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Gabriel Vinicius, Daid Cipriano, Blenda Fernanda, Vinicius Costa e Paulo Ricardo Silva atuam na Erem Mania - Foto: Rafael Martins/DP

Gabriel Vinicius, Daid Cipriano, Blenda Fernanda, Vinicius Costa e Paulo Ricardo Silva atuam na Erem Mania – Foto: Rafael Martins/DP

Caros ouvintes, esta é uma rádio com toda a educação

Experiência de escola de ensino médio integrou os alunos, que antes se isolavam com seus fones de ouvido nos intervalos

A campainha anuncia que a hora do intervalo chegou. Aos poucos, os estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio Álvaro Lins, em Nova Descoberta, começam a deixar as salas de aula e a encher as áreas comuns do colégio. Os cantos dos corredores são os lugares preferidos dos adolescentes. As caixas de som instaladas nas paredes são o motivo da preferência. De lá, saem as músicas da Erem Mania, a rádio da unidade de ensino. Criada em 2010, a “emissora” tornou-se parte da rotina escolar e, hoje, é um dos espaços preferidos dos estudantes, que protagonizam o processo de planejamento e execução dos programas.

Diariamente, em três horários, um grupo de aproximadamente 40 alunos se reveza para controlar a mesa de som, soltar as músicas e fazer a locução dos programas. A primeira transmissão vai ao ar das 10h às 10h20. Os alunos radialistas voltam a colocar a rádio no ar no horário de almoço dos estudantes, das 12h às 13h. O último programa é veiculado das 15h30 às 15h50. “Toda a programação e músicas que vão ao ar são pensadas e discutidas pelos alunos. Eles fazem isso orientados, mas com autonomia. É um espaço que eles cuidam com muito carinho”, conta a professora Telma Chéa, orientadora do projeto.

Participar da rádio é como um prêmio para os estudantes. Quem atua no projeto “perde” a hora do intervalo para comandar a transmissão. Segundo o estudante Vinícius Costa, 17, que controla a mesa de som, vale a pena passar o recreio na sala da Erem Mania. “A gente aprende, conversa e brinca aqui. Não sinto falta de passar o intervalo no pátio, pois fico feliz em ver as pessoas comentando e colaborando com a rádio, pedindo músicas”, diz.

O aluno lembra que a música que mais fez sucesso durante as transmissões foi Sorry, do cantor canadense Justin Bieber. “Todo mundo cantou em coro quando começou a tocar na rádio”, recorda Vinícius. A programação musical da rádio é dividida por gênero. Às segundas, o tema é Som da periferia. É o dia do brega, rap e hip hop. O programa Falando de amor vai ao ar às terças, com canções românticas e MPB. Nas quartas, é a vez do rock, reggae e música eletrônica. Conexões religiosas é o programa da quinta-feira e a semana escolar é encerrada nas sextas com forró e sertanejo.

Além das músicas, os alunos usam a rádio para divulgar avisos escritos pela gestão, anunciar simulados que acontecem na escola e informar eventos que serão realizados. As mensagens chegam a todos os corredores e pátios. Pelas ondas do rádio, a escola conseguiu transformar o dia a dia dos alunos. “Percebemos que o comportamento deles melhorou bastante. O isolamento dos alunos na hora do intervalo diminuiu. Antes,muitos ficavam separados, cada um com seu fone de ouvido. Agora, eles ficam mais próximos. Com isso, os sentimentos de coletividade e respeito aumentaram”, destaca o gestor da da Álvaro Lins, Bruno Arruda.

Vantagem de trabalhar conteúdo de forma lúdica e interdisciplinar

Implantar uma rádio no ambiente escolar vantagens não só para os estudantes, mas para toda a comunidade. Para os gestores, a rádio escolar pode ser um importante canal de comunicação, com a possibilidade de fazer os avisos circularem com maior facilidade. A oportunidade de trabalhar conteúdos de forma mais lúdica e interdisciplinar é a grande vantagem para os professores.

O aumento da interatividade por meio da rádio, no entanto, exige o desenvolvimento de habilidades específicas pelos usuários, sobretudo no contexto educacional. É preciso que professores e gestores definam com clareza os objetivos da emissora. Criar uma rádio escolar não é só brincadeira, e o processo de aprendizagem precisa ser bem planejado.

Para criar uma rádio voltada para fins educacionais, é importante que exista uma gestão coletiva e democrática dos recursos, da programação e da execução para que ela represente todos os envolvidos na escola. “A rádio contribui para o exercício da cidadania e propicia a construção do conhecimento de forma lúdica e divertida para os alunos, mas não pode ser um trabalho solto. É importante que o professor que coordena o projeto esteja sempre por perto, promovendo reuniões e traçando metas”, ressalta a coordenadora da Erem Maria, rádio da Escola Estadual Álvaro Lins, Telma Chéa.

“Não sinto falta de passar o intervalo no pátio, pois fico feliz em ver as pessoas comentando e colaborando”
Vinícius Costa, 17 anos

que controla a mesa de som

[ 5 passos para ter uma rádio escolar

1. Abrindo caminhos

A gestão precisa discutir previamente como o projeto será desenvolvido na escola. Qual será o público alvo? Quem vai elaborar os programas? Que tipo de conteúdo será veiculado? Como o projeto será viabilizado? São perguntas que devem ser respondidas pelo corpo gestor.

2. Escolhendo a equipe

Professores interessados em usar a rádio escolar devem colaborar no processo de construção do projeto. Neste momento, é importante definir quem será o coordenador do espaço e quais serão as funções de cada um dos envolvidos.

3. Definindo conteúdos

Nesta etapa os estudantes devem ser convocados a participarem da criação da rádio. A adesão deve ser espontânea e não forçada. Com eles, discuta os conteúdos propostos e faça votações para definir como a rádio será usada e os programas que serão veiculados.

4. Viabilizando a infraestrutura

Sabendo quantas pessoas vão atuar e os conteúdos que serão veiculados, organize o espaço para receber a rádio. Computador, microfone, caixas de som, mesa de som, softwares de edição de áudio e ar-condicionado são alguns dos materiais necessários.

5. Divulgando a rádio

Cartazes, redes sociais e comunicados nas salas de aula podem ser usados para divulgar a criação da rádio. A escola pode criar um painel de sugestão dos ouvintes para que eles possam opinar sobre a programação.