Na crise alvirrubra, 1 x 0 é futebol-arte

Série B 2014, 14ª rodada: Náutico 1x0 Icasa. Foto: Ricardo Fernandes/DPQD.A Press

O gol de Marinho aos 37 minutos do primeiro tempo, após triangulação com Neílson e Marcos Vinícius, bastou para a torcida do Náutico.

O time segue jogando muito mal. Segue ameaçado na Série B. Não mudaria tanto assim do sábado para a terça-feira. Porém, era preciso arrumar forças para vencer a todo custo e diminuir a pressão. Contra o Icasa, o Timbu se superou no 1 x 0.

Articulou jogadas mais na base da vontade do que na técnica (haja passe errado). Lá atrás, segue inconstante. Não tomou gol desta vez, fato, mas sofreu até os 49 minutos do segundo tempo, quando enfim acabou a partida na Arena Pernambuco.

Com apenas 1.860 torcedores presentes na noite desta terça – numa soma de fatores como mau momento na segundona, horário (19h) e falta de ônibus nas ruas, por causa da greve -, o time pernambucano conseguiu mais três pontos, chegando a 18 e abrindo cinco sobre o Z4.

O Náutico segue com salários atrasados e com um elenco limitadíssimo.

Mas ao menos desta vez mostrou vontade… bastou para uma torcida preocupada.

Série B 2014, 14ª rodada: Náutico 1x0 Icasa. Foto: Ricardo Fernandes/DPQD.A Press

Clubes, CBF e Planalto discutem renegociação das dívidas ficais. Náutico, Santa e Sport devem R$ 105 milhões

As dívidas tributárias de 24 grandes clubes brasileiros em 2014. Crédito: BDO (dados)/Estado de S.Paulo (infográfico)

As dívidas tributárias dos clubes brasileiros estão na casa dos R$ 2,7 bilhões. A bola de neve vem rolando há três décadas, ainda sem destino final. Com cada vez mais credores batendo na porta – o desfecho de inúmeras gestões sem qualquer comprometimento organizacional -, os clubes passaram a apelar junto ao governo federal para um refinanciamento. Ao menos das dívidas fiscais, que tomam boa parte dos passivos circulante e não circulante.

Em julho, dois encontros discutiram isso. No dia 25, no Palácio do Planalto, em Brasília, 12 presidentes de clubes (entre eles Antônio Luiz Neto, do Santa Cruz) se reuniram com a presidente da república, Dilma Roussef. No dia 28, na sede da Confederação Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro, os mandatários dos 40 times das Séries A e B debateram sobre o mesmo tema com o presidente da CBF, José Maria Marin.

O projeto de lei tem até nome: Proforte. O sistema de refinanciamento das dívidas tributárias dos clubes do país teria como contrapartida para aqueles que não cumprirem com a suas obrigações até a perda de pontos e punição aos dirigentes.

Reunião no Palácio do Planalto com 12 clubes das Séries A e B, em 28 de julho de 2014, para discutir um refinanciamento para as dívidas fiscais dos clubes. Foto: Stuckert Filho/PR/governo federal

De fato, a situação é crítica, sobretudo para os quatro principais times cariocas, que lideram a lista ao lado do Atlético Mineiro. Só neste quesito, Fla, Botafogo, Vasco e Flu devem juntos R$ 1,24 bilhão!  A consultoria BDO elencou 24 clubes, considerando os dados de 2013, numa lista divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Somadas, as dívidas fiscais dos grandes do Recife chegam a R$ 105,1 milhões.

No ranking não aparece o Santa Cruz, mas o blog traz o tamanho do rombo coral na parte fiscal: R$ 34,4 milhões. Enorme, mas bem abaixo da dívida do Náutico, de 54,2 milhões de reais, a 16ª maior do Brasil. No estado, o Sport é o único que vem reduzindo o passivo. Apenas três equipes tradicionais do país devem menos.

Abaixo, as dívidas tributárias do trio pernambucano e o peso no passivo geral, incluindo dívidas trabalhistas, financiamentos, acordos etc.

Náutico – R$ 54,2 milhões (61,6% do total, R$ 87,9 mi)
Santa Cruz – R$ 34,4 milhões (48,2% do total, R$ 71,3 mi)
Sport – R$ 16,5 milhões (72,6% do total, R$ 22,7 mi)

Relembre os balanços financeiros de Náutico, Santa e Sport de 2011 a 2013 aqui.

Qual é a sua opinião sobre o novo projeto de lei? Justo? Necessário?

Reunião na CBF com os 40 clubes das Séries A e B, em 28 de julho de 2014, para discutir um refinanciamento para as dívidas fiscais dos clubes. Foto: Rafael Ribeiro/CBF