O hábito de folhear o jornal no estádio

Capas do jornal Torcida, gratuito. Imagem; divulgação

Além da cobertura diária dos quatro grandes jornais do estado, com o dia a dia dos clubes pernambucanos e análises exclusivas, existe uma linha editorial especial com circulação apenas nos jogos realizados no Grande Recife.

A distribuição gratuita do Torcida acontece na Ilha do Retiro, no Arruda e na Arena Pernambuco, nas apresentações de Sport, Santa Cruz e Náutico, respectivamente. Em ação desde 2010, o jornal traz um material exclusivo de cada time em edições distintas, com quatro páginas cada.

O nome unificado é uma evolução dos antigos JorNau, O Mais Querido e O Rugido, que rodaram nos estádios locais de 2006 a 2010.

A curiosidade em relação a este trabalho é o fato de que a vida útil do “jornalismo impresso”, como um todo, é colocada à prova a cada avanço tecnológico, com a informação cabendo num smartphone. Porém, o velho costume de folhear o jornal parece lutar contra isso. Mesmo no cimento quente de uma arquibancada.

E neste caso estamos falando de uma tiragem de 25 mil exemplares…

Confira algumas capas do Torcida: Náutico, Santa Cruz e Sport.

Cada exemplar tem uma diagramação estilizada nas cores do clube. A exceção fica nos clássicos da capital, com o logo dourado (veja aqui).

O silêncio no rádio de Zé

Zé do Rádio em 2011. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press

Torcedor-símbolo. Pelo amor, dedicação e representatividade de um clube, alguns apaixonados das arquibancadas entraram na história das instituições. Impossível esquecer a elegância de Dona Lia e a greia de Zequinha no Náutico, a onipresença de Bacalhau no Santa Cruz, o frevo de Dona Maria e o barulho de Zé do Rádio no Sport. Alguns dos nomes realmente populares, sem forçar.

A provocação, sadia, sempre existiu. Sem desrespeito. Daí, a consternação pelo falecimento do folclórico torcedor rubro-negro, que um dia foi o “mais chato do Brasil”, nas palavras do técnico Zagallo em 1999, irritado com a altura do som do arcaico rádio General Eletric, de 1961, durante uma peleja na Ilha do Retiro.

O apelido de Ivaldo Firmino dos Santos rapidamente se popularizou, chegando ao Guinness Book, em 2006, como o torcedor “mais chato do mundo”. Chato? Nem tanto, pois a sua presença significava a entrada da orquestra Treme-Terra.

Além disso, a sua história também foi marcada pelo transplante de coração – o doador, ironia do destino, foi um alvirrubro. A partir daí, levantou uma das bandeiras mais importantes da nossa sociedade, a doação de órgãos.

Enquanto a saúde deixou, Zé amou o Sport. Infelizmente, o seu rádio de oito faixas silenciou, mas fica a lembrança de um dos maiores personagens dos estádios pernambucanos. Na Ilha, no Arruda, nos Aflitos ou na Arena Pernambuco, gente do tipo faz com que o futebol não seja chato…

Em vez de grandes empresas na camisa, o patrocínio de um aplicativo no Recife

Patrocinadores do 99 Táxis em 2015. Crédito: facebook/reprodução

De tempo em tempo, no futebol brasileiro, uma empresa tenta massificar a sua imagem firmando contratos de patrocínio com várias equipes de uma vez, como Coca-Cola nos anos 1980 e os bancos BMG e Caixa recentemente. Agora, uma empresa “virtual”, o aplicativo 99Taxis, com acordos menores.

Já são oito clubes estampando a marca no ombro ou na manga, incluindo Sport e Santa Cruz, com a empresa anunciando a intenção de acertar com mais times, segundo a postagem publicada em seu perfil no facebook (veja aqui).

Entre os times mais solicitados pelo público na campanha “convoque o time 99”, destaca-se o Náutico, provavelmente pela rivalidade local. E estamos falando apenas de um aplicativo para smartphones, talvez o mercado futuro (já aberto). Esse formato distinto pode se estender até ao uso do próprio aplicativo. Neste caso, com descontos para torcedores dos times envolvidos.

Até o momento, a maior cota é a do Corinthians, de R$ 3,5 milhões por ano.

Atualização (25/05): sem surpresa, o Náutico também acabou firmando um patrocínio, pontual, para os dois jogos contra o Flamengo, pela Copa do Brasil.

Podcast 45 (133º) – Sport e Náutico ascendentes e um novo Santa na B

A reviravolta no Sport, vivendo um bom momento na Série A e na Copa do Brasil, abriu a nova edição do 45 minutos. Sobretudo porque a vitória sobre o Santos, mesmo desfalcado de peças importantes, aumentou a dúvida sobre a escolha pela Sul-Americana. Na sequência, a arrancada 100% do Náutico, com Lisca sendo o personagem principal, na tática e na motivação. Por fim, o 133º podcast debateu a missão do Santa em Belo Horizonte, contra o América/MG. O campeão pernambucano precisa de uma melhor postura como visitante.

No podcast, de 1h28min, estou ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa e João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Desfalcado, Sport vence o Santos e deixa incógnita entre Copa do Brasil e Sula

Copa do Brasil 2015, 3ª fase: Sport 2x1 Santos. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Antes de mais nada, é preciso ressaltar que independentemente do desfecho do confronto contra o Santos, o Sport sairá no lucro. Ou irá avançar às oitavas de final da Copa do Brasil, ganhando uma cota de R$ 690 mil, ou pela terceira vez seguida participará da Copa Sul-Americana, uma obsessão no clube. Dito isso, é preciso elogiar a postura do time escalado para o jogo de ida, na Ilha do Retiro.

Mesmo com seis desfalques, o Leão venceu por 2 x 1. Bateu o atual campeão paulista, que em tese vive o mesmo dilema. Entretanto, o Peixe veio com força máxima, com Robinho e Lucas Lima, num indicativo de sua escolha pelo torneio nacional. E com 15 segundos deu mostras disso, com Ricardo Oliveira exigindo uma ótima defesa de Danilo Fernandes, substituindo o lesionado Magrão.

O começo frenético acabou sendo favorável ao próprio mandante, que abriu o placar aos três minutos, com Régis – em grande noite. Depois, o ritmo caiu. Assim, com mais tranquilidade para tocar mais a bola, o Santos mostrou a sua qualidade, aos 20 minutos, com três passes até o gol do ex-rubro-negro Lucas Lima, diante de uma desorganizada recomposição da defesa pernambucana.

A partir daí, o jogo ficou com uma cara de “empate”, sem desagradar a ninguém (em tese, repito). Mas o Leão, compacto em campo, desempatou em outra boa jogada de Régis, que deixou Renê livre para marcar o gol da vitória. A vibração da torcida deixou (mais uma vez) claro o quanto é esdrúxulo este regulamento para a Sula. Não havia ninguém torcendo contra, não na Ilha.

Copa do Brasil 2015, 3ª fase: Sport 2x1 Santos. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Timbu segue 100% após três jogos, a uma vitória da sua melhor largada na Série B

Série B 2015, 3ª rodada: Náutico 2x0 Criciúma. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Três jogos, três vitórias, quatro gols marcados e nenhum gol sofrido. A arrancada do Náutico em 2015, ainda 100%, é a melhor da história do clube na Série B na era dos pontos corridos, fórmula iniciada em 2006.

Após os resultados positivos diante de Luverdense e Boa Esporte, com um golzinho em cada apresentação, o Timbu derrotou com autoridade o Criciúma, adversário de tradição na competição. O placar foi construído em apenas vinte minutos de bola rolando, com muita aplicação tática e vibração.

O centroavante Douglas foi decisivo, marcando o primeiro tento e sofrendo o pênalti convertido pelo zagueiro Ronaldo Alves, 2 x 0. No fim, a comemoração de Lisca “frescando” junto à torcida na Arena Pernambuco, após o apito final. A torcida, empolgada, foi no embalo. Valeu a noite. A explicação da dancinha é bem óbvia: Neto Baiano, ex-rival no Sport, atua na equipe catarinense.

Arrancadas do Alvirrubro na Série B (pontos corridos)
2006 – 2 vitórias e 1 derrota (66%)
2010 – 2 vitórias e 1 empate (77%)
2011 – 1 vitória, 1 empate e 1 derrota (44%)
2014 – 1 vitória e 2 empates (55%)
2015 – 3 vitórias (100%)

Indo além, a melhor largada do clube em toda a história da segunda divisão, desde 1971, ocorreu em 2001, quando bateu Remo (2 x 1), ABC (4 x 0), Ceará (2 x 1) e Nacional (1 x 0), duas vitórias em casa e duas fora. A série 100% terminou apenas na 5ª rodada, no empate em 1 x 1 com o Paysandu.

Logo, em 30 de maio o Timbu enfrentará o Sampaio Corrêa, em São Luís, para igualar o recorde e manter a liderança (ou, no máximo, co-liderança). Para uma equipe que começou o ano tão mal, e que está num processo de reformulação, essa estatística deverá convencer até o torcedor mais desconfiado de que a jornada no Campeonato Brasileiro deste ano pode ser surpreendente…

Série B 2015, 3ª rodada: Náutico 2x0 Criciúma. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Padrões de Sport, Náutico, Santa Cruz e Salgueiro cadastrados pela CBF em 2015

O Cadastro Nacional de Uniformes de Times (CNUT), produzido pela CBF, apresenta nesta temporada 144 padrões oficiais dos 60 clubes envolvidos nas Séries A, B e C do Campeonato Brasileiro. Esta é a 4ª versão do relatório, com todos os detalhes das camisas, calções e meiões das agremiações.

Em 2015, alguns times cadastraram três modelos no arquivo da entidade – os layouts foram checados pela diretoria de competições da confederação. Entre esses clubes, três representantes pernambucanos: Sport, Náutico e Salgueiro. Pois é. O Santa Cruz enviou apenas dois modelos oficiais, deixando o padrão “coral vertical” de fora, até porque sequer foi lançado.

Ao contrário dos levantamentos anteriores, desta vez os modelos contam com os patrocinadores (ao menos, o master). Confira o documento completo aqui.

Série A – Sport/Adidas

Padrões do Sport no cadastro nacional de uniformes de times (CNUT), da CBF, para a temporada 2015

Série B – Náutico/Umbro

Padrões do Náutico no cadastro nacional de uniformes de times (CNUT), da CBF, para a temporada 2015

Série B – Santa Cruz/Penalty

Padrões do Santa Cruz no cadastro nacional de uniformes de times (CNUT), da CBF, para a temporada 2015

Série C – Salgueiro/Rota do Mar

Padrões do Salgueiro no cadastro nacional de uniformes de times (CNUT), da CBF, para a temporada 2015

As medidas dos campos do Brasileirão, com ou sem Padrão Fifa

Dimensões oficiais do futebol, segundo a Fifa

Os treinadores dos clubes presentes no Brasileirão de 2015 se reuniram na sede da CBF no dia 27 de abril. Entre os temas discutidos, a uniformidade dos campos dos estádios utilizados na competição. O pleito é antigo.

Dos 19 estádios indicados pelos times (Fla e Flu dividem o Maraca), dez já foram adaptados às dimensões do “Padrão Fifa”, com 105 metros de comprimento e 68 metros de largura – conforme a 5ª versão do relatório “Estádios de futebol – Recomendações técnicas e os requisitos”, de abril de 2011. Curiosamente, os não adaptados têm medidas maiores. Ilha do Retiro, São Januário e Serra Dourada estão no topo, com uma área de jogo de 8,25 mil metros quadrados, ou 1.110 m² a mais que o tamanho estipulado pela Fifa.

O estádio vascaíno chegou a ter as “medidas modernas” durante a fase como centro de treinamento de seleções no Mundial de 2014. Contudo, este ano o presidente do clube, Eurico Miranda, retomou às medidas tradicionais, a pedido dos jogadores, uma vez que seria prejudicial ao rendimento da equipe, com a facilidade de retrancas adversárias (!). Já no caso do Sport, o campo principal do CT de Paratibe tem o mesmo tamanho do Adelmar da Costa Carvalho.

Há mais de 150 anos se busca uma padronização. Oficialmente, as medidas permitidas pela entidade que rege o football são de 90 a 120 metros de comprimento e de 45 a 90 metros de largura, resultando em um formato retangular, obviamente. Para partidas internacionais, a recomendação é mais específica, entre 100 e 110 metros de comprimento e 64 e 75 metros de largura.

Há quase uma década houve uma princípio de unificação no país. Em 2006, o Inmetro fez um levantamento em nove campos da Série A. Após o resultado, a CBF anunciou um estudo em âmbito nacional, consultando a Fifa, para saber sobre a possibilidade de serem definidas faixas de variações para as medidas. Parou ali, mas a queixa dos profissionais (técnicos e jogadores) se manteve.

Quem levantou a bandeira novamente – revelando a pauta dos técnicos na reunião no Rio, em 2015 – foi Levir Culpi, do Galo, que manda seus jogos em campos com o novo parâmetro. O discurso “padronizado” já é um começo…

8.250 m² (110m x 75m) – Ilha do Retiro (Sport)
8.250 m² (110m x 75m) – São Januário (Vasco)
8.250 m² (110m x 75m) – Serra Dourada (Goiás)
7.869,7 m² (108,25 x 72,7m) – Morumbi (São Paulo)
7.848 m² (109m x 72m) – Couto Pereira (Coritiba)
7.665 m² (105m x 73m) – Ressacada (Avaí)
7.437,7 m² (105,8m x 70,3m) – Vila Belmiro (Santos)
7.350 m² (105m x 70m) – Arena Joinville (Joinville)
7.350 m² (105m x 70m) – Orlando Scarpelli (Figueirense)
7.140 m² (105m x 68m) – Itaquerão (Corinthians)
7.140 m² (105m x 68m) – Allianz Parque (Palmeiras)
7.140 m² (105m x 68m) – Moisés Lucarelli (Ponte Preta)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena Condá (Chapecoense)
7.140 m² (105m x 68m) – Maracanã (Flamengo e Fluminense)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena Grêmio (Grêmio)
7.140 m² (105m x 68m) – Beira-Rio (Internacional)
7.140 m² (105m x 68m) – Mineirão (Cruzeiro)
7.140 m² (105m x 68m) – Independência (Atlético-MG)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena da Baixada (Atlético-PR)

Os demais estádios da Copa do Mundo de 2014 que ocasionalmente recebem jogos do Campeonato Brasileiro (incluindo a Arena Pernambuco, com seis partidas do Leão agendadas) também têm dimensões 105m x 68m.

Redes alvirrubras na Arena Pernambuco

Rede alvirrubra na Arena Pernambuco. Foto: twitter.com/nauticope

A relação entre Náutico e Arena Pernambuco é conturbada desde o começo, com o clube exigindo um pouco mais (com razão) e a administração do estádio alegando limitações contratuais. No entanto, em alguns detalhes há uma vontade de deixar o torcedor alvirrubro mais “à vontade”.

Além das faixas vermelhas e brancas, com o distintivo, presentes em toda a mureta da arquibancada inferior e da sirene da vitória, instalada em fevereiro, a partir de agora as redes passam a ser alvirrubras, como nos Aflitos. Essa aproximação ainda é tímida diante da relação criada nesses dois anos, com parte da torcida querendo a volta para o Eládio de Barros, mas é um começo.

Em relação à customização dos outros “clientes”, nos jogos de Santa Cruz e Sport, como mandantes, as faixas na mureta também ganham as cores dos clubes. A ideia das redes será estendida?

Podcast 45 (132º) – Saldo positivo na rodada dos pernambucanos no Brasileiro

O futebol pernambucano entrou em campo quatro vezes de sexta a domingo nas Séries A, B e C do Campeonato Brasileiro. Vitórias de Santa Cruz e Náutico na segundona e do Salgueiro na terceirona. Na elite, o Sport empatou com o Fla no Maracanã. Tudo isso está na pauta da 132ª edição do 45 minutos, com um debate sobre a evolução (na tabela) dos times locais.

No podcast, de 1h26min, estou ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa e João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!