Contra o Fla, a torcida do Náutico abre faixa de protesto contra a espanholização

Copa do Brasil 2015, 3ª fase: Náutico x Flamengo. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

O confronto entre Náutico e Flamengo, pela Copa do Brasil de 2015, expôs uma diferença gigantesca em termos de finanças. Sendo didático, eis o comparativo entre as receitas operacionais divulgadas em 2014.

Timbu: R$ 15,9 milhões
Mengo: R$ 334,3 milhões

O rubro-negro carioca tem uma torcida nacional, apontada como a maior do país, e uma marca rentável no mercado, inclusive no exterior. Há, sim, uma clara diferença em relação ao Alvirrubro. A projeção de torcidas, de acordo com a mais recente pesquisa do Ibope, de 2014, seria de 488 mil x 32 milhões. Pesa.

Entretanto, no faturamento há uma considerável parte reservada à cota de transmissão. Ao Fla, anualmente, a cota mais alta da Série A, ao lado do Corinthians, de R$ 110 milhões. Corresponde a 32% de sua receita. O Timbu, na Série B, precisa se contentar com R$ 3 milhões da televisão. Para o time pernambucano, isso representa 18%. Talvez esteja aí a base do protesto da torcida timbu no jogo na Arena Pernambuco, exibido para quase todo o país.

No anel inferior, torcedores levaram faixas com as seguintes mensagens: “Cotas de TV: R$ 150 milhões x R$ 3 milhões”, com o primeiro valor ‘majorado’, e “Onde está o Bom Senso?”, numa referência ao movimento criado pelos atletas para moralizar o futebol, criando boas condições de trabalho.

No blog, vale algumas observações:

1) Muitas pessoas atribuem como um processo de “espanholização” do futebol brasileiro a verba recebida pelo Flamengo através da tevê. Num contrato privado, entre duas partes (emissora e clube), o valor acordado pode ser, sim, diferenciado (para mais). O que se discute é um processo mais equânime em relação aos outros clubes de tradição no cenário peculiar que é o do nosso país, com pelo menos 18 times com mais de 1 milhão de torcedores. O modelo de distribuição da Premier League é o maior exemplo.

2) Enxergando mais especificamente o cenário de 2015, é possível mirar no rival do Fla, o Botafogo. Na Série B, o alvinegro recebeu R$ 45 milhões, com os 19 concorrentes, juntos, ganhando R$ 57 mi. É difícil concorrer de fato.

3) Sobre o Bom Senso F.C., o movimento é um viés positivo no futebol, criado em 2013. Contudo, a sua relação com o Náutico (e sua torcida, claro) ficou marcada pela greve durante o Brasileirão daquele ano, com Martinez à frente do processo. Os salários estavam atrasados, de fato, mas até hoje aquele foi o único caso articulado pelo grupo. Seria interessante a mesma pressão (necessária, diga-se) nos maiores clubes.

Copa do Brasil 2015, 3ª fase: Náutico x Flamengo. Imagem: Rede Globo/reprodução

28 Replies to “Contra o Fla, a torcida do Náutico abre faixa de protesto contra a espanholização”

  1. Essa distorção financeira vivenciada pelo clubes é um reflexo da nossa ineficiência de gestão.

    Enquanto o mercado for monopolista, ele estará gerando desigualdade.

  2. Apesar de ser Flamenguista, antes tudo, sou um apaixonado por futebol e prezo a desigualdade, tanto social quanto econômica.

    É injusto olhar a concentração maciça de times da região sudeste na séria A do Brasileiro. Por outro lado, não podemos esquecer que esses times são compostos pelos Estados com maior receita do país, isso justifica este resultado. Agora, é relevante o equilíbrio financeiros dos times brasileiro, e cabe a CBF e os clubes envolvidos propor mecanismos para melhorar essas condições.

  3. Sáo tantas baboseiras escritas em comentários aqui que chego a ficar chateado com meus pais por não terem viajado para eu nascer na Guiana Francesa por exemplo!.. Quando falamos sobre políticos com salários milionarios enquanto VOCE pega trem de madrugada para ganhar uma miséria todos são a favor de melhorias, mas quando falamos sobre esse absurdo de divisão de cotas ai so os times do Rio e de São Paulo estão certos!.. Queria ver era a Globo conseguir transmitir um jogo do Flamengo contra o Náutico sem mostrar o timbu na transmisão!.. o Presidente do Paysandu Alberto Maia ja levantou essa bola com alguns presidentes, pois os times deveriam se unir contra esse absurdo!..

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