Nível tecnico à parte, valeu pela festa da Seleção

Amistoso 2012: Brasil 8x0 China. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Após os esperados gritos pelos clubes locais, numa disputa em todos os cantos  do estádio, foi a vez de gritar em uníssono no hino nacional e no não menos tradicional “Ah, é Pernambuco”, animando o Arruda momentos antes de a bola rolar, mesmo com o público aquém do esperado. Os 29 mil torcedores que foram ao Mundão, nesta segunda, realmente prestigiaram a equipe. Terminaram assistindo a uma das maiores goleadas da história do Brasil. Diante de uma inofensiva China, um 8 x 0 com vaga para o dobro.

O primeiro lance de perigo foi logo com a estrela da noite, Neymar, que cabeceou na trave o cruzamento de Oscar, cuja trama havia sido iniciada por Hulk, titular desta vez. Eram cinco minutos. Se já era nítida a fragilidade do adversário, o 78º colocado no ranking da Fifa, a Seleção escancarou o abismo técnico com uma sequência de passes curtos, envolvendo o time asiático. Um modo eficiente para atrair o apoio da arquibancada, que virou a pauta onipresente do técnico Mano Menezes.

Apesar da vontade de dar espetáculo, o time assustava pouco a meta do goleiro Cheng Zeng. Aos 21 minutos, alguns gritos por “Dênis Marques”. Mas foram abafados pelo gol de Ramires, que tabelou com Oscar e tocou com categoria. O meia do Chelsea, que completou 21 anos no domingo, estava mesmo inspirado. Aos 25, deixou Neymar com o gol vazio para ampliar o placar. Não haveria mais freio na aceleração do placar.

Amistoso 2012: Brasil 8x0 China. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Diante de um adversário ideal para “acabar” com a crise técnica, além de desfalcado, o Brasil deitou e rolou. À torcida, o papel de festejar, fazendo a “ola” a todo momento. Aos 31, Oscar, fazia por merecer o seu golzinho, mas acabou ficando no travessão em um lance inacreditável. E assim seguia, com um time jogando futebol e o outro tentando algo próximo a isso. Somente no primeiro tempo foram 14 finalizações.

A segunda etapa começou do mesmo jeito, mas com uma eficiência surreal. Não havia resistência alguma. Numa rápida troca de passes, Lucas, completamente desmarcado, marcou o terceiro gol brasileiro, levantando o público novamente. Gol aos 3, mas também aos 6, aos 9 e aos 14. O 4º foi de Hulk, pegando um rebote no chute no travessão de Neymar. O craque do Santos marcou o quinto escorando um cruzamento de Marcelo. O sexto foi parecidíssimo, mas em um cruzamento de Oscar. Até a China fez gol, contra, com Jianye Liu aos 24 minutos. Aos 29, em cobrança de pênalti, Oscar.

Nas comemorações, os jogadores faziam questão de agradecer ao carinho. No fundo, todos os presentes no Arruda sabem que a vitória, a maior na Era Mano Menezes, não irá acrescentar muito ao desempenho técnico da equipe. A maior vitória, ao que parece, foi a paz selada entre time e torcida. Que continue assim diante de um adversário mais forte, em qualquer lugar. No Recife ou na China.

Amistoso 2012: Brasil 8x0 China. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Os quatro atos para não lotar o Arruda com a Seleção

Eliminatórias da Copa do Mundo, 1993: Brasil 6 x 0 Bolívia

Uma análise do blog com o passo a passo do jogo Brasil x China, em Pernambuco.

1º ATO – Má fase técnica + adversário insosso

12 de julho (a 60 dias do jogo)
Em coletiva no Palácio do Campo das Princesas, o presidente da CBF, José Maria Marin, anunciou o amistoso Brasil x China, no estádio do Arruda, para o dia 10 de setembro.

O adversário dos brasileiros, na 78ª colocação no ranking da Fifa e já eliminado da próxima Copa do Mundo, foi acordado visando as relações comerciais entre os governos de Pernambuco e da China, em constante contato por novas fábricas e negócios.

No jogo anterior no estado, há três anos e válido pelas Eliminatórias do Mundial, o Paraguai era um dos times mais fortes da disputa sul-americana.

Em relação à Seleção, a Canarinha vinha numa curva ascendente em 2009, tanto que no mês seguinte ao jogo voltou ao topo do ranking. Agora, encontra-se em 12º.

2º ATO – Preço acima da realidade local

23 de agosto (a 18 dias)
Através do seu site oficial, a FPF divulgou os preços dos ingressos para o jogo da Seleção Brasileira, com meia-entrada (exceto na entrada mais barata).

R$ 60 – arquibancada especial, atrás do gol da Rua das Moças
R$ 80 – arquibancada superior
R$ 100 – arquibancada inferior
R$ 250 – cadeiras e camarotes

Em 2009, as arquibancadas inferior e superior custaram R$ 70 e R$ 50, respectivamente. Ou seja, de lá para cá, um aumento de 42,8% e 60% nesses setores.

Obviamente, um índice maior que a inflação, reajuste do salário mínimo etc. De olho no aumento da renda recorde de R$ 4.322.555, a maior da história do futebol local.

24 de agosto (a 17 dias)
Um dia depois, a diretoria da federação pernambucana de futebol voltou atrás e reduziu os preços dos bilhetes. O único valor mantido foi o de cadeiras e camarotes.

R$ 40 – arquibancada especial, atrás do gol da Rua das Moças
R$ 60 – arquibancada superior
R$ 80 – arquibancada inferior

Ainda assim, ingressos mais caros do que os valores praticados há três temporadas. Nas arquibancadas inferior e superior, o aumento final ficou, portanto, em 14,2% e 20%.

No programa Lance Final no dia 09/09, o diretor da CBF, Andrés Sanchez, considerou o preço muito elevado, equiparado ao do amistoso em São Paulo. Apesar da carga de 55 mil ingressos, ele revela que a entidade espera em torno de 35 mil pessoas no Arruda.

3º ATO – Falta de publicidade e feriadão comprometem o fluxo de vendas

25 de agosto (a 16 dias)
Começa a venda de entradas, apenas pela internet, no site ingressofacil.com.br. A notícia foi divulgada nos sites da FPF, CBF e jornais da cidade. Faltou publicidade.

30 de agosto (a 11 dias)
Finalmente começa a comercialização de ingressos em bilheterias no Recife, com destaque para os guichês no Arruda, Aflitos e Ilha do Retiro. Procura baixa, sem filas.

Em 2009, a venda de Brasil x Paraguai começou faltando sete dias para o jogo. Os 56 mil ingressos foram vendidos antecipadamente.

Como agora a partida será na noite de uma segunda-feira e o fim de semana foi um feriadão, a venda acabou comprometida diante uma cidade “vazia”.

4º ATO – Medidas emergenciais para encher o Mundão, expondo a situação

7 de setembro (a 3 dias)
Inicialmente, devido ao “Padrão Fifa”, não haveria venda no dia da partida – como não houve em 2009. Porém, é confirmada a abertura das bilheterias no dia do jogo.

8 de setembro (a 2 dias)
Ainda sem uma parcial de vendas divulgada para a imprensa, os organizadores anunciam uma promoção. Quem for cadastrado no programa Todos com a Nota poderá comprar um ingresso com 50% de desconto. Cerca de 300 mil pessoas são cadastradas no TCN.

9 de setembro (a 1 dia)
Sócios em dia de Náutico, Santa Cruz e Sport também passam a ter o direito de comprar a meia-entrada, mediante a a apresentação da carteira. Pela manhã, a primeira parcial, com 9.800 ingressos. À noite, mais uma, com 11.180. Curiosamente, o único treino aberto da Seleção no Arruda recebeu quase o mesmo público.

10 de setembro (dia da partida)
Faltando dez horas para a bola rolar, é informado que 20 mil bilhetes já estão nas mãos de torcedores. Patrocinadores da partida também se mexem, com ações rápidas de marketing pela cidade, elevando o número de “convidados”.

O excesso de promoções indica um claro temor de um público aquém do esperado, ainda mais considerando que em oito jogos oficiais do Brasil o Arruda recebeu 512.717 pessoas, com uma média excepcional de 64.089 torcedores.

O maior erro da organização parece ter sido na ociosidade de 42 dias entre o dia da confirmação da partida no Recife e o primeiro anúncio dos preços dos ingressos. Tanto que bastaram 24 horas para reavaliar os valores, ainda fora de sintonia com a CBF.

O jeito foi transformar a partida num festival de meia-entrada. Para uma meia Seleção.

Estádio do Arruda

Probabilidades da Série A 2012 – A 15 rodadas do fim

Projeções dos sites Infobola e Chance de Gol sobre o rebaixamento na Série A 2012 a 15 rodadas do fim

Hora da matemática no Brasileirão. A quinze rodadas do fim, começa a surgir uma série de projeções sobre as chances de cada time na elite nacional.

Aqui no blog, vamos focar até o fim da competição a corrida para evitar o rebaixamento à Série B da próxima temporada. Vale a atenção dos dois representantes locais.

Os cálculos “anti-rebaixamento” são do Infobola e Chance de Gol, respectivamente.

Confira a classificação atualizada da competição clicando aqui.

Tomando por base a pontuação do atual 16º colocado, hoje a pontuação mínima para escapar do descenso seria de 42 pontos.

Desta forma, o Náutico, cuja chance de cair varia entre 8% e 31,5%, precisa somar mais 14 pontos, em tese. Quatro vitórias e dois empates.

Já o Sport, cuja probabilidade de queda à segunda divisão vai de 67% a 86,9%, precisa de mais 20 pontos, ou 6 vitórias e 2 empates.