São 201 páginas de um verdadeiro roteiro cinematográfico de uma história real. Em junho de 1941, os alemães invadem a Ucrânia. Todos sofrem com o horror do nazismo, inclusive os jogadores do Dínamo de Kiev, um dos melhores times da União Soviética e da Europa no pré-guerra. Os que sobrevivem acabam trabalhando numa padaria e têm a permissão para voltar a jogar futebol. Vencem todos os jogos contra os escretes dos dominadores, o que acaba resgatando o orgulho dos ucranianos. A situação não iria durar muito.
No dia 6 de agosto de 1942, os agora padeiros bateram a seleção da Luftwaffe, a força aérea nazista, por 5 a 1. Houve pedido de revanche. Antes disso, os jogadores do Start foram visitados por oficiais alemães para lembrar que uma nova vitória do time de vermelho seria inadmissível.
Em 9 de agosto de 1942, o time do FC Start, cujo nome tem o mesmo significado da palavra inglesa, entra em campo para enfrentar novamente o escrete da Luftwaffe. O resultado não é difícil de imaginar e está muito bem contado no livro Futebol & Guerra (Jorge Zahar Editores). O escocês Andy Dougan fez um belo trabalho de pesquisa e acabamos vestindo também a camisa do Start. É futebol, mas também a vida em jogo. O resultado final, 5 a 3 para o “time da casa”, já tinha um desfecho esperado.
O Start era formado por oito jogadores do Dínamo de Kiev e três do Lokomotiv. No dia 18 de agosto, nove foram presos, torturados e mortos pela Gestapo. O restante da equipe foi mandado para campos de trabalhos forçados. Os que sobreviveram se tornaram parte de uma lenda. Sorriram por último. Dentro e fora dos gramados.