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Celulares usados para transformar em imagens as 16 páginas de roteiro adaptado do livro "A noiva da revolução". Fotos: Peu Ricardo/Esp. DP

Celulares usados para transformar em imagens as 16 páginas de roteiro adaptado do livro “A noiva da revolução”. Fotos: Peu Ricardo/Esp. DP

Luz, câmera e a revolução de 1817

Escola de Referência em Ensino Médio Olinto Victor, na Várzea, produzem curta-metragem baseado no episódio que se tornou a data magna do estado

Gervásio Pires, Cruz Cabugá e Frei Caneca. Até pouco tempo, os alunos da Escola de Referência em Ensino Médio Olinto Victor, na Várzea, diriam apenas que esses nomes são ruas do Recife. Quando o ano letivo de 2017 teve início, os estudantes desconheciam a história dos personagens ligados à Revolução de 1817, movimento que estabeleceu a primeira república do Brasil e que completou 200 anos no dia 6.

Para ensinar aos adolescentes sobre esse capítulo pouco conhecido da história, o professor de artes e direitos humanos da escola, Ederval Trajano, decidiu não só explicar o assunto, como estimular os alunos a produzirem um filme sobre a revolução. “Nossos livros didáticos os autores pouco abordam a revolução pernambucana. Estava mais do que na hora de resgatar essa história, e o bicentenário foi o gancho que faltava para trazer a temática à sala de aula”, explicou o professor.

A estudante do segundo ano do ensino médio Isabele Lucena, 18, ficou responsável pelo roteiro do curta-metragem. Leu, em duas semanas, a obra A noiva da revolução, de Paulo Santos de Oliveira, que inspirou o filme. “Transformei as 383 páginas do livro em um roteiro de 16. Como eu já tinha lido os livros e roteiros de Game of thrones e Harry Potter, usei essas obras como inspiração para o meu trabalho”, disse.

Já Maria Cecília França, 15 anos, usou a descrição feita no livro sobre Maria Teodora da Costa para compôr sua personagem no curta: a noiva. “Quando li, me identifiquei com o lado feminista dela”, contou. O filme, intitulado Amor, revolução e liberdade, foi apresentado no último dia 6 para a comunidade escolar em comemoração ao bicentenário da Revolução de 1817. O curta é o mais recente de uma série de filmes já produzidos sob a coordenação do professor Ederval Trajano. Aos 44 anos, sendo mais de duas décadas dedicadas ao ofício de professor, ele leva a paixão pessoal pela sétima arte à sala de aula desde quando começou na carreira.

Ederval orienta alunos a produzirem seus filmes

Ederval orienta alunos a produzirem seus filmes

Sob o olhar atento do professor, os estudantes são orientados a roterizar, produzir, atuar, filmar e editar as produções audiovisuais. O último trabalho antes do filme inspirado no romance A noiva da revolução foi exibido na Casa da Cultura de Jaboatão dos Guararapes e recebeu o título Vlado: 40 anos de saudades. O tributo ao jornalista Vladimir Herzog, morto na ditadura militar, representou a realização de um sonho do professor. “Foi um momento muito especial e que me deu gás para continuar produzindo com os estudantes”, afirma.

Ederval sonha mais alto. Quer ver um filme produzido por seus alunos exibido na telona de um grande cinema. “Sonho mesmo em ver um filme nosso no São Luiz”, diz. No cinema da Rua da Aurora, o professor já perdeu as contas de quantos filmes assistiu desde a infância. Foi onde surgiu a paixão por audiovisuais.

Concurso para rever o passado

Rafael Francisco e Maria Cecilia: protagonistas

Rafael Francisco e Maria Cecilia: protagonistas

Estimular a reflexão sobre o movimento revolucionário de 1817 é o principal objetivo do concurso cultural Revolução de 1817: Pernambuco na luta pelos ideais republicanos, que a Secretaria Estadual de Educação está promovendo entre os estudantes da rede. As inscrições para o concurso para produções audiovisuais e redações já estão abertas e seguem até o dia 26 de maio.

Podem participar estudantes regularmente matriculados nos anos finais do ensino fundamental; no ensino médio; na Educação de Jovens e Adulto e nos projetos de correção de fluxo das escolas públicas da rede estadual de ensino. O concurso tem duas categorias: vídeo (curta metragem) e redação.

As escolas podem inscrever quantos trabalhos desejar, mas cada estudante pode participar apresentando apenas um trabalho na categoria escolhida. As produções devem ser encaminhadas, contendo nome completo, nome da escola, nome do professor e o ano que está cursando, para o endereço da Secretaria de Educação de Pernambuco: Avenida Afonso Olindense, 1513, Bloco D, Gerência de Programas e Projetos Especiais, Várzea, Recife/PE, CEP 50810-000. Todos os trabalhos devemo ser postados, via Sedex, até 26 de maio.

O processo de seleção dos trabalhos ocorrerá em etapa única pela Comissão de Seleção Estadual. Doze projetos serão selecionados. O resultado com os vencedores deve ser divulgado no dia 12 de junho no site da secretaria (www.educacao.pe.gov.br).

Como trabalhar

Livros, sites e HQs

Um vasto material foi produzido em comemoração ao bicentenário da Revolução de 1817 e pode ser usado em sala de aula. As opções podem ser escolhidas a partir da faixa etária da turma. O romance A noiva da revolução pode ser usado no ensino médio. Já a versão em quadrinhos da obra, no fundamental. A HQ deve chegar às livrarias este ano. O hotsite Pernambuco, História & Personagens, (blogs.diariodepernambuco.com.br/historiape) reúne biografias de 50 nomes ligados à história do estado.

Bandeira revolucionária

A bandeira de Pernambuco é um dos principais legados da Revolução de 1817. Ela foi oficializada um século depois pelo governador Manuel Antônio Pereira Borba como um dos símbolos oficiais do estado. A cor azul do retângulo superior simboliza o céu pernambucano; a cor branca a paz; o arco-íris em três cores (verde, amarelo, vermelho) a união dos pernambucanos; a estrela caracteriza o estado no conjunto da Federação; o Sol é a força e a energia de Pernambuco. Já a cruz representa a fé na justiça e no entendimento.

Roteiro lembra batalhas

Além de ler sobre os assuntos, exercite os conteúdos fazendo questões de simulados e, principalmente, resolvendo as edições anteriores das provas Os fortes do Brum e das Cinco Pontas, a Praça da República e o Seminário de Olinda podem ser visitados pelas turmas com explicações dos professores. O Brum foi palco de conflitos do século 19. Já o Cinco Pontas foi cenário do estopim da revolução no dia 6 de março de 1817. Na Praça da República, pode-se ver o Monumento aos Heróis da Revolução Pernambucana de 1817, de Abelardo da Hora. No Seminário, os alunos podem conhecer o maior centro irradiador de ideias democráticas do país na época da revolução.do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Passeio por ruas e avenidas

Um tour por ruas e avenidas que receberam nomes de personagens da revolução pode ser uma boa oportunidade para ensinar sobre a Revolução de 1817. O passeio pode se concentrar no Centro do Recife. No bairro de Santo Antônio, a Rua Frei Caneca pode ser o local para uma aula sobre o padre que foi um dos secretários do Governo Provisório de Pernambuco. Na Avenida Cruz Cabugá, os alunos podem aprender sobre o diretor do Erário, uma espécie de ministro da Fazenda, do governo republicano.