Dia da Raça. E das defesas

Campeonato Argentino de 2010: River Plate 0 x 0 Gimnasia y Esgrima, com 50 mil pessoas no estádio Monumental de Nuñez. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Feriado nacional na Argentina nesta segunda-feira. O Día de la Raza, ou simplesmente o Dia da Raça, em homenagem ao descobrimento da América, em 12 de outubro de 1492, quando o navegador Cristóvão Colombo avistou a primeira gama de terra no Novo Mundo. Na capital argentina, o feriado é antecipado todos os anos para o fim de semana mais próximo à data, criando um “feriadão oficial”.

Com o clima finalmente deixando o frio intenso do inverno, os hermanos foram em peso aos parques tomar um sol, ainda que o tempo não tenha passado dos 22 graus.

Uma fatia da população preferiu outro caminho, no norte da metrópole. Carros, metrô, ônibus. Uma multidão de 50 mil torcedores. Todos em direção ao estádio Monumental de Nuñez, inclusive o blogueiro, que pagou 70 pesos (R$ 29) por uma entrada no setor Centenario Medio y Bajo. O feriado de toda essa galera seria apoiando o time Millonario.

Os torcedores (hinchas) locais são conhecidos pelo apoio incondicional. Desta vez, eles teriam que alentar (apoiar) por algo incomum a o clube, autointitulado de forma nada modesta como El Más Grande – de fato, é o maior campeão nacional do país, com 33 títulos, contra 23 do Boca Juniors, mas em termos internacionais, o River, campeão mundial em 1986, deve ao arquirrival.

O motivo para tamanho suporte é a séria ameaça de rebaixamento do clube, que jamais jogou a segunda divisão do país. No complicado sistema de acesso e descenso da Argentina, a pontuação que define os rebaixados  após uma temporada é a média dos últimos três anos, o chamado Promedio (entenda AQUI). Detalhe: em cada temporada são realizados dois nacionais (Apertura e Clausura), totalizando seis torneios.

O jogo seria justamente contra o principal adversário na luta para escapar do rebaixamento, o Gimnasia y Esgrima de La Plata. Até a tarde desta segunda, River e Gimnasia haviam disputado 85 jogos nos últimos três anos. O River somava 99 pontos contra 97. Na média: 1.164 x 1.141. Ambos estão no limite (veja AQUI).

A torcida da casa não queria nada de tiki tiki, como eles chamam o “jogo bonito”, de toque de bola. Uma vitória por 1 x 0 seria suficiente. Talvez por isso o confronto tenha sido tão nervoso, com muita raça, duas bolas na trave do River no primeiro tempo, duas chances inacreditáveis perdidas pelo Gimnasia e uma outra do principal atacante do time da casa, Pavone. O camisa 10 e capitão do River foi o rodado Ariel Ortega, ídolo máximo da barrabrava do clube, a Los Borrachos del Tablón (os bêbados da tábua).

Ortega ciscou, catimbou como sempre, mas não deu em nada. Em número de chances, 10 x 4 para o River. No placar, um 0 x 0 com vaias do público já impaciente. O jogo que encerrou a 10ª rodada do Apertura-2010 (liderado pelo Estudiantes, rival do Gimnasia) manteve o tradicional River Plate numa situação de risco. O resultado só fez deixar ainda melhor o feriado da hinchada do Boca Juniors…

Proibido, pero no mucho

Campeonato Argentino de 2010: River Plate 0 x 0 Gimnasia y Esgrima. Placar eletrônico do estádio Monumental tinha cronômetro, proíbido pela Fifa. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – A Fifa poíbe a utilização de cronômetro no placar eletrônico há muito tempo. A decisão foi tomada para evitar qualquer tipo de pressão no árbitro.

Tanto por parte dos jogadores quanto da própria torcida local.

A regra vale para qualquer competição, em qualquer divisão, em qualquer país.

No entanto, sempre aparece alguém para tentar burlar a norma. Até mesmo em Copa do Mundo isso já aconteceu…

No estádio Monumental de Nuñez a medida é normal. É quase uma fonte extra de consulta para o árbitro.

Nesta segunda-feira, o juiz Rafael Furchi deu quatro minutos de acréscimo na etapa final do empate sem  gols entre River e Gimnasia y Esgrima.

O cronômetro no gigante placar eletrônico do estádio marcava rigorosamente 49 minutos quando o árbitro encerrou a partida.

Ele pode até ter sido pressionado nos minutos finais por causa do relógio exposto, mas, no fim, nenhum hincha reclamou do tempo…

Você concorda com o veto da Fifa em cronômetros em placares eletrônicos?