Disputado desde 1915, o Campeonato Pernambucano chegou a 101 edições em 2015, ano marcado pelo centenário da FPF. Levantando todo o histórico do futebol local no arquivo público, o pesquisador Carlos Celso Cordeiro completou o ciclo com o terceiro livro sobre a competição.
Com dados de 2001 a 2015, o 21º livro lançado por Carlos Celso traz todos os jogos, públicos, artilheiros, classificações, arbitragem, entre outras curiosidades relacionadas ao Estadual, seguindo o modelo visto nos dois exemplares anteriores, de 1915 a 1970 e de 1971 a 2000. Tive o prazer de ser convidado pelo historiador para fazer o prefácio (íntegra na lista de comentários).
O trabalho, como quase sempre, se deve à paixão de Carlos Celso pela história do nosso futebol, bancando do próprio bolso a publicação de 122 páginas, sem qualquer apoio. Nem mesmo da federação, que alegou um mau momento financeiro após o fim do Todos com a Nota, por parte do governo do estado
A enxuta tiragem, com apenas vinte livros, pode ser ampliada à medida em que os leitores se interessem pelo projeto. Para adquirir o livro (R$ 42), eis o contato do autor: ccelsocordeiro@oi.com.br.
A Carlos Celso, fica a torcida pelo sucesso. Trata-se do maior pesquisador do futebol pernambucano, um verdadeiro banco de dados.
Cássio,
Ter você como prefaciador de CAMPEONATO PERNAMBUCANO – 2001 a 2015 foi muito importante. A decisão de lhe convidar decorreu do conhecimento que tínhamos do seu interesse pela história do nosso futebol. Esta impressão nasceu quando você me entrevistou na época do seu trabalho de conclusão do curso. A impressão inicial foi se cristalizando com o acompanhamento do seu trabalho no Diário de Pernambuco. Seu prefácio agregou valor ao nosso livro. Muito obrigado.
Massa demais maestro!
Prefácio:
No início da década de 1980, o engenheiro mecânico Carlos Celso Cordeiro começou a guardar fichas técnicas dos jogos disputados pelos clubes recifenses. Eram pequenos registros de jornais organizados em pastas, juntamento às fotografias amareladas dos periódicos, guardadas em fichários. Relatos de uma tradição esportiva bem acima da média, modéstia à parte. Era uma mania particular, com o o gosto apurado pela história, mas que não ficou restrita ao Náutico, a sua paixão nos gramados. Mas, sim, ao futebol pernambucano como um todo. Em 1996, com tanto para contar àquela altura, ele começou dividir a sua velha mania com os torcedores, daqueles com bagagem, que ainda tinham bem vivo na memória os gols de Bita, Ramón e Raul Betancor, assistidos in loco. Para não ir mais longe entre outros tantos nomes que brilharam no passado, taco a taco com craques de renome nacional. Felizmente, o interesse também se estendeu às gerações mais novas, já acostumadas com os lances de Leonardo, Paulo Leme e Luís Carlos. Começou com livros dedicados aos clubes, com todos os seus jogos (difícil imaginar outra pessoa que poderia ter feito isso). Indo além, talhando o material – enfim digitalizado e armazenado em computadores – o Campeonato Pernambucano também mereceu uma atenção especial.
Se hoje você sabe que o primeiro gol da história da competição (e já foram mais de 25 mil) foi anotado por Mário Rodrigues, na vitória do Santa sobre o extinto Coligação, por 1 a 0, há uma chance considerável de o registro tenha sido recuperado pelo incansável pesquisador. Essa partida, realizada em 1º de agosto de 1915, na Campina do Derby, atual campo da Polícia Militar de Pernambuco, abriu uma história centenária, que transformou ao longo dos anos os distintivos de Náutico, Santa Cruz e Sport em marcas de peso no esporte. De 1915 a 1970 e de 1971 a 2000, a história do Estadual foi contada passo a passo, acabando com qualquer discussão de mesa de bar, sobre quem fez o gol, quem jogou, quem venceu, a quantidade de gente na arquibancada e por aí vai. Já havia uma ansiedade pela terceira parte dessa história. E aqui quem escreve é um jornalista esportivo que teve o privilégio de contar com Carlos Celso Cordeiro em seu trabalho de conclusão de curso, há tempos consultando algum dos vários livros lançados.
Por mais que romancear o futebol seja uma prática deliciosa na escrita, não há como ignorar os fatos na história. E eles precisam ser claros, objetivos. Esse é o trabalho apresentado neste livro, dando sequência ao modelo criado há duas décadas por Carlos Celso, independentemente do apoio de editoras, clubes ou federação. Escasso, na maioria das vezes. Entretanto, a vontade de dividir o conhecimento entre tantos aficionados é maior que tudo. Detalhando tudo o que aconteceu de 2001 a 2015, a publicação fecha um ciclo. No Brasil, poucos campeonatos estaduais contam com um levantamento deste porte, tenha certeza. E não pense que é um estudo fácil. A lista de artilheiros dos primeiros anos, ainda na era amadora, é um bom exemplo. Algumas edições seguem abertas. São 13 campeonatos sem um artilheiro conhecido até 1932. Eu duvido, contudo, que Carlos Celso tenha desistido de descobrir os nomes desses goleadores, por mais que o arquivo jornalístico, com uma cobertura bem distinta na época, complique um pouco a busca. A pesquisa não para. O arquivo público é visitado há trinta anos, com revisões em jornais já lidos, duas vezes. Nos campeonatos deste século XXI, a experiência adquirida por Carlos Celso agilizou o processo com as estatísticas de Kuki, Carlinhos Bala, Magrão e companhia. Para quem já acompanha a tanto tempo esse trabalho, é quase desnecessário dizer que o livro é indispensável. A qualidade é reconhecida, a partir de algo básico no futebol: paixão.