O primeiro gol do Nordestão, o primeiro gol africano

América do Sul e África

Um gol emblemático no estádio Cornélio de Barros.

Em um jogo truncado, na tarde deste sábado, o tento da vitória do Carcará saiu aos 32 minutos do segundo tempo.

Peri cruzou da esquerda e Yerien mandou de canhota para dentro da meta do ASA.

Era o primeiro gol do Salgueiro na história da Copa do Nordeste.

Era, na verdade, o primeiro gol da renascida competição regional, iniciada no mesmo dia da Copa Africana de Nações, do outro lado do Oceano Atlântico.

Para mostrar que não estamos tão distantes assim, e a nossa miscigenação comprova isso há cinco séculos, Yerien é nigeriano.

Por sinal, foi o único gol africano do dia, pois as duas partidas na disputa continental, África do Sul x Cabo Verde e Angola x Marrocos, terminaram em empates sem gols.

Aposta no Sertão, o atacante só entrou na etapa complementar. Vestindo a camisa 16,  deu a primeira vitória a Pernambuco no regional desta temproada, 1 x 0.

Yerien Richmind Esukuriede, natural de Delta State, passou fome até começar a encarar uma carreira profissional no futebol brasileiro.

Aqui no Nordeste ainda perambulou de forma ilegal. Agora, aos 20 anos, arranha a língua portuguesa e enxerga um futuro melhor com a bola nos pés, na rede.

No Sertão, o africano é antes de tudo, um forte.

Trocando as bolas, Maxim e S11

Bolas oficiais de 2013, na Copa do Nordeste (Nike) e Pernambucano (Penalty). Crédito: Nike e Penalty/divulgação

Início de ano com torneios distintos para os times pernambucanos. Três deles na Copa do Nordeste e nove no campeonato estadual. No gramado, bolas diferentes em 2013.

Parceira da CBF, a Nike fornece a pelota oficial da Série A há vários anos. Como a Copa do Nordeste retorna com a chancela da confederação, a empresa lança no país o seu novo modelo justamente no regional. A bola Maxim Hi-Vis substitui a T90 Strike.

A nova bola já vinha sendo utilizada nas principais ligas nacionais do mundo, como a inglesa, a espanhola e a italiana. Neste ano também estreia na Taça Libertadores.

“O desenho geométrico intenso da bola Maxim gera potência visual extremamente forte, além das extremidades destacadas que deixam tudo igualmente visível tanto para quem está no gramado quanto para as arquibancadas. Conta com a tecnologia Geo II para oferecer mais equilíbrio nos chutes.”

Enquanto isso, no Estadual, a Penalty chega a seis anos seguidos produzindo a bola do torneio. O modelo é o mesmo da temporada passada, a S11 Pro. Outros nove Estaduais terão a mesma bola. A exceção será o campeonato baiano, com a nova Brasil 70 Pro.

“A S11 é construída em oito gomos, pesa entre 420 e 445 gramas e mede de 68,5 a 69,5 centímetros. A bola possui o sistema Termotec, que a torna impermeável, mais rápida, macia e com maior durabilidade e precisão, além de ter menor deformação”. 

Em Pernambuco, Náutico, Salgueiro, Santa e Sport jogarão com as duas bolas este ano.

Há 30 anos, o álcool afogou um gênio

Imagens da carreira de Garrincha

Por Lucas Fitipaldi*

Os últimos suspiros foram um espelho do pós-auge. Findado o período de glórias, deu-se início à decadência. Um dos maiores ídolos da história deste país fraquejou, tirou a própria vida sem cometer suicídio. Parou no único adversário capaz de contê-lo. Manuel Francisco dos Santos cumpriu os últimos anos de vida invisível. Pobre. Quase esquecido. Agonizou na cachaça. Mergulhado numa condição de vida precária.

Os últimos dias de vida foram regados a álcool, perambulando de bar em bar pela vizinhança, em Bangu, onde morava numa casa alugada pela Confederação Brasileira de Futebol. Bebeu do domingo, 16, até o dia 19 de janeiro de 1983: uma quarta-feira mais cinza que qualquer outra. O corpo sucumbiu aos excessos. Ficou a história. Eterna. Não há vício. Desleixo que consiga apagar.

Manuel definhou sem chamar atenção. Manuel. Garrincha jamais será esquecido. Um triste fim para quem era chamado de “a alegria do povo”. O mundo ficou mais sisudo. Sem a irreverência, o sorriso puro de Mané. Àquela altura, os dribles desconcertantes eram só boas lembranças. E quantos foram. Mané tinha o dom de fazer a bola sorrir.

Começou a jogar profissionalmente aos 19 anos. Aos 29, experimentou o auge. Pendurou as chuteiras dez anos mais tarde, aos 39. Morreu aos 49, de coma alcoólico. Como estaria neste sábado, exatos 30 anos depois? Muito provavelmente, levando a mesma vida simples e desregrada em algum subúrbio do Rio de Janeiro.

Garrincha também ficou marcado por uma certa ingenuidade, um certo desapego. Gostava mesmo era de tomar cachaça e jogar bola. Não importa se na Suécia ou em Pau Grande, seu cantinho predileto no Rio. Dos tantos feitos com as camisas da Seleção Brasileira e do Botafogo, um destoa.

Quem mais seria capaz de minimizar a perda de Pelé, no auge da forma, em plena Copa do Mundo? O uso do verbo minimizar, no caso, é apenas um gesto em respeito ao rei. Em 1962, no Chile, Garrincha fez o brasileiro ter um ataque de amnésia. Jogou pelos dois. A verdade é que ninguém sentiu falta do camisa 10. Nenhum outro jogador conseguiu jogar tanto numa mesma Copa do Mundo. Pelé teria feito o mesmo? A mais breve reflexão pontua a dimensão do gênio.

* Lucas Fitipaldi, repórter da editoria de esportes do Diario de Pernambucano