Do jardim nascem vidas saudáveis

Projeto FloreSer, desenvolvido por alunos e professores de escola em Serra Talhada, modifica hábitos de estudantes através do cultivo de plantas

Na entrada da Escola Técnica Estadual Clóvis Nogueira Alves, em Serra Talhada, situada a 415 km do Recife, no Sertão de Pernambuco, um relógio de plantas chama a atenção de alunos e dos visitantes. Cada ponteiro indica um órgão do corpo humano. Nas “horas”, é possível encontrar plantas mediciais indicadas para a cura de doenças daquela parte do corpo. Construído durante as ações do projeto interdisciplinar FloreSer, o “relógio vivo” faz parte de um grande jardim construído em áreas até então ociosas da escola. Com o objetivo de conscientizar sobre a importância do meio ambiente por meio do cultivo de flores e de outras plantas para ornamentação, o projeto conseguiu ainda inserir hábitos saudáveis no cotidiano dos estudantes.

“Colocamos em prática o conhecimento estudado em sala de aula, o que tem sido muito divertido. Além disso, aprendemos a valorizar determinadas plantas, que, antes, não conhecíamos”, contou o estudante do terceiro ano do ensino médio, Daniel Wilho, 18. “Tenho boas lembranças do projeto. Aprendi a preparar o solo, cultivar e aplicar plantas medicinais em casos práticos”, completou o ex-aluno do curso técnico em edificações Guilherme Carvalho, 19, que hoje trabalha vendendo plantas ornamentais em Serra Talhada.

Durante a execução da iniciativa, os estudantes do curso de edificações elaboraram o projeto técnico da área a ser plantada. Os de logística ficaram encarregados de organizar as equipes para o trabalho. Já os de agropecuária prepararam o terreno, sementes e mudas. “Todos executam o plantio e a irrigação. Agora, temos um ambiente bem cuidado, florido e limpo, e ainda promovemos uma feira divulgando o projeto e distribuindo mudas. O FloreSer foi construído através de uma parceria entre professores e estudantes, promovendo a integração entre os cursos e a oportunidade de conciliar teoria e prática”, disse o professor de física e matemática Orlando Teles.

“Esperamos que os estudantes possam colocar em prática os conhecimentos adquiridos durante o curso técnico, ficando em contato direto com questões que encontrarão durante a vida profissional. Além disso, esse tipo de inovação cria relações entre os cursos da escola, proporcionando aos estudantes uma educação mais completa e que atende às demandas das comunidades nas quais estão inseridos”, pontuou a professora Stella Santos, que participou da criação do projeto.

Iniciativa busca financiamento para continuar

FloreSer já teve 60% de sua execução financiados

De acordo com os organizadores, cerca de 60% do projeto já foram financiados, e a escola tem apenas 18 dias para conseguir os 40% restantes. Caso o valor não seja atingido no prazo, as doações já feitas serão devolvidas.

A organização não-governamental Somos Professores ajuda educadores da rede pública a financiarem os projetos que desenvolvem nas escolas. Para começar, o professor deve acessar o site www.somosprofessores.org e se cadastrar. Depois de preencher o cadastro, o docente pode enviar projetos para serem financiados. Fotos e descrições devem ser inseridas. É preciso informar também o material necessário para a iniciativa, que será orçado.

Uma equipe da ONG analisa e orça cada um dos projetos antes de lançá-los no site e nas redes sociais. Os usuários do site podem escolher um dos projetos disponíveis e fazer a doação por cartão de crédito, boleto ou transferência bancária. Se a iniciativa for financiada, a Somos Professores compra todo o material listado e entrega ao educador. As imagens são enviadas aos doadores. Caso o projeto não seja financiado, o valor da doação é devolvido integralmente a todas as pessoas que contribuíram.