O FBI abalou a estrutura do futebol e tornou verdade a antiga desconfiança

FBI

O mundo do futebol acordou com a sensação de alma lavada.

A nebulosa administração da Fifa começou a ruir com as prisões anunciadas pela procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch.

Uma investigação conjunta do FBI, da receita federal americana e da polícia suíça no melhor estilo CSI, com direito a microfone escondido em chaveiro de dirigente, apurou o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que funciona há pelo menos 24 anos. Entre 14 primeiros nomes revelados em Nova York, o do ex-presidente da CBF, José Maria Marin. O decano, que empresta o nome à sede da confederação brasileira, foi indiciado junto a outros oito dirigentes da entidade que comanda o esporte e cinco agentes de marketing.

Sem surpresa, Fifa e CBF defenderam a investigação, atestaram a própria lisura e demonstraram interesse em colaborar com o trabalho incessante do Federal Bureau of Investigation. Posicionamento esperado, mas inócuo.

O escândalo de US$ 150 milhões pode (ou deve) ser o prenúncio de uma mudança profunda. Das suspeitas de propina para viabilizar negociações de direitos de transmissão, da seleção viciada de sedes de torneios mundo afora (realizados ou não), de comissões escusas em transferências de atletas e até, na base do processo, sobre a manipulação de resultados.

A princípio, a apuração foi específica, mas as autoridades norte-americanas confirmaram a investigação de outras pessoas (fácil imaginar quem seriam). Sem um controle rigoroso, o futebol envolve dinheiro demais em todas as esferas. Oficialmente, o faturamento da Fifa em 2014 foi de US$ 2,096 bilhões. No mesmo período, a CBF arrecadou R$ 519 milhões. Entranhados nisso tudo, o paternalismo na estrutura organizacional e a longevidade dos mandatos suscitam um interesse além da conta pelo poder.

Que este 27 de maio de 2015 seja mesmo um marco no futebol.

Até porque os agentes do FBI ainda deverão ter muito trabalho. A polícia federal e a receita federal do Brasil, ainda sem ação, também teriam…

As duas versões do milionário e emperrado projeto da Arena do Sport

Projeto da Arena Sport em 2013

O projeto da arena do Sport segue emperrado. Não por questões burocráticas junto aos órgãos públicos, mas por falta de investimento. Após o boom econômico no país, o projeto de R$ 750 milhões ficou inviável para o Leão. Foi até melhor, uma vez que a empresa interessada, a Engevix, acabou envolvida na investigação da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

À parte disso, há uma curiosidade entre o projeto original (abaixo) e a versão com as exigências da Prefeitura do Recife (acima), sobretudo por conta do tráfego na região. O complexo da Ilha compreenderia um estádio de 45 mil lugares, clube social, um shopping center, dois empresariais e um hotel.

Conforme presumido pelo blog (e negado pelo clube), o arquiteto português Tomás Taveira, responsável pelas arenas do Palmeiras e do Sporting de Lisboa, criou o design do complexo rubro-negro, posteriormente adaptado pela Pontual Arquitetos. Esse projeto substituiu o modelo da DDB /Aedas.

Principais mudanças:

1) O estádio. Antes, a arena ficaria posicionada num local semelhante à Ilha do Retiro, com o principal acesso voltado para a Rua João Elysio Ramos. Acabou sendo recuada (até a área do campo auxiliar), ganhando mais uma entrada, através da venida Prefeito Lima Castro.

2) A sede seria, inicialmente, toda demolida. No entanto, a entrada da sede social foi mantida, pelo valor histórico da fachada.

3) A entrada do shopping ficaria na Avenida Prefeito Lima Castro, no lado da arquibancada frontal, mas foi remanejado para a Avenida Sport.

4) O canal. O curso de esgoto na Rua João Elysio Ramos seria totalmente coberto, mas o canal acabou sendo mantido aberto, com três pontes.

5) O centro poliesportivo ficaria onde hoje existe o campo auxiliar, com as quadras distribuídas em um pequeno prédio, que acabou cortado. Quanto às quadras, elas foram realocadas para o último andar do shopping.

Veja os detalhes do projeto original, sem as exigências da PCR, clicando aqui.

Projeto da Arena Sport em 2011

Podcast 45 (135º) – Especial 45 perguntas

A cada 45 edições, o 45 minutos realizada um programa especial, com 45 perguntas enviadas pelos ouvintes. Esta é terceira vez que o podcast para a sua pauta normal para responder as dúvidas e curiosidades dos torcedores. Dos bastidores do futebol pernambucano ao trabalho no jornalismo esportivo, o mito da imparcialidade, melhores reportagens, mancadas e outras várias questões sem direito a ficar “em cima do muro”. Foram 3h30 de gravações! Tanto tempo que o programa acabou sendo dividido em duas partes.

No podcast, estou ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

O abadá pontual e rentável do Náutico

Camisa do Náutico para o jogo contra o Flamengo. Imagem: Náuico/divulgação

A falta de um patrocinador-master é uma das maiores lacunas do Náutico na captação de recursos. Pra valer, só na última participação da Série A, em 2013, com a Philco. Por isso, até achar um investidor forte na Segundona, o Alvirrubro mudou o foco, atraindo empresas com acordos pontuais na camisa.

Para viabilizar a ideia, faltava um jogo de visibilidade nacional. O confronto contra o Flamengo, pela terceira fase da Copa do Brasil, foi mais do que promissor, com transmissão para todo o país, na tevê aberta e em canais de assinatura. Através de uma agência de marketing, o Timbu conseguiu firmar quatro acordos para os dois jogos contra o time carioca, totalizando R$ 115 mil, um número confirmado pelo clube. A 99Taxis, Sherwin Williams, Óicas Diniz e Rafarillo Calçados se juntam à EMS e à Turquesa, marcas regulares na camisa.

Visualmente, o “abadá” não agrada – ainda mais num padrão elogiado como este da Umbro, de 2015 -, mas é algo necessário para as finanças do clube. Fora de campo, ok. Se corresponder em campo, a vaga valeria R$ 690 mil.

Sobre o patrocinador-master, por mais que a Turqusa ocupe o espaço na parte frontal da camisa, a empresa não tem o status, até mesmo pelo investimento feito. Hoje, a Turquesa banca R$ 25 mil do salário do goleiro Júlio César.

A evolução do scout no futebol a partir do Diario de Pernambuco, em 1935

Scout no Diario de Pernambuco em 1935

A cobertura do futebol local ocorre de forma regular no Diario de Pernambucano desde o primeiro campeonato estadual, em 1915. Antes disso, as partidas já eram relatadas no jornal, mas como verdadeiros eventos sociais, escassos. A especialização no tema veio em meados da década de 1930, não por acaso no mesmo período da profissionalização do futebol no Recife.

Em 1935, na cobertura do Campeonato Brasileiro de Seleções, torneio entre seleções estaduais realizado de 1922 a 1962, a chave Norte foi toda disputada na capital, no antigo Campo da Avenida Malaquias. Estiveram presentes os times do Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará, Pará e Pernambuco, com jogos eliminatórios entre 21 de janeiro e 18 de fevereiro. Na abertura, os potiguares derrotaram os alagoanos por 3 x 0. No dia seguinte, o Diario trouxe uma novidade para o leitor, num resgate histórico encontrado pelo centro de documentação do DP: o scout do jogo. A quantidade de lances fora de jogo (“impedimento”), mão, faltas, ataque (“finalizações”), goal e corner.

A etapa regional do campeonato nacional terminaria com a Cacareco vencendo os paraenses por 5 x 2, com nove fotos na reportagem. No ano seguinte, a página de “Sports” do jornal se transformaria num suplemento exclusivo chamado “Todos os Sports”, tudo enfrentar a concorrência, com quase dez periódicos na capital. Em 1937, o nosso futebol enfim seria profissionalizado.

Portanto, há 80 anos foi publicado um dos primeiros registros de scout no estado, bem arcaico se comparado aos modelos da atualidade, com mais de uma dezena de estatísticas, mapas de calor, deslocamento, posse de bola, percentual de passes certos etc. Se hoje impressiona, imagine em 1935…

Scout da Fifa na Copa do Mundo. Crédito: montagem sobre arte da Fifa

Podcast 45 (134º) – Sport e Náutico líderes das Séries A e B. Santa goleado em BH

Um cenário inédito na história dos pontos corridos. Pernambuco lidera, ao mesmo tempo, as duas principais divisões do futebol brasileiro, com o Sport à frente na Série A (7 pontos) e o Náutico na dianteira da Série B (9 pontos). O assunto, claro, dominou a pauta da 134ª edição do 45 minutos, com um balanço deste início de Brasileirão. Até que ponto os dois clubes podem manter o embalo? No outro ponto, o Santa Cruz, somando mais um revés como visitante, ocupando a modesta 14ª colocação na segundona.

Confira um infográfico com os principais pontos do programa aqui.

No podcast, de 1h30min, estou ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa e João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Classificação da Série A 2015 – 3ª rodada

Classificação do Brasileirão 2015 após 3 rodadas. Crédito: Superesportes

Após os resultados dos jogos das 16h, com tropeços de Timão e Galo, uma vitória simples recolocaria o Sport na primeira colocação da Série A. Para ser justo, uma improvável goleada da Ponte Preta sobre o Cruzeiro no Mineirão evitaria o cenário, mas a Macaca ficou no empate em BH e o Rubro-negro fez a sua parte. No Recife, vitória apertada e bastante comemorada. O triunfo do Sport por 1 x 0 foi suficiente para retomar a liderança, sendo esta a segunda rodada que o clube lidera na era dos pontos corridos.

A 4ª rodada do representante pernambucano
31/05 (11h00) – Santos x Sport (Vila Belmiro)

Jogos em São Paulo pela elite: 1 vitória do Sport, 4 empates e 10 derrotas.

Sport vence o Coritiba e retoma a liderança por mais uma semana na Ilha

Série A 2015, 3ª rodada: Sport 1x0 Coritiba. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

O Sport fez o seu dever de casa mais uma vez e reassumiu a liderança do Brasileirão, após três rodadas. A vitória sobre o Coritiba foi apertada, 1 x 0, mas foi um baita exemplo do esquema de Eduardo Batista, de muita marcação e paciência para controlar o jogo. Um sistema que condiz com a disputa na elite.

Superior, o Sport só perdeu o domínio territorial na reta final do segunda etapa, quando o Coxa pressionou (em desvantagem), mas com apenas uma finalização efetiva, raspando a trave. Na maioria do tempo, a zaga com Durval e Matheus Ferraz se mostrou segura – a defesa desarmou 16 vezes, segundo o footstats. No meio-campo, povoado por três volantes e Régis, a troca de passes foi mais intensa, com mais confiança, tendo 91% de aproveitamento.

Sobre a vitória neste domingo, diante de 12.119 pessoas, ficou a sensação de que bastava um ataque um pouco melhor para uma vantagem maior. O gol do volante Neto Moura, num chute meio sem jeito, foi um prêmio para a promessa leonina, de 18 anos. À frente dele, Joelinton fazia apenas o trabalho de pivô, como no Maracanã (perdeu um gol feito, de cabeça), e Mike tropeçou nas próprias pernas, destoando do restante da equipe, apesar da entrega.

Com tranquilidade no fim, já com Diego Souza – que não começou devido a uma virose -, a vitória foi no embalo da torcida, consolidando o retrospecto diante do Coritiba. Esta foi a 5ª vitória seguida sobre o time na Série A, mantendo a sina de jamais ter perdido no Recife. Ao Leão, o momento é o de aproveitar estatísticas favoráveis, sem esquecer das dificuldades que ainda virão. No entanto, não custa nada curtir a primeira colocação por mais uma semana…

Série A 2015, 3ª rodada: Sport x Coritiba. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

A 3ª classificação da Segundona 2015

Classificação da Série B 2015 após 3 rodadas. Crédito: Superesportes

O Náutico é o único time 100% na segunda divisão nacional após três rodadas. O último resultado positivo ocorreu diante do Criciúma, 2 x 0. A liderança isolada, sem sofrer um gol sequer, é a melhor largada alvirrubra na era dos pontos corridos. Já o Santa Cruz sofreu a sua segunda derrota na Série B na condição de visitante. Desta vez, acabou goleado pelo América Mineiro, por 4 x 1, no Independência. Em 14º lugar, o atual campeão pernambucano está a quatro pontos da zona de classificação à elite.

No G4, um pernambucano (líder), um baiano, um maranhense e um carioca.

A 4ª rodada dos representantes pernambucanos
29/05 (19h30) – Santa Cruz x ABC (Arruda)
30/05 (16h30) – Sampaio Corrêa x Náutico (Castelão)

América Mineiro atropela o Santa Cruz no primeiro tempo e breca reação coral

Série B 2015, 3ª rodada: América-MG 4x1 Santa Cruz. Foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press

“Não marcamos o adversário e não construímos as jogadas. Daí, o resultado. Ainda não conseguimos jogar.”

A chateação de Ricardinho era visível (e justa) no intervalo no Horto. No sábado em que completou 39 anos, o técnico assistia à pior atuação do Santa Cruz neste ano. Com apenas 8 minutos, já perdia por 2 x 0. Com 15, o placar já apontava 3 x 0. No intervalo, 4 x 1, isso por causa das duas chances claras desperdiçadas pelo Coelho, até então em crise, mas àquela altura já arrancando um sorriso do carrancudo Givanildo Oliveira, ídolo nos dois clubes.

A leitura do técnico coral foi correta. Então, por que não mexeu? Porque podia fazer apenas três mudanças. E o time como um todo falhou. Fred inseguro, Danny Moraes lento e desatento, Sacoman marcando gol contra, Renatinho falhando bisonhamente na marcação, Sitta sem dizer a que veio, João Paulo isolado, Bruno Mineiro inoperante etc. Logo, era preciso ter calma para mudar. E ainda havia mais 45 minutos. Seja pelo relaxamento natural do América ou pela pressão (e reorganização) necessária do visitante, o Tricolor melhorou e teve boas chances, com duas bolas na trave e um gol mal anulado de Aquino.

Insuficiente para modificar o resultado, numa derrota certa desde as 16h28. Conforme escrito pelo blog no jogo passado, na vitória sobre o Paraná, cabia ao Santa quebrar o paradigma do perde/ganha na Série B. Ou seja, voltou ao ponto básico, o de vencer no Arruda (ABC, sexta) e só depois tentar algo fora de casa. A aspa de Ricardinho é um resumo do que não fazer na próxima vez.

Série B 2015, 3ª rodada: América-MG 4x1 Santa Cruz. Foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press