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Foto: Peu Ricardo/DP

Foto: Peu Ricardo/DP

Quando o fardamento dá lugar ao figurino

Projeto de artes cênicas e dança muda a realidade de alunos de escola do ensino médio em Beberibe

No palco, os estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio Beberibe são atores e bailarinos. Por causa do projeto pedagógico Fulôres de Palco, trocam o lápis por máscaras. A farda é substituída pelo figurino do espetáculo, e as professores viram diretoras de cena. O projeto de artes cênicas e dança da escola vem transformando, desde 2011, a realidade de alunos do ensino médio, que passaram a trabalhar melhor em equipe e aumentaram a autoestima graças à ação coordenada pelas professoras de artes Lilian Pinto e de educação física Ediane Ramos.

O grupo artístico é formado por 25 alunos das três séries do ensino médio. Para realizar o espetáculo, eles se dividem em duas equipes: a de produção e a de atores/bailarinos. “No início do ano letivo, fazemos uma seleção na escola. Os alunos se inscrevem e realizamos um teste prático e entrevistas. Os selecionados sabem que não estão participando do grupo apenas para dançar, mas para aprender”, afirma a professora de educação física. “Além do ensaio das coreografias, temos aulas teóricas, onde eles aprendem conceitos de dança e artes cênicas, além de participarem de palestras, debates e realizarem pesquisas sobre o tema do espetáculo”, completa a professora de artes.

Este ano, o Fulôres de Palco está ensaiando a peça Navio Negreiro – inspirada no poema homônimo de Castro Alves -, que exalta a cultura afro. O espetáculo deve estrear no próximo ano, mas o grupo já acumula convites para apresentações. Em junho deste ano, os alunos viajaram para Fortaleza, onde participaram do Festival Internacional de Dança de Fortaleza (Fendafor). Eles apresentaram trechos da atração do próximo ano. “Foi a primeira viagem de avião de muitos deles, que veem as viagens interestaduais como uma recompensa do trabalho que fazem no grupo”, destaca Ediane.

Além de poderem sair do estado, os estudantes acumulam outras conquistas participando do projeto. “Entre os resultados que alcançamos está a melhora na autoestima dos estudantes. Percebemos ainda que eles resgatam os valores do trabalho em equipe e do respeito às diferenças. Outro ganho importante é o conhecimento de mundo deles, que aprimora consideravelmente”, pontua Lilian.

Foto: Peu Ricardo/DP

Foto: Peu Ricardo/DP

O estudante Luiz Fernando Soledade, de 19 anos, conta que o projeto teve impacto direto em seu desempenho escolar. “Quando minha mãe me matriculou nesta escola, fiquei revoltado. Queria continuar na que eu estudava. Meu rendimento caiu e meu comportamento estava péssimo. Como eu não queria ficar na escola, não gostava de estudar. Tudo mudou quando entrei no projeto. As professoras cobram boas notas e bom comportamento como contrapartida para continuar no grupo. Hoje, me sinto parte da comunidade (escolar) e mudei completamente minha relação com a escola e com os estudos”, revela.

 

Redescobrindo a beleza de ser quem é

 

Caroline Maria da Silva, 19 anos, chegou tímida ao Fulôres de Palco. Os cabelos eram alisados, e ela mal conseguia falar em público. Participar do grupo artístico foi como um divisor de águas na história dela. A partir das aulas teóricas que antecedem os ensaios para as apresentações, descobriu-se negra. O que parecia óbvio pela cor da pele era desconhecido pela identidade. “Eu não me sentia negra. Com as aulas e os espetáculos, descobri minha raiz africana e isso fez tudo em mim mudar”, conta.

Caroline Maria usa o nome artístico de Carol Mariá - Foto: Peu Ricardo/DP

Caroline Maria usa o nome artístico de Carol Mariá – Foto: Peu Ricardo/DP

A mudança interior pode ser percebida externamente nos cabelos dela. “Fiz transição capilar e, hoje, me aceito e me acho até mais bonita do que antes”, diz. Agora, a estudante exibe os cachos, acompanhados de um turbante, com orgulho. “Saber que posso ser eu mesma é a melhor parte de tudo isso”, confessa. A confiança de quem se aceitou fica clara nos passos de Caroline, que usa o nome artístico Carol Mariá, no palco. Segura, ela se destaca e chama a atenção enquanto dança músicas africanas.

Com a aceitação, a timidez ficou para trás. “As expressões culturais têm disso. Quem participa de um projeto assim muda e consegue colocar para fora algo que tem preso dentro de si. Pude me conhecer enquanto pessoa”, revela. Além das transformações no comportamento e na autoestima, a atuação no Fulôres de Palco mudou ainda os planos profissionais da estudante. “Quero estudar artes cênicas e continuar fazendo em outros espaços o que faço aqui”, afirma.

[ 5 jogos e exercícios teatrais para fazer em sala de aula

1. Zip-zap-boing

Faixa etária: a partir de 8 anos

Objetivo: aquecimento corporal em roda e atenção

Como jogar:

Regra 1: o jogador olha para outro e manda um dos estímulos: zip (para qualquer um da roda acompanhado de palma), zap (palma que só pode ser passada para quem está ao seu lado na roda) ou boing (movimento redondo feito com o quadril, que devolve comando pra quem mandou).
Regra 2: não se pode passar o mesmo sinal que recebeu.
Regra 3: antes do sinal, aluno deve falar o nome.

2. Fuga silenciosa

Faixa etária: a partir de 10 anos

Objetivo: aquecimento e relação com o espaço

Como jogar: A ideia do jogo é fazer todos andarem pela sala e ocupar espaços vazios. Para isso, o jogador deve escolher um companheiro mentalmente e fugir dele sem que ele perceba. Depois, ao comando do professor, vai acrescentando outras pessoas para fugir até ficar escapando de cinco pessoas.

3. Pega pega em câmera lenta

Faixa etária: a partir de 8 anos

Objetivo: trabalhar atenção, aquecimento, espacialidade e prontidão em grupo

Material necessário: giz

Como jogar: O professor determina um espaço na sala (com giz) onde as pessoas só podem correr em câmera lenta. Fora da roda, podem correr à vontade. Quando alguém é pego, fala o nome para que os outros participantes saibam quem é o pegador.

4. Controle remoto

Faixa etária: a partir de 13 anos

Objetivo: trabalhar o “onde”, o “o quê”, o “quem da cena” e escuta de cena

Material necessário: controle remoto

Como jogar: No jogo, há uma imitação de um controle remoto. O jogador que estiver com ele tem total controle sobre os demais participantes em cena. Basta apertar o pause e dizer o comando para eles congelarem, por exemplo. Os participantes são obrigados a mudar a história de acordo com o que o controle pedir.

5. Criando a sonoplastia da cena

Faixa etária: a partir de 13 anos

Objetivo: trabalhar elementos da encenação (som) e escuta de cena

Como jogar: Os participantes criam uma cena e todos os efeitos sonoros devem ser feitos por um voluntário da plateia. O professor pode pedir sugestão para a plateia, definir ou deixar que os atores decidam: o “onde”, o “o quê’ e o “quem” da cena.

Fonte: Portal Teatro na Escola