Josephine Baker cartaz - 1952

Se o Recife hoje está na rota das grandes atrações internacionais, a situação era bem diferente no início da segunda metade do século passado. Tanto que, em 16 de agosto de 1952, o Diario de Pernambuco trouxe na sua edição do dia, um sábado, praticamente um pôster anunciando a presença da cantora Josephine Baker, a “Cleópatra do Jazz”. A mais famosa “vedette” mundial iria fazer duas apresentações no Teatro de Santa Isabel, como transmissão exclusiva pela Rádio Tamandaré, então dos Diários Associados. Depois da audição de estreia, Josephine Baker ainda iria dar o ar da graça nos salões do Náutico Capibaribe.

Nascida em 1906 em Saint Louis, nos Estados Unidos, Josephine naturalizou-se francesa em 1937. Foi em Paris que criou fama com suas apresentações de canto e dança, em performances que incluíam pouca roupa. O figurino consistia numa saia feita de bananas. Após a segunda guerra mundial, quando foi condecorada por ter atuado na resistência contra os nazistas, Josephine percorreu o mundo, engajando-se na luta contra o racismo.

Josephine Baker show 1952

Quando chegou ao Recife, estava no auge da popularidade e muito bem vestida. Por isso que o Diario destacou, na sua capa de 17 de agosto de 1952, um domingo, uma sequência de fotos da artista em atuação no Santa Isabel. O texto-legenda justificou a manchete pouco usual para os padrões do jornal:

Marcou um sucesso sem precedentes, jamais igualado na história artística do Recife, a sensacional estreia de Josephine Baker ontem à noite, ao microfone da Rádio Tamandaré. A fama da “vedette” negra, que durante vários anos vem empolgando as mais exigentes plateias da França, Estados Unidos, Inglaterra e diversos outros países, com a sua fabulosa personalidade e o encanto de sua arte, decerto permanecerá inesquecível para o público pernambucano que ontem superlotou todas as dependências do Santa Isabel, onde todos aproveitavam a deslumbrante apresentação. À medida que executava cada número, Josephine Baker era aplaudida delirantemente como jamais o foi qualquer artista apresentado no velho teatro, nesses últimos anos. As fotos que acima publicamos foram colhidos por ocasião da notável estreia. Josephine Baker realizará, hoje à noite, sua apresentação de despedida do nosso público artístico.

Josephine Baker show 1952  detalhe

O Brasil permaneceu na vida de Josephine Baker e até na sua morte. Obedecendo a um pedido dela, que faleceu em abril de 1975, o diretor do Teatro Bobino, onde a vedete continuou subindo ao palco, agendou a primeira apresentação de um grupo tupiniquim escolhido pela musa negra: os Dzi Croquetes.