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A cada semana de provas, a Miguel Batista imprimia até 30 mil folhas por mês, com um custo estimado em aproximadamente R$ 1 mil. Fotos: Paulo Paiva/DP

A cada semana de provas, a Miguel Batista imprimia até 30 mil folhas por mês, com um custo estimado em aproximadamente R$ 1 mil. Fotos: Paulo Paiva/DP

O admirável mundo novo da escola que não usa papel

Unidade técnica do bairro da Macaxeira aboliu antigo formato de provas, economizando recursos e liberando rápido as notas

Sentados lado a lado e com os olhos fixos em telas de computador, os estudantes de diferentes séries se misturam em uma das salas da Escola Técnica Estadual Miguel Batista, no bairro da Macaxeira, Zona Norte do Recife, na semana de provas. A imagem de alunos enfileirados e usando papel para responder as questões ficou para trás na escola, a primeira de uma rede estadual do país a eliminar completamente as avaliações impressas e a adotar um sistema de provas online para diminuir custos e otimizar o tempo de estudantes e professores.

Desde o início do ano letivo de 2017, a escola trocou definitivamente o papel por computadores depois que o professor e coordenador do curso informática e redes, David Remigio, calculou o desperdício de papel ofício durante uma semana de provas. Para realizar as avaliações, a escola imprimia de 25 mil a 30 mil folhas
por mês. Se uma resma de papel é vendida por cerca de R$ 18, a quantidade representava um custo mensal de aproximadamente R$ 1 mil.

O susto com o alto custo e com o impacto no meio ambiente fez o professor procurar uma solução criativa, tecnológica e sustentável para o problema. Após quase um mês de pesquisa, chegou à plataformagratuita Moodle, que é usada por centros de estudos em Educação a Distância (EAD) para criar um ambiente virtual de avaliação. Com o apoio da gestora da unidade de ensino, Sheila Ramalho, conseguiu colocar a ideia em prática em dois meses.

Professor David Remigio propôs fim do desperdício

Professor David Remigio propôs fim do desperdício

Em fevereiro deste ano, os cerca de 500 alunos da unidade de ensino participaram de um teste do sistema. Fizeram uma atividade sem valer nota na plataforma. O sucesso foi imediato, e a escola passou a adotar a prova online. “Todos os estudantes e professores foram cadastrados e têm login e senha. No dia da prova, o
aluno acessa a plataforma em um de nossos laboratórios. Em uma mesma sala, pode ter um aluno do primeiro ano ao lado de um do terceiro. Não há divisão por turma, já que cada um vai ter acesso individual à sua prova”, ressalta Sheila. “Além da economia de papel, as provas online se tornam mais atrativas para alunos e professores. É uma prova que fala a língua dos estudantes, que a consideram mais dinâmica. Para os docentes, a grande vantagem é a diminuição no tempo de correção das provas”, completa David.

Na opinião do estudante do segundo ano do ensino médio Mateus Lima, 15 anos, a redução no tempo para saber a nota é a principal vantagem do novo modelo de avaliação. “Sou muito ansioso, então eu ficava esperando com apreensão as notas de uma prova. Antes, o resultado só chegava com pelo menos uma semana, que era o tempo que o professor levava pra corrigir. Agora, em até dois dias, temos a nota”, afirma. Os resultados saem mais rápido porque, ao enviar as questões e gabarito ao setor que cria as provas na plataforma, os professores têm acesso imediato às notas quando o aluno termina de responder aos quesitos propostos. O tempo só é maior quando há questões abertas na avaliação. “Mesmo quando tem questões abertas, essa nova forma é bem mais interessante, pois é mais rápido e fácil responder no computador”, opinou a estudante Beatriz Santos, 15 anos.

“Cola” é praticamente impossível

Alunos de turmas diferentes fazem as provas que têm questões “embaralhadas”

Alunos de turmas diferentes fazem as provas que têm questões “embaralhadas”

Além de representar economia de tempo e custos para a escola, a adoção da avaliação digital faz com que a chance de os estudantes copiarem as respostas de um colega na prova seja anulada. Na plataforma, cada professor disponibiliza 20 questões, mas apenas dez são aleatoriamente selecionadas para compor a avaliação de cada aluno. O sistema permite ainda que as alternativas de questões de múltipla escolha mudem de posição em cada computador.

Como as questões são misturadas, não existe o mesmo tipo de prova em uma sala. Alunos de turmas diferentes fazem a avaliação no mesmo laboratório, o que diminui ainda mais a tentativa de “colar”. O estudante do terceiro ano do ensino médio Natan Lima, 17, disse que a novidade fez com que os alunos deixassem de filar. “É um método que inviabiliza a cópia de respostas dos colegas, pois o aluno que está ao seu lado pode ser de outra série”, afirma.

DINAMISMO

O tempo da prova para todos os estudantes é de uma hora. Os alunos acompanham os minutos restantes em um cronômetro que aparece na tela. Após o término do prazo, a plataforma fecha automaticamente, e o gabarito é divulgado. O programa envia aos professores um relatório com todas as notas já contabilizadas, caso as provas tenham sido elaboradas com perguntas fechadas. “É uma forma de preparar os estudantes para realização de provas como Enem e concursos, pois eles aprendem a calcular o tempo de execução das questões”, pontua o professor David Remigio.

Cinco vantagens da avaliação online:

1. Economiza papel

Além de não precisar imprimir e distribuir a prova aos alunos, a ação poupa árvores e ajuda na conservação do meio ambiente.

2. Otimiza o tempo

O professor pode configurar a prova para que ela gere a nota sozinha. Assim, o tempo de correção de prova pode ser usado para outras atividades.

3. Reduz custos

Aplicar provas virtuais gera uma economia de papel e tinta de impressora. A escola pode poupar ao dispensar esses recursos.

4. Maior segurança

A partir do banco de questões, cada aluno recebe uma seleção aleatória de perguntas, então a chance de o estudante conseguir colar é praticamente nula.

5. Menos tempo

Como não é preciso distribuir as provas, o tempo de realização da avaliação diminui. Com isso, os estudantes aprendem também a controlar o tempo de resposta para cada questão, competência exigida em exames como o Enem.