20 perguntas a Evandro Carvalho sobre o Todos com a Nota

O presidente da FPF, Evandro Carvalho. Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press

Após garantir um novo mandato como presidente da FPF, de 2015 a 2018, Evandro Carvalho recebeu em seu gabinete na sede da entidade, na Boa Vista, a equipe do Superesportes para a entrevista. Ao lado de João de Andrade Neto, participei dos questionamentos. A conversa teve 1h30. Um dos principais pontos foi a série de perguntas (quase um debate) sobre o Todos com a Nota e os públicos fantasmas que há pelo menos três anos mancham o Estadual.

Confira as 20 perguntas e as respostas do dirigente.

Pelo visto, o cenário continuará em 2015…

Em 2015 haverá uma maior fiscalização do programa Todos com a Nota para impedir os públicos “fantasmas” no Estadual, quando o anunciado no borderô não corresponde ao real presente aos estádio?

“A fiscalização é da própria Secretaria da Fazenda. O Governo só paga o que foi trocado. A lei é clara. Se foi trocado 10 mil não importa se no estádio tem 10 mil ou uma pessoa.”

Isso não desvirtua o programa?

“O programa é exatamente por isso. Para fazer a troca.”

Não se discute a troca e sim a presença de público nos estádios…

“Está lá borderô, o total de ingressos adquiridos e o total de ingressos do Todos com a Nota.”

No borderô não aparecem quantas pessoas de fato estiveram no jogo.

“Como eu pago o INSS? A lei determina que eu sou obrigado a pagar em cima do valor recebido.”

Mas já foi feito um questionamento à Secretaria da Fazenda e não teria problema de se colocar no borderô também o público presente

“Todos com a Nota é troca de ingressos. Todo jogo se anuncia o público (sistema de som).”

Não anuncia. Na estatística de público da Série D, por exemplo, o Central tem pouco mais de 7 mil torcedores por jogo, quando os públicos reais não foram esses.

“O que dá média de público não é quem está no estádio. É quem pagou, quem comprou. Eu tenho que recolher INSS.”

Não seria mais fácil o Estado patrocinar o Estadual?

“Perderia a essência do programa.”

Mas o senhor não concorda que a essência do programa já está perdida, já que ela não é apenas ajudar os clubes do interior, mas principalmente levar o torcedor ao estádio?

“Objetivo não é esse. O objetivo é gerar uma série de opções de lazer à população mais pobre. Além disso há a contrapartida do percentual do governo que vai para ajudar instituições de caridades, creches e hospitais, que recebem em torno de 20% da receita do TCN. Se o governo faz o patrocínio acaba todo esse apoio social. O dinheiro vai direto para o clube, livre de imposto. Não gera nenhuma contrapartida social.”

Se em todo jogo se anuncia o público real no estádio, qual é a dificuldade de colocar isso também no borderô?

“Público presente para criterio técnico é quem comprou o ingresso.”

Então para que anunciar?

“Para atender um pedido da imprensa.”

Então aqui vai um novo pedido. Coloque isso no borderô.

“Se eu colocar no borderô, o que vai ser computado para média de público e para os encargos será o público presente. E isso vai gerar uma sonegação fiscal. É crime. É o que a lei diz. Eu, inclusive, sou obrigado a recolher o seguro sobre publico presente.”

Inclusive uma seguradora está ganhando dinheiro para segurar gente que não está no estádio.

“Sabe quanto era o valor da seguradora quando assumi? Pagava R$ 0,25 (por ingresso). Sabe quanto pago hoje? R$ 0,05. Como existe uma defasagem eu fiz uma equação. Tanto que o valor do seguro é irrisório. Não existe seguro nenhum no mundo por esse valor. Exatamente para projetar efetivamente quem está em campo. Antigamente existia essa distorção. Antes ela segurava uma coisa que não existia. Estava ganhando dinheiro que não precisa. Fiz uma equação. Eu tenho em média 2 mil ingressos trocados e em média 400 pessoas no estádio. O valor que era para 2 mil não podia ser o mesmo para 400. Então fizemos uma regra de três e esse valor caiu até chegar ao valor real de 400 pessoas.”

Desde que houve a implantação do cartão eletrônico na capital, dificilmente aconteceu todas as reservas de ingressos por jogo. Ao contrário do interior…

“Já estamos propondo o cartão magnético no interior. O problema é o custo. Até o final de 2015 vamos implantar em todo interior.”

O senhor não acha no mínimo estranho um estádio estar vazio, como os dos Sub 23, e no borderô constar 2 mil pessoas?

“Vamos tomar por exemplo a Europa. Em Portugal os clubes vendem os ingressos antecipados por carnê e declaram para a Fazenda de Portugal todos os ingressos vendidos. A Fazenda recebe como público 100% dos ingressos vendidos e alguns clubes no final do campeonato dão público zero, mas tudo já foi computado. Legalmente tem que ser assim. Se não for assim é sonegação, é crime. Não tem outra maneira.”

Mas isso não é com dinheiro público…

“Mas a lei é a mesma.”

Mas o dinheiro é publico. Não seria mais justo pagar apenas pelos ingressos que de fato foram usados?

“Ai perde o objetivo da Fazenda que é o aumento da arrecadação de receita.”

Isso não é uma forma de burlar para se ter uma maior receita?

“Não tem como o governo fazer nada diferente. O governo é engessado. A única maneira é ele terminar o programa e resolver patrocinar os clubes. Se ele fizer isso ele tira toda a contrapartida social. A gente já pensou nisso. Seria mais cômodo.”

Em resumo. No ano que vem teremos públicos fantasmas de novo?

“Qual o conceito de fantasmas de vocês? Em Goiás, o governo paga antecipado e dá o direito do clube de apresentar no final do ano ‘x’ notas.”

O senhor está justificando uma falha com outra.

“Não é falha. É que não tem como fugir disso. Se eu lançar no borderô mil pessoas em campo estou sonegando o INSS porque houve troca de 5 mil ingressos.”

Mas na prática isso já está acontecendo, o senhor está apenas documentando para não ter o perigo de ter o problema.

“Como gestor tenho que prestar contas com o INSS e o Tribunal de Contas. Ou é assim ou acaba. Não tem jeito.”

5 Replies to “20 perguntas a Evandro Carvalho sobre o Todos com a Nota”

  1. Pra ser sincero o Evandro Carvalho está correto.

    O objetivo é q haja arrecadação de imposto através da solicitação da nota fiscal.
    As pessoas trocam os valores acumulados das notas fiscais por ingresso.
    Com isso a Secretaria da Fazenda arrecadou mais imposto e em contrapartida houve maior acesso ao esporte através do ingresso trocado.
    Se a pessoa vai ou não ao estádio, ñ cabe à FPF ou ao Governo questionar, eles já cumpriram com o objetivo da campanha.

    Agora visualmente é feio ver o estádio com público inferior ao publicado no borderô, mas aí ñ cabe às entidades cobrar q as pessoas q trocaram seus ingressos compareçam ao jogo.

    O mesmo acontecia com o Grêmio Barueri. Os ingressos eram vendidos às empresas da região e o borderô já contava com esses ingressos vendidos. Mas o público presente ñ era nem 10% do publicado no borderô.

    Então oq dá p/ se notar é q ñ estão burlando a Lei, e sim cumprindo rigorosamente.
    Ñ se pode ter a arrecadação de 100% dos ingressos e depois publicar só o público presente. Oq é certo é publicar os ingressos vendidos ou trocados, isso é q vai constar de imposto. Se pessoa q comprou ou trocou o ingresso ñ for ao espetáculo é problema dela.

  2. Chegando aos setenta anos já vi de tudo, mas essa entrevista do presidente Evandro é surrealista, ou melhor, é a maior enganação que já presenciei. O douto Evandro imagina que somos beócios. Acho que esse título cabem naqueles que anunciam 10.000 e só há estádio vazio. Que coisa horrorosas, e que explicações mais infantil.

  3. Rapaz, lendo as respostas, infelizmente tenho que dar o braço a torcer. Talvez pela história da “conversa pra derrubar um trem”, mas essa explicação da FPF tá correta, pelo menos no que se diz respeito ao objetivo do programa, que é o de aumentar a arrecadação do Estado. Se o objetivo primário é esse, a FPF tá certa, tá cumprindo o que o Programa pede.

    Se o objetivo primário do programa seria incentivar a cultura/esporte/etc, então essa justificativa da FPF cai por terra.

    Falo isso estando longe daí há 12 anos, não sei se o objetivo do programa mudou deste o tempo de sua criação (que era aumentar arrecadação).

    Então, o erro tá na concepção do Programa. É pra fomentar cultura e lazer ou incrementar arrecadação?

  4. É um palhaço mesmo esse jabuti de coqueiro. E ainda consegue responder (?) as perguntas na maior cara de pau.

    Ele mesmo admitiu que so vao 400 pessoas…mas valem os 2000 ne? Bizarro…

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