Tirando boas notas com os jogos de tabuleiro

Inteligência se aprende. Com essa ideia em mente, professores da rede municipal de Jaboatão dos Guararapes estão mudando a relação de meninos e meninas com disciplinas tidas como “bicho-papão” dos alunos, como a matemática. O empenho dos docentes da Escola Municipal Humberto Barradas, localizada no bairro Engenho Velho, em levar conhecimentos de raciocínio lógico a crianças de 6 a 14 anos rendeu frutos além dos esperados. No último dia 6, estudantes da unidade de ensino foram os vencedores nacionais da 4ª Olimpíada de Raciocínio Lógico Mind Lab, disputada em São Paulo.

Dias depois, a conquista ainda estava sendo comemorada na escola. Cartazes foram espalhados nos corredores da unidade de ensino. Os troféus ficaram em exibição para estimular outros estudantes a buscarem bons resultados em competições semelhantes.

A Humberto Barradas foi a única do estado a participar do evento e levou dois troféus. Foi a grande campeã na categoria 8º e 9º ano e ficou com o segundo lugar entre as turmas de 4º a 7º ano. Levando em consideração todas as fases da competição, os estudantes de Jaboatão enfrentaram cerca de 110 mil concorrentes.

Jogos como damas olímpicas e quoridor, que são oferecidos como atividade suplementar, aperfeiçoam a compreensão de noções matemáticas

É numa sala ampla do primeiro andar da escola que os estudantes aprendem a trabalhar em grupo, buscar o autoconhecimento e aperfeiçoar a compreensão de noções matemáticas. As aulas são oferecidas como atividade complementar na escola. Todas as turmas participam dos encontros de raciocínio lógico. São 50 minutos semanais para aprender a jogar damas olímpicas, praticado em um tabuleiro de 64 casas, claras e escuras; quoridor, jogo de estratégia no tabuleiro; octi, em que os alunos criam ameaças em direções inesperadas e abalone, jogo de estratégia no qual se defende e se ataca ao mesmo tempo, com o objetivo de empurrar seis bolas do oponente para fora do hexágono.

Além das atividades práticas com os jogos, os alunos participam de aulas teóricas para fixar os conhecimento. “Temos algumas fases de aprendizagem. Primeiro, temos uma introdução, que pode ser com um vídeo, um texto ou outro recurso. Depois, vemos as regras do jogo e, então, passamos a disputar as partidas”, explica a professora Janaína Rodrigues, mediadora das aulas de raciocínio lógico. “Depois, tem a transcendência, que é levar conhecimentos adquiridos no jogo para a vida deles”, completa o mediador Wellington Queiroz.

Quando viajar e competir faz parte do aprendizado

Jadeson Ferreira e
Yasmim Santos voltaram com medalhas de São Paulo e compartilharam experiência na escola

Os resultados das aulas de raciocínio lógico na Escola Municipal Humberto Barradas vão muito além do prêmio nacional recebido este mês. Desde que a atividade passou a ser oferecida, em 2013, os estudantes apresentaram significativas melhoras de rendimento escolar, concentração e comportamento. “Os alunos com baixo desempenho evoluíram bastante. Tanto no jogo e nas atividades da escola como na vida”, pontua a professora Janaína Rodrigues. O maior ganho, porém, de acordo com a gestora da escola, Verônica Silva, é na autoestima dos alunos. “Eles se sentem valorizados. E isso não tem preço. A viagem para São Paulo, por exemplo, trouxe ânimo, brilho nos olhos e valorização aos nossos meninos e meninas”, pontua.

De volta à escola após os dias na capital paulista, os oito estudantes que participaram da competição exibiram orgulhosos as medalhas de ouro e prata aos colegas. “Nossa escola, pais e amigos ficaram orgulhosos”, revela Jadeson Ferreira, 13. “Eles ficaram vendo, tocando (a medalha). Foi muito bom ir pra São Paulo, andar de avião, ficar no hotel, ver as árvores de lá. Era tudo lindo”, conta Yasmim Santos, 11 anos. “Ela amadureceu muito depois da viagem. Está mais concentrada e aprendeu a perder. Antes, ela só queria ganhar. Agora, encara com maturidade quando perde”, diz a mãe de Yasmim, a recepcionista Ana Paula França, 29.