A possível maior multidão da história do Arruda

Pernambucano 1999: Santa Cruz 1 x 1 Sport. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press

Era o primeiro clássico do argentino Mancuso com a camisa do Santa Cruz.

O seu rival seria o atacante Leonardo, em grande fase no Sport.

O palco? O gigante de concreto da Avenida Beberibe, sob enorme expectativa.

Nada de Todos com a Nota ou Futebol Solidário.

Ingresso à disposição na bilheteria para todos os setores. Arquibancada a R$ 6 e geral a R$ 3. Hoje em dia, os valores corrigidos seriam de R$ 28 e R$ 14, respectivamente.

Sem surpresa, uma multidão tomou conta do Arruda. Tricolores em grande maioria, mas com os rubro-negros apinhados na arquibancada do lado da Rua das Moças.

O jogo começaria às 16h. Desde as 14h já havia empurra-empurra na entrada.

Resultado de uma desorganização histórica, quase mortal.

A Polícia Militar chegou atrasada, acredite. Paralelamente a isso, o clube tricolor não conseguiu conter a avalanche de bilhetes “iô-iô”.

Torcedor sufocado, passando aperto nas catracas. Muita gente pulou as catracas…

Cálculo da PM com o público fora do estádio com a partida em andamento: 15 mil.

Dentro, um recorde infeliz. O maior número de pessoas atendidas nas ambulâncias dentro de um estádio em Pernambuco. Foram 93 torcedores socorridos…

Se você não lembra deste episódio, o jogo ocorreu em 21 de fevereiro de 1999, 1 x 1.

No borderô oficial, 71.197 pagantes. Público total: 78.391. Mais fotos aqui e aqui.

Pernambucano 1999: Santa Cruz 1 x 1 Sport. Foto: Ricardo Borba/Diario de Pernambuco

No papel, a capacidade do estádio na época era de 85 mil pessoas. Cabia mais alguém?

Esta pergunta pautou a imprensa durante uma semana após a partida. O Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) foi acionado pela FPF para reavaliar a capacidade do Arruda.

Em vez da medida antiga, de 30 centímetros por pessoa, a projeção utilizou o novo dado da Fifa, de 50 centímetros. A capacidade, portanto, caiu para 60.044 pessoas.

O blog mergulhou no acervo do Diario de Pernambuco para trazer à tona fatos sobre aquela multidão. Em 28 de fevereiro de 1999, um off jornalístico intrigante…

“Há quem ache, inclusive dirigentes corais, que havia mais de 90 mil espectadores no clássico.”

Há quem ainda ache, na verdade. Esse Clássico das Multidões acabou relegado pelos números, não por quem viveu aquela tarde de domingo…

O recorde entre clubes seria o da final do Supercampeonato de 1983, entre tricolores e alvirrubros, com 76.636 pagantes e relatos de até 83 mil presentes. Naquele dia, 60 pessoas foram socorridas. Nos pênaltis, os corais ficaram com a taça.

Considerando o público através do borderô oficial, Náutico 0 x 2 Sport, em 1998, fica à frente, com 80.203 pessoas, todas elas inseridas na campanha Todos com a Nota.

Se até hoje não existe um recorde definitivo para o Mundão, a culpa disso é da quase eterna falta de organização dos jogos no Recife. Estamos falando de 13 anos atrás…

Pernambucano 1999: Santa Cruz 1 x 1 Sport. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press

Habemus calendário coral

Papa Bento XVI

Nos últimos anos, o grande temor do Santa Cruz foi a ausência de um calendário.

Um clube com o respaldo das massas sem jogos para disputar no segundo semestre? Era o que acontecia na Série D, com uma primeira fase com apenas oito partidas.

Era um tiro curto. Prejudicava a preparação da equipe e as finanças, já debilitadas.

Vice-campeão da 4ª divisão, o Tricolor fez apenas 16 partidas. Na Série C não seria muito diferente, uma vez que a primeira fase teria apenas oito jogos. Teria…

A CBF, aleluia, modificou o formato da competição, valorizando o torneio e tornando o seu calendário mais encorpado, com um mínimo de 18 partidas e máximo de 24.

A entidade foi pressionada pelos 20 clubes e enxergou o óbvio. Até porque há mercado para o torneio, já comercializado ao SportTV. Canais de TV aberta já conversam…

Serão dois grupos de dez times, com jogos de ida e volta dentro das respectivas chaves. Os quatro melhores avançam para as quartas de final. Logo no primeiro mata-mata, o acesso em jogo. São quatro vagas para o Brasileiro da Série B em 2013.

Alinhada às duas primeiras divisões, a Terceirona não terá jogos no meio de semana.

Para completar a boa notícia não só para o Santa como também ao Salgueiro, a CBF ainda vai bancar um aporte para os clubes, com a despesa de deslocamento (25 passagens aéreas, hospedagens etc). Algo que já ocorria nas duas castas principais.

Com uma boa dose de fé, a situação melhorou para o Santinha…

Saiba mais sobre as modificações na Série C de 2012 aqui.

Os maiores públicos de todas as regiões de Pernambuco

Caminhão lotado...

Confira os recordes de públicos dos principais estádios do futebol pernambucano.

Recife
Arruda – 96.990 pessoas, em 29/08/1993. Brasil 6 x 0 Bolívia

Ilha do Retiro – 56.875 pessoas, em 07/06/1998. Sport 2 x 0 Porto

Aflitos – 31.061 pessoas, em 21/07/1968. Náutico 1 x 0 Sport

Zona da Mata
Carneirão, em Vitória – 10.081 pessoas, em 05/04/1998. Vitória 1 x 1 Náutico

Agreste
Lacerdão, em Caruaru – 24.450 pessoas, em 22/10/1986. Central 2 x 1 Flamengo

Sertão
Cornélio de Barros, em Salgueiro  – 9.044 pessoas, em 01/02/2012. Salgueiro 2 x 0 Sport

Pré-arena, as três décadas do Colosso

Ampliação do Arruda, em 1980. Foto: Diario de Pernambuco

Esta temporada marca o aniversário de 30 anos de um apelido que orgulha o Mundão.

Com um megaprojeto, o Arruda começcou a ser erguido aos poucos em 1965, com sucessivas ampliações bancadas pela torcida coral.

Em 1971, o governador Eraldo Gueiros liberou um empréstimo ao Tricolor de US$ 850 mil, através do Bandepe, junto ao grupo financeiro Campina Grande S/A, para a conclusão das obras. O craque Pelé assinou o documento como testemunha do financiamento.

O objetivo era transformar o Recife em subsede da Copa da Independência de 1972, que teve a participação de 20 seleções. Sport e Náutico também tentaram obter o investimento, mas uma comissão do governo apontou o Arruda como o mais viável.

O estádio José do Rêgo Maciel começaria a ser ampliado novamente em 1980, quando a sua capacidade aumentou para 85 mil pessoas, após a inauguração do anel superior em 1º de agosto de 1982, dando origem ao apelido “Colosso do Arruda”.

Visando o centenário do clube tricolor, em 2014, foi lançado em 2007 o audacioso projeto “Arena Coral”, com o mesmo arquiteto do Arruda original, Reginaldo Esteves.

Os tricolores tentaram, sem sucesso, emplacar o estádio no Mundial de 2014. Sem apoio político e financeiro, o projeto segue parado. O sonho, jamais…

Arena Coral. Crédito: Santa Cruz/divulgação