Em 9 de fevereiro de 1875, uma terça-feira, o carnaval chegava ao seu último dia e o Diario de Pernambuco registrava o fato em duas notas na segunda página da sua edição. A festa contagiava, mas para o jornal as notícias da corte tinham mais importância. O interessante é que a primeira nota carnavalesca era, na verdade, uma publicidade disfarçada. Para o entrudo d’água, hábito em voga na época herdado dos portugueses de jogar o líquido nos outros, eram utilizados vasilhames, jarras e seringas. Depois do banho no incauto, o complemento poderia ser cruel: lama, farinha, goma, barro, cal, frutas e ovos podres e até urina. A nota do Diario oferecia uma sugestão de civilidade: o uso de “bisnagas”, uma “cabacinha de chumbo” com “espírito aromático”. Seria uma receita contra o “embrutecimento” do folguedo.
A segunda nota fazia um balanço do carnaval daquele ano, destacando que os maracatus – já bem organizados à época – estavam priorizando o luxo e a crítica que diverte. Prosseguia com o roteiro das festas e celebrava que o entrudo d’água não era tão praticado quanto antes. Não teria havido, até aquele momento, ocorrências desagradáveis. Estaria o pernambucano a caminho de um banho de civilidade?