Perguntar sempre é melhor resposta
Por que nosso bairro sempre alaga quando chove?” A pergunta feita por estudantes há três anos em sala de aula inquietou o professor de geografia Ruy Parahyba. A primeira resposta foi porque o bairro de Jardim Brasil 1, onde a Escola de Referência em Ensino Médio Desembargador Renato Fonseca está localizada, fica abaixo do nível do mar. Mas os alunos queriam mais detalhes sobre aquele problema que afetava a comunidade. O professor não sabia a resposta exata, reconheceu isso e lançou um desafio aos estudantes. “Vamos descobrir juntos?”, perguntou. Assim foi formado o grupo de pesquisas Incentivo, que desvendou o motivo de o bairro de Olinda se encher de água durante o inverno.
Com a provocação do professor, oito alunos passaram a procurar nas ruas de Jardim Brasil 1 indícios das causas das inundações. Durante as expedições, depararam-se com mananciais aterrados e lixo em canaletas. Ocupações irregulares e despejo incorreto de esgoto também foram encontrados. Cruzaram a realidade encontrada no bairro com dados de mapas e fotografias antigos e com informações do Plano Diretor de Olinda.
“Percebemos três pontos de estrangulamento e também identificamos que as lagoas do bairro foram aterradas. Esses são os principais motivos das enchentes”, afirma o aluno do terceiro ano do ensino médio Jeferson Silva, 18.
Apenas saber o motivo dos alagamentos, porém, não satisfez os alunos. Eles queriam mais. Desejavam mudar essa realidade. “Foi quando iniciamos a segunda fase do projeto. Este ano, fizemos um complemento dele, oferecendo educação ambiental à comunidade, já que o lixo é descartado na rua pelos moradores. Também entregamos uma cópia dos resultados à prefeitura para que as providências que sugerimos fossem tomadas”, destaca o estudante Joel Freire, 16.
Entre as soluções apontadas pelos adolescentes estavam a construção de habitacionais para a retirada de moradias irregulares, a desobstrução de pontos críticos de alagamento e a recuperação de áreas aterradas.
O engajamento dos estudantes em transformar a realidade já foi reconhecida nacional e internacionalmente. Bicampeã no Ciência Jovem (uma das maiores competições científicas do país), a escola ganhou em primeiro lugar na categoria Incentivo à Pesquisa da edição deste ano com o projeto Alagou onde há lagoas. Com isso, saiu do evento credenciada a participar da Milset Internacional, que acontecerá em Fortaleza, em agosto de 2017.
Também no próximo ano, o projeto será apresentado em Santiago, no Chile. Em 2016, o trabalho representou Pernambuco no México. “Tudo isso surgiu da inquietação e do protagonismo deles. Eles provam que o estudante de escola pública pode fazer trabalhos de qualidade internacional. Esses resultados elevam a autoestima deles”, pontua o professor Ruy Parahyba.
Protagonistas da transformação
Projetos que colocam os estudantes como protagonistas no processo de mudança social podem ser premiados pelo movimento global Criativos da Escola. A premiação encoraja crianças e jovens a transformarem suas realidades, colocando-os como protagonistas de suas próprias histórias de mudança.
Iniciativas como a da Escola de Referência em Ensino Médio Desembargador Renato Fonseca podem participar do desafio proposto pela organização. Podem concorrer educadores e alunos (ensinos fundamental e médio) de escolas públicas ou privadas de todo o país. Também podem ser inscritos projetos de organizações não-governamentais e associações comunitárias.
Como seus alunos podem liderar uma mudança social, começando pela própria comunidade? Pense em um projeto pedagógico com esse tema para o ano letivo de 2017 e inscreva no Criativos da Escola. São premiadas ações que se destacaram nos seguintes critérios: protagonismo, impacto social, empatia e trabalho em equipe.
“O protagonismo, a empatia, a criatividade e o trabalho em equipe são os pilares centrais (do Criativos da Escola), que busca envolver e estimular educandos e educadores de diferentes áreas no engajamento e na atuação em suas comunidades”, enfatiza o movimento global que surgiu na Índia e está presente em 35 países.
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Realize atividades interativas com o objetivo de sensibilizar os colegas e a comunidade escolar;
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Identifique os potenciais dos alunos e o que cada pessoa mais gosta de fazer;
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Junte-se para trocar ideias e possibilidades de ações;
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Crie novas redes e estabeleça parcerias com movimentos e organizações do poder público e da sociedade civil;
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Possibilite o engajamento dos alunos para que eles se reconheçam como multiplicadores do projeto para a comunidade escolar;
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Use as mídias sociais (blog, canal no YouTube, Instagram, Facebook, entre outras).
Fonte: Criativos da Escola (www.criativosdaescola.com.br)