Com capacidade para até 170 passageiros, o primeiro avião a jato de transporte aéreo a ser um sucesso comercial trazia a bordo uma comitiva de 51 convidados para a celebração do primeiro voo da rota ofical entre Recife e Lisboa. O primeiro a descer foi dom Policarpo da Costa Vaz, bispo de Guarda, da província portuguesa da Beira Alta, seguido do presidente da TAP, Antonio Vaz Pinto e da comitiva formada por industriais, comerciantes, professores, jornalistas e presidentes de câmaras de províncias lusitanas.
Os convidados portugueses cumpriram uma programação de três dias em Pernambuco, com visitas ao poder público (Prefeitura do Recife e Assembleia Legislativa), a fábricas (da Coperbo e da Rum Bacardi), a instituições (Museu do Açúcar) e comes e bebes em recepções no Gabinete Português de Leitura e no Clube Português, com direito a show de frevo, maracatu e caboclinho. Todos foram agraciados com a medalha comemorativa dos 430 anos da fundação do Recife. Partiram como pioneiros de uma relação que é celebrada até hoje.

Serviço de bordo da TAP, na primeira classe, na época 1965-1969. Crédito: TAP/ Divulgação

Serviço de bordo da TAP, na primeira classe, na época 1965-1969. Crédito: TAP/ Divulgação

No início, os voos ligando o Recife a Lisboa eram realizados sempre às quartas-feiras, com chegada à capital pernambucana às 5h10 e partida para a capital portuguesa às 20h55. A viagem durava, em média, dez horas. A bordo, os passageiros podiam fumar e eram servidos em copos de vidro e pratos de porcelana, degustando canapés e azeitonas e queijos no palito.
“A linha Recife-Lisboa está fadada a grande êxito, tendo em vista a receptividade obtida em toda a região, que será, assim, beneficiada com as viagens diretas do Recife à capital lisboeta”, registrou o Diario de Pernambuco na sua edição de 6 de abril, quando um coquetel no Clube Português celebrou a abertura da rota.
No dia 24 de maio de 1967 foi a vez dos pernambucanos embarcarem em caravana para Lisboa, a convite da TAP, para um roteiro de oito dias na Europa. Na lista constavam o prefeito do Recife Augusto Lucena, comandante do IV Exército, o presidente da Assembleia Legislativa, o presidente do Tribunal de Justiça, o reitor da UFPE e jornalistas, além do sociólogo Gilberto Freyre.
O general Castelo Branco, que comandava o país na ditadura que já durava três anos já estava dentro do avião que veio do Rio de Janeiro. O presidente militar criou uma saia justa para a TAP por viajar com quatro assessores que não estavam na lista da companhia aérea.