Com 41 jogos, Arena Pernambuco termina 2015 com apenas 23% de ocupação

Arena Pernambuco. Crédito: Google Maps

A terceira temporada de operação da Arena Pernambuco, administrada através de uma parceria público-privada, registrou a pior média de público do empreendimento. O quadro considera os jogos oficias de Náutico, Santa Cruz e Sport, que mandaram 41 partidas em São Lourenço da Mata em 2015. O índice de 10,6 mil torcedores deixou a ocupação em apenas 23%, menos de 1/4 das 46.214 cadeiras vermelhas à disposição.

A situação só deve agravar o balanço financeiro do estádio, que já ficou no vermelho nos dois primeiros anos (R$ 29,7 milhões em 2013 e R$ 24,4 milhões em 2014). Apesar de ter sido, pelo segundo ano seguido, o estádio com mais partidas na região metropolitana, a arena sentiu bastante o mau desempenho do Náutico no borderô, uma vez que a agenda alvirrubra corresponde a 70% de todos os jogos marcados no local – e segue como o único clube com contrato fixo. Este ano, a média timbu caiu de 7.812 para 6.076 espectadores, enquanto a arrecadação despencou de R$ 6,6 milhões para R$ 3,4 mi.

Também pesou o baixo número de apresentações dos tricolores, uma no Estadual e outra na Série B, em vez dos seis jogos em 2014. Já o Sport, que subiu o número de partidas no local de 7 para 10, continuou sendo o diferencial a favor, com média de público de 23 mil pessoas e bilheteria de quase R$ 700 mil por jogo. O ponto alto foi o recorde de público e renda, no jogo Sport 2 x 0 São Paulo, com 41.994 pessoas e R$ 1,25 milhão. Vale destacar os amistosos não entram neste levantamento do blog. Em janeiro, por exemplo, 22 mil pessoas assistiram à Taça Ariano Suassuna, com Sport 2 x 1 Nacional do Uruguai.

Em relação ao futuro, a presença do Santa Cruz na Série A pode ser um bom indicativo de receita. Apesar de a direção coral já ter dito que não abre mão do Arruda, a tabela com mais jogos aos domingos pode ajudar na negociação para mandar algumas partidas no estádio da Copa, que ainda sente a falta de público.

Público e arrecadação na Arena PE
2015
Jogos: 41
Público: 437.893 pessoas (média: 10.680)
Ocupação: 23,1%
Renda: R$ 11.017.089 (média: R$ 268.709)
Tíquete: R$ 25,16

2014
Jogos: 43
Público: 529.146 pessoas (média: 12.305)
Ocupação: 26,6%
Renda: R$ 14.467.554 (média: R$ 336.454)
Tíquete: R$ 27,34

2013
Jogos: 21
Público: 247.604 pessoas (média: 11.790)
Ocupação: 25,5%
Renda: R$ 6.360.142 (média: R$ 302.863)
Tíquete: R$ 25,68

Jogos oficiais no Grande Recife
2015 – 90 jogos*
41 na Arena
25 na Ilha do Retiro
24 no Arruda
Ainda houve uma partida de portões fechados, na Ilha. 

2014 – 93 jogos*
43 na Arena
27 na Ilha do Retiro
22 no Arruda
1 nos Aflitos
*O Santa ainda disputou três partidas no Lacerdão, em Caruaru, numa punição do STJD por causa de briga de torcida.

2013 – 96 jogos
33 na Ilha do Retiro
27 no Arruda
21 na Arena*
15 nos Aflitos
*Uma das partidas foi o clássico entre Botafogo e Fluminense, pela Série A.

Desempenho do trio recifense na Arena em 2015
Náutico – 29 jogos
Público: 176.204 pessoas (média: 6.076)
Ocupação: 13,1%
Renda: R$ 3.409.274 (média: R$ 117.561)
Tíquete: R$ 19,34

Sport – 10 jogos
Público: 232.417 pessoas (média: 23.241)
Ocupação: 50,2%
Renda: R$ 6.941.140 (média: R$ 694.114)
Tíquete: R$ 29,86

Santa Cruz – 2 jogos
Público: 29.272 pessoas (média: 14.636)
Ocupação: 31,6%
Renda: R$ 666.675 (média: R$ 333.337)
Tíquete: R$ 22,77

Relembre os balanços anteriores: 2013 e 2014.

O ranking nacional de federações em 2015, com Pernambuco em 7º lugar

O ranking da CBF em relação às federações estaduais em 2015. Crédito: CBF

O Ranking da CBF em vigor, contemplando apenas os últimos cinco anos, foi criado em 2012. Até ali, com um critério diferente, o futebol pernambucano, através da FPF, ocupava um histórico 6º lugar. Com novo “corte” na tabulação dos pontos, o estado caiu para a 8ª posição, onde ficou durante três anos.

Agora, após o 6º lugar do Sport na Série A (2.720 pontos), o 2º do Santa na Série B (1.600 pts) e o 5º do Náutico também na segundona (1.380 pts), o futebol local enfim subiu na lista, agora figurando em 7º lugar. Superou Goiás, que em 2016 terá os seus três grandes clubes na segundona. Como Pernambuco terá dois times na elite, a tendência é consolidar o status. Contudo, para retomar o 6º lugar a missão é mais difícil, uma vez que o estado está a 7.951 pontos do Paraná. A grande surpresa no ranking é Santa Catarina, que este ano teve quatro clubes no Brasileirão. Entrou no G4, no lugar dos gaúchos.

Vale lembrar que a colocação do estado influencia diretamente no número de vagas na Copa do Brasil. Hoje, Pernambuco tem direito a três.

Representantes locais: Sport (19º, 7.928), Náutico (25º, 6.139), Santa Cruz (35º, 4.310), Salgueiro (47º, 2.644 pts), Central (84º, 712 pts), Porto (137º, 279 pts), Serra Talhada (141º, 255 pts), Ypiranga (141º, 255 pts), Petrolina (187º, 102 pts).

Pernambuco no ranking nacional
2015 – 7º (22.624)
2014 – 8º (21.520)
2013 – 8º (21.642)
2012 – 8º (22.765)

Top 3 do Nordeste
2015
1º) Pernambuco (7º, 22.624)
2º) Bahia (9º, 17.683)
3º) Ceará (10º, 14.627)

2014
1º) Pernambuco (8º, 21.520)
2º) Bahia (9º, 20.031)
3º) Ceará (10º, 16.500)

2013
1º) Pernambuco (8º, 21.642)
2º) Bahia (9º, 20.902)
3º) Ceará (10º, 18.024)

2012
1º) Pernambuco (8º, 22.765)
2º) Bahia (9º, 21.484)
3º) Ceará (10º, 19.227)

Podcast 45 – Tira-teima dos melhores e piores do futebol pernambucano em 2015

Tira-teima do Podcast 45 minutos em 2015

Fim de temporada no futebol pernambucano, Hora do balanço do 45 minutos. Como em outras oportunidades, uma edição especial com o “tira-teima”, neste caso voltado para os resultados de Náutico, Santa e Sport em 2015. Perguntas diretas, sem direito a ficar “em cima do muro”. Qual foi a melhor atuação de cada um (Bahia 1 x 2 Santa, Sport 3 x 0 Inter, Vitória 2 x 3 Náutico)? E a pior? E o time que mais se destacou (Santa campeão estadual e vice da Série B ou Sport, o 6º da Série A)? Na sequência, a escolha da melhor contratação, da maior decepção, do pior jogador… E ainda uma debate sobre as mudanças entre os maiores times da região e o cada vez mais insustentável G12.

Bom humor e muita opinião num bate-papo de 2h37!

Nesta edição, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Ranking da CBF em 2015 com Sport (19º), Náutico (25º) e Santa Cruz (35º)

O ranking da CBF atualizado em 8 de dezembro de 2015. Crédito: CBF

A Confederação Brasileira de Futebol atualizou o ranking oficial de clubes após a realização de todas as competições nacionais em 2015, com o Corinthians desbancando o Cruzeiro na liderança. Como ocorre há quatro temporadas, a entidade adiciona pontos apenas em seus torneios, com as Séries A, B, C e D e a Copa do Brasil. Nada estaduais ou torneios internacionais. Para a tabulação, se leva em conta o desempenho dos clubes nos últimos cinco anos, com pesos diferentes, dando vantagem aos anos mais recentes (veja o sistema aqui).

Apesar da 6ª colocação na Série A, o Sport subiu apenas uma colocação na lista, figurando em 19º lugar. Melhor rankeado entre os pernambucanos, o Leão por pouco não liderou entre os nordestinos, ficando a 126 pontos do Bahia, que se manteve na ponta pelo segundo ano seguido. A título de curiosidade, os pontos obtidos na Copa do Brasil de 2008 não contam mais para o Leão, pois o título aconteceu há sete anos, já fora do alcance da lista atual. O Náutico, que ficou a um triz do acesso, também ganhou uma posição, se mantendo entre os cinco da região. Contudo, a pontuação atual (6.139) é a menor do clube.

Não foi diferente com o Santa Cruz, também subindo um degrau. Vice-campeão da Segundona, o clube foi do 36º para o 35º – a sua melhor posição, que ainda reflete a passagem na quarta divisão. Ao trio, pesou contra a baixa pontuação na Copa do Brasil de 2015 – o Ceará, por exemplo, fez má campanha na Série B, mas somou 1.000 pontos por ter chegado às oitavas da copa nacional.

Outros seis clubes pernambucanos estão presentes: Salgueiro (47º, 2.644 pts), Central (84º, 712 pts), Porto (137º, 279 pts), Serra Talhada (141º, 255 pts), Ypiranga (141º, 255 pts), Petrolina (187º, 102 pts). Ao todo, são 223 clubes na lista organizada pelo departamento de competições da CBF.

Rankings anteriores: 2014, 2013 e 2012.

Sport
2015 – 19º (7.928)
2014 – 20º (6.970)
2013 – 24º (6.740)
2012 – 19º (8.284)

Náutico
2015 – 25º (6.139)
2014 – 26º (6.470)
2013 – 21º (7.557)
2012 – 22º (8.036)

Santa Cruz
2015 – 35º (4.310)
2014 – 36º (3.930)
2013 – 45º (3.091)
2012 – 48º (2.704)

As colocações do Trio de Ferro nos cenários estadual, regional e nacional:

Gramados padronizados no Brasil em 2016, com mudanças na Ilha e no Arruda

Gramado

O pedido havia sido feito em maio, pelos próprios técnicos da Série A, liderados por Levir Culpi, então no Atlético Mineiro. Para melhorar o sistema de jogo, se exigiu a padronização das dimensões dos campos, seguindo as definições dos torneios da Fifa. Ou seja, 105 metros de comprimentos por 68 metros de largura. Em 2015, sete estádios tinham tamanhos diferentes, todos eles maiores. Agora, em dezembro, a resposta da confederação brasileira de futebol. Através do diretor de competições da entidade, Manoel Flores, a CBF comunicou que os estádios inscritos nas duas principais divisões nacionais deverão contar com a dimensão unificada a partir de 2016.

A medida terá um reflexo imediato em Pernambuco, uma vez que, curiosamente, os campos da Ilha do Retiro e do Arruda são os maiores da primeira divisão – na segundona, o Náutico não terá problema algum na Arena Pernambuco. Os dois gramados têm mais de 1.000 metros quadrados de diferença em relação ao novo “tamanho-padrão”. Sport, Santa Cruz e os demais administradores de estádios receberão da CBF os instrumentos específicos para indicar, exatamente, os trechos que devem ser pintados.

Oficialmente, as medidas permitidas pela Fifa são de 90 a 120 metros de comprimento e de 45 a 90 metros de largura, resultando em um formato retangular, obviamente. Aos poucos, vai se buscando um padrão internacional, já adotado na Copa do Mundo, Eurocopa, Copa América, Olimpíadas…

Confira as dimensões atuais dos estádios do Brasileirão 2016
8.250 m² (110m x 75m) – Ilha do Retiro (Sport)
8.190 m² (105m x 78m) – Arruda (Santa Cruz)
7.869,7 m² (108,25 x 72,7m) – Morumbi (São Paulo)
7.848 m² (109m x 72m) – Couto Pereira (Coritiba)
7.437,7 m² (105,8m x 70,3m) – Vila Belmiro (Santos)
7.350 m² (105m x 70m) – Barradão (Vitória)
7.350 m² (105m x 70m) – Orlando Scarpelli (Figueirense)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena Pernambuco (Sport e Santa Cruz)
7.140 m² (105m x 68m) – Itaquerão (Corinthians)
7.140 m² (105m x 68m) – Allianz Parque (Palmeiras)
7.140 m² (105m x 68m) – Moisés Lucarelli (Ponte Preta)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena Condá (Chapecoense)
7.140 m² (105m x 68m) – Maracanã (Flamengo, Fluminense e Botafogo)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena Grêmio (Grêmio)
7.140 m² (105m x 68m) – Beira-Rio (Internacional)
7.140 m² (105m x 68m) – Mineirão (Cruzeiro e Atlético-MG)
7.140 m² (105m x 68m) – Engenhão (Botafogo)
7.140 m² (105m x 68m) – Independência (Atlético-MG e América-MG)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena da Baixada (Atlético-PR)

O preço de cada ponto somado no Campeonato Brasileiro de 2015

A relação cota de TV x pontuação na Série A de 2016. Arte: Tiago Nunes (twitter.com/TiagoJNunes)

A milionária diferença entre as receitas no Campeonato Brasileiro, sobretudo através da televisão, vem afunilando a disputa pelas primeiras colocações. Quase sempre, o maior investimento obtém resultados satisfatórios. Quase sempre. Que o diga o Vasco, rebaixado pela terceira vez em oito anos. Mesmo com a 4ª maior cota de TV em 2015, os cruz-maltinos terminaram no Z4. E a relação dinheiro/ponto expõe o clube, com R$ 1,7 milhão a cada pontinho somado na tabela. A interessante análise sobre a eficiência de gasto foi feita por Tiago Nunes, calculando todas as cotas (fixas) de acordo com a classificação final da Série A.

Este ano, o Corinthians conquistou o título quebrando o recorde de pontos nos pontos corridos, desde que a competição passou a ter vinte clubes. Foram 81 pontos, mas na “administração” do dinheiro, foi o 18º. A Ponte Preta, 11ª colocada, está no topo desta lista, com R$ 352 mil a cada ponto somado. Com essa quantia, o Timão precisaria ter somado 312 pontos! Impossível, claro, pois a pontuação máxima é de 114.

No fim da lista, o Flamengo, que gastou seis vezes mais que a Macaca para cada ponto. Um dinheiro sem retorno no rubro-carioca, sem dúvida.

1º) Ponte Preta – R$ 352 mil/pontos (R$ 18 mi e 51 pts)
2º) Chapecoense – R$ 382 mil/ponto (R$ 18 mi e 47 pts)
3º) Figueirense – R$ 418 mil/ponto (R$ 18 mi e 43 pts)
4º) Avaí – R$ 428 mil/ponto (R$ 18 mi e 42 pts)
5º) Sport – R$ 457 mil/ponto (R$ 27 mi e 59 pts)
6º) Atlético-PR – R$ 529 mil/ponto (R$ 27 mi e 51 pts)
7º) Joinville – R$ 580 mil/ponto (R$ 18 mi e 31 pts)
8º) Coritiba – R$ 613 mil/ponto (R$ 27 mi e 44 pts)
9º) Atlético-MG – R$ 652 mi/ponto (R$ 45 mi e 69 pts)
10º) Grêmio – R$ 661 mil/ponto (R$ 45 mi e 68 pts)
11º) Goiás – R$ 710 mil/ponto (R$ 27 mi e 38 pts)
12º) Internacional – R$ 750 mil/ponto (R$ 45 mi e 60 pts)
13º) Cruzeiro – R$ 818 mil/ponto (R$ 45 mi e 55 pts)
14º) Fluminense – R$ 957 mil/ponto (R$ 45 mi e 47 pts)
15º) Santos – R$ 1,03 milhão/ponto (R$ 60 mi e 58 pts)
16º) São Paulo – R$ 1,29 milhão (R$ 80 mi e 62 pts)
17º) Palmeiras – R$ 1,32 milhão/ponto (R$ 70 mi e 53 pts)
18º) Corinthians – R$ 1,35 milhão/ponto (R$ 110 mi e 81 pts)
19º) Vasco – R$ 1,70 milhão/ponto (R$ 70 mi e 41 pts)
20º) Flamengo – R$ 2,24 milhões/ponto (R$ 110 mi e 49 pts)

Chico Science e Ariano Suassuna na pauta de Santa Cruz e Sport em 2016

Troféu Chico Science e Taça Ariano Suassuna em 2015. Fotos: Diario de Pernambuco

A pré-temporada em janeiro foi instituída no futebol brasileiro em 2015. Aproveitando o período determinado pela CBF, Santa e Sport criaram torneios amistosos contra times do exterior para movimentar as equipes antes do Campeonato Pernambucano. Ambos homenagearam torcedores ilustres, Chico Science e Ariano Suassuna, símbolos do manguebeat e do movimento armorial. Após a primeira edição, ficou a dúvida sobre a continuidade dos troféus.

Para 2016, ambos seguem na pauta. No caso leonino, cuja primeira partida teve uma bilheteria de R$ 500 mil, o departamento de marketing iniciou conversas com vários times. Houve contato com Shakhtar Donetsk, Ajax e Feyenoord. O objetivo é manter o status “internacional”. Entre os tricolores, ainda não se definiu a nacionalidade do adversário (brasileiro ou gringo), mas há o compromisso de uma organização melhor, incluindo a concepção do troféu.

Em relação às datas, caso se aproveite o fim de semana, os dias mais propícios seriam 23 e 24 de janeiro, a uma semana do hexagonal do Estadual. Vale lembrar que a secretaria de turismo do estado lançou a ideia de um quadrangular em janeiro com dois times pernambucanos e dois argentinos. Os representantes locais seriam os finalistas do certame local (Santa e Salgueiro). Passados onze meses, a ideia não foi concretizada. De toda forma, a pré-temporada recifense deverá ter alguma taça em jogo…

Troféu Chico Science
22/01/2015 – Santa Cruz (10) 1 x 1 (11) Zalgiris Vilnius (Lituânia)

Taça Ariano Suassuna
24/01/2015 – Sport 2 x 1 Nacional (Uruguai)

Calculando as cotas da Série A 2016 a partir do modelo da Premier League

Premier League, a liga de futebol da Inglaterra

Em 2016, o investimento da televisão no Brasileirão será de R$ 1,23 bilhão. A divisão da receita é um recorrente tema de debate, ainda mais agora, com o início do novo contrato da Globo com os clubes, com três anos de duração.

Paralelamente à discussão sobre a distorção das cotas, a Premier League sempre aparece como modelo ideal. No futebol inglês, a receita oriunda da tevê é dividida da seguinte forma: 50% igualmente entre os vinte times, 25% pela classificação no campeonato anterior e 25% pela representatividade de audiência de cada um. Assim, em vez do atual sistema de castas no Brasil, com um hiato de R$ 150 milhões entre a maior cota (Flamengo e Corinthians) e a menor (Santa Cruz, Ponte, entre outros), a diferença máxima seria de R$ 67 milhões, no caso entre Corinthians e América-MG. Mais equilíbrio, sem dúvida.

Projeção de cotas de TV na Série A de 2016 a partir do modelo da Premier League. Crédito: Diego Borges/Rádio Globo Recife AM

No quadro inspirado no campeonato inglês, o jornalista Diego Borges, da Rádio Globo Recife AM, projetou a cota da Série A de 2016 conferindo, na divisão da classificação, 9,75% ao campeão, 9,25% ao 2º etc. Usando um método bem semelhante, Douglas Batista mudou apenas o peso de cada colocação (20 ao 1º, 19 ao 2º etc). Foi com este segundo modelo que Chistiano Candian imaginou em maio como seria a distribuição do Brasileiro de 2015 (veja aqui).

Sport no contrato oficial
2016 – R$ 35,0 milhões
2015 – R$ 27,0 milhões

Sport via Premier League
2016 – R$ 61,7 milhões
2015 – R$ 40,5 milhões

Em relação à intervenção do governo brasileiro neste processo – possível, pois a emissora de televisão, mesmo privada, opera numa concessão pública -, dois projetos de lei já foram criados, ambos por deputados federais pernambucanos.

Em 2011, o Projeto de Lei 2019/2011 de Mendonça Filho.

50% de forma igualitária entre os 20 participantes
50% numa composição entre classificação e audiência (sem especificação)

Em 2014, o Projeto de Lei 7681/2014, do Raul Henry.

50% da receita serão divididos igualmente entre os 20 participantes
25% da receita serão divididos conforme a classificação na última temporada
25% da receita serão divididos proporcionalmente ao nº de jogos transmitidos

Ambos engavetados na Câmara.

A regionalização das séries A, B e C do Campeonato Brasileiro em 2016

Ao todo, 60 clubes do país têm “calendário cheio”, com atividade regular devido à participação nas três principais divisões do Campeonato Brasileiro. Com a definição de todos os acessos e descensos, veja como ficou a relação nas séries A, B e C de 2016. Ainda há a Série D, claro, mas trata-se de uma competição com a classificação oriunda dos campeonatos estaduais.

Série A
Corinthians-SP, Atlético-MG, Grêmio-RS, São Paulo-SP, Inter-RS, Sport-PE, Santos-SP, Cruzeiro-MG, Palmeiras-SP, Atlético-PR, Ponte Preta-SP, Flamengo-RJ, Fluminense-RJ, Chapecoense-SC, Coritiba-PR, Figueirense-SC, Botafogo-RJ, Santa Cruz-PE, Vitória-BA, América-MG

Nordeste – 3 (2 pernambucanos e 1 baiano)
Sudeste – 11 (5 paulistas, 3 cariocas e 3 mineiros)
Sul – 6 (2 gaúchos, 2 paranaenses e 2 catarinenses)
Centro-Oeste – 0
Norte – 0

Série B (16)
Avaí-SC, Vasco-RJ, Goiás-GO, Joinville-SC, Náutico-PE, Bragantino-SP, Paysandu-PA, Sampaio Corrêa-MA, Bahia-BA, Luverdense-MT, CRB-AL, Criciúma-SC, Paraná-PR, Atlético-GO, Ceará-CE, Oeste-SP, Vila Nova-GO, Londrina-PR, Tupi-MG e Brasil-RS

Nordeste – 5 (1 pernambucano, 1 baiano, 1 cearense, 1 maranhense e 1 alagoano)
Sudeste – 4 (2 paulistas, 1 carioca e 1 mineiro)
Sul – 6 (3 catarinenses, 2 paranaenses e 1 gaúcho)
Centro-Oeste – 4 (3 goianos e 1 mato-grossense)
Norte – 1 (1 paraense)

Série C
Macaé-RJ, ABC-RN, Boa Esporte-MG, Mogi Mirim-SP, Fortaleza-CE, ASA-AL, Confiança-SE, Portuguesa-SP, América-RN, Juventude-RS, Guarani-SP, Botafogo-PB, Cuiabá-MT, Salgueiro-PE, Tombense-MG, Guaratinguetá-SP, Botafogo-SP, River-PI, Remo-PA e Ypiranga-RS.

Nordeste – 8 (2 potiguares, 1 pernambucano, 1 cearense, 1 alagoano, 1 sergipano, 1 paraibano e 1 piauiense)
Sudeste – 8 (5 paulistas, 2 mineiros e 1 carioca)
Sul – 2 (2 gaúchos)
Centro-Oeste – 1 (1 mato-grossense)
Norte -1 (1 paraense)

A distribuição dos milhões das cotas de televisão nas Séries A e B de 2016

As cotas de TV do Campeonato Brasileiro da Série A em 2016. Arte: Fred Figueiroa/DP/D.A Press

As duas principais divisões do Campeonato Brasileiro têm uma cobertura completa da TV, com a transmissão dos 760 jogos, nos sinais aberto e fechado. Ambas as séries já estão definidas para 2016, com quatro trocas na A, como a volta de Botafogo e Santa, e oito mudanças na B, com destaque para a terceira participação do Vasco. E a próxima temporada marca o início do novo contrato com a Rede Globo, detentora dos direitos. Os 40 times receberão novos repasses, que fomentam a maior parte das respectivas receitas. No quadro produzido pelo podcast 45 minutos, um raio x das finanças oriundas da tevê.

Na elite foram firmados acordos de três anos, com clubes acima de R$ 35 milhões/ano. É o caso Sport, no último escalão dos “cotistas” até 2018. Basta compará-lo a Corinthians e Flamengo, que passam a ganhar R$ 170 milhões, R$ 60 mi a mais que no contrato encerrado, num aumento de 54%. Ou seja, maior numérica e percentualmente. Uma evolução baseada na audiência dos principais mercados, São Paulo e Rio, mas nem sempre atrelada à questão técnica. No fim da pirâmide, cinco clubes, incluindo o Tricolor, negociando acordos anuais entre R$ 20 mi e R$ 25 milhões. Num primeiro contato, o mandatário coral, Alírio Moraes, ouviu uma oferta de R$ 16 milhões. Pois é.

Evolução dos contratos 2012-2015 para 2016-2018
1) Flamengo e Corinthians – de R$ 110 mi para R$ 170 milhões (54%)
2) São Paulo – de R$ 80 mi para R$ 110 milhões (37%)
3) Vasco e Palmeiras – de R$ 70 mi para R$ 100 milhões (42%)
4) Santos – de R$ 60 mi para R$ 80 milhões (33%)
5) Cruzeiro/Galo/Grêmio/Inter/Flu/Fogo – de R$ 45 mi p/ R$ 60 milhões (33%)
6) Outros ex-integrantes do Clube dos 13 – de R$ 27 mi p/ R$ 35 milhões (29%)

Enquanto isso, na Série B, o valor básico foi ampliado de R$ 3 mi para R$ 5 milhões, numa articulação que contou com o presidente do Náutico, Glauber Vasconcelos. A bronca é ter que competir com o Vasco, que R$ 100 milhões. Os 17 “não cotistas” da Segundona ganharão, juntos, R$ 85 milhões. Competitividade? Irreal. E olhe que esse levantamento todo se refere apenas às cotas fixas do Brasileirão. Ainda há o pay per view, com um rateio de R$ 350 milhões através do Premiere, de acordo com o número de assinantes apurado em pesquisa do Datafolha, ampliando de vez a disparidade.

Veja as cotas dos clubes pernambucanos em todos os torneios de 2016 aqui.

As cotas de TV do Campeonato Brasileiro da Série B em 2016. Arte: Fred Figueiroa/DP/D.A Press