A simples dúvida entre Arena e Arruda para Brasil x Uruguai já expõe os problemas do empreendimento

Seleção Brasileira entre Arena Pernambuco e Arruda. Arte: Cassio Zirpoli, com fotos de Ana Araújo-Faquini/ Portal da Copa (Arena) e mapio.net (Arruda)

As seleções de Brasil e Uruguai vão se enfrentar no Recife em 24 de março, pela quinta rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. O palco natural da disputa entre Neymar e Luis Suárez seria a Arena Pernambuco, a parceria público-privada idealizada para abrigar a Copa das Confederações e o Mundial, atendendo inteiramente à versão mais recente do caderno de encargos da Fifa. Um empreendimento moderno, mas cercado de problemas. Na licitação, na construção e na operação. Até hoje não se sabe o valor oficial da obra, que pode chegar a R$ 743 milhões, num número ainda em discussão na justiça.

Erguido em São Lourenço, o estádio foi apontado já em sua concepção como a nova casa da Seleção. Não por acaso, o amistoso Brasil 8 x 0 China, em 2012, foi celebrado como a despedida do Arruda. Com a confirmação do jogo em 2015, o nome no ingresso seria praxe. Seria. A dois meses do clássico, a CBF ainda não chegou a um acordo com a administração da arena. No Rio de Janeiro, o repórter Wellington Campos, que cobre o dia a dia da confederação, informou que se a pedida for muito alta, o jogo será transferido para o Arruda.

O Mundão já abrigou dois jogos pelas Eliminatórias, contra Bolívia (1993) e Paraguai (2009), com o recorde de público (96.990) no histórico 6 x 0 na arrancada do Tetra. A casa do Santa segue com capacidade ampla – apesar da redução para 60 mil – e estrutura adequada aos atletas. Porém, a não realização de um jogo deste porte na Arena seria uma desmoralização do projeto, tão criticado pelo recorrente déficit e pela mobilidade complicada. O presidente da FPF, Evandro Carvalho, considera mínima a possibilidade de mudança (eu também). Mas só a dúvida já coloca o governo do estado em xeque…

Esta será a terceira partida seguida da Canarinha no Nordeste. Nas duas apresentações anteriores, duas arenas foram utilizadas.

Castelão
13/10/2015 – Brasil 3 x 1 Venezuela (38.970 pessoas, R$ 2.722.220)

Fonte Nova
17/11/2015 – Brasil 3 x 0 Peru (45.558 pessoas, R$ 4.186.790)

Concorrência divide o Campeonato Brasileiro na televisão por assinatura. Cenário em 2019? Manchete em 1999

Campeonato Brasileiro sendo disputado por Esporte Interativo e Globo na TV por assinatura a partir de 2019. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A press

A Rede Globo e o Esporte Interativo travam uma batalha nos bastidores pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro na tevê por assinatura a partir de 2019. Ambos vêm tendo seguidos encontros com dirigentes dos clubes mais populares do país para firmar o novo acordo. Enquanto a emissora carioca busca estender a duradoura hegemonia, com propostas de mais dois anos, o canal controlado pela gigante Turner Broadcasting System, e que ainda tenta entrar na Sky, propõe cinco temporadas (até 2023) e ofertas mais generosas, num rateio de até R$ 600 milhões anuais, dividindo no modelo de cotas da Premier League (50% igualitário, 25% audiência e 25% rendimento). Mesmo com valores supostamente mais baixos, a Globo teria a seu favor o know-how e a maior visibilidade, o que corresponde a uma maior atração de patrocinadores.

Segundo uma reportagem da ESPN, Sport, Corinthians, Vasco e Botafogo já estariam apalavrados com a Globo. Do outro lado, Santos, à frente das conversas, Grêmio, Inter, Flu, Coritiba, Atlético-PR e Bahia negociam abertamente com o EI.

Então, vamos às consequências do possível acordo paralelo. Sendo direto: um jogo só pode ser transmitido se os dois clubes concordarem, segundo o artigo 42 da Lei Pelé, na redação dada pela Lei 12.395, de 2011.

“Pertence às entidades de prática desportiva o direito de arena, consistente na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio ou processo, de espetáculo desportivo de que participem”.

Ou seja, o Sportv, braço esportivo da Globosat nas operadoras, só poderia transmitir os jogos com os seus clubes contratados. Idem com o EI. No choque contratual, não haveria transmissão. A não ser em caso de acordo. 

Neste ponto, o próprio passado do futebol nacional ensina. Em 1999, o extinto Clube dos 13, então formado por 16 clubes, acertou com o pool Globo, Sportv e Premiere (PPV). Além dos membros da associação presentes na elite daquela temporada (13 equipes), entraram no bolo Ponte Preta, Gama e Botafogo de Ribeirão Preto. Ao todo, US$ 70 milhões pelos direitos, com a diretoria do Corinthians sendo a última a assinar. Seis clubes não toparam, mas não ficaram de braços cruzados e fizeram um contrato à parte com a concorrente, a ESPN Brasil. Na ocasião, não houve unificação dos canais, com 96 dos 231 jogos da primeira fase sem exibição na TV fechada. Isso correspondeu a 41% do calendário. Lembrando que atualmente 100% das partidas (380) são exibidas.

O curioso é que a briga também envolvida as operadoras, pois o Sportv já estava alinhada à dupla Net/Sky, enquanto a ESPN só passava na antiga TVA/Directv. Lembra o novo quadro, com um dos canais subjugados.

Brasileirão de 1999
Sportv
Sport, Flamengo, Botafogo, Vasco, São Paulo, Corinthians, Santos, Palmeiras, Ponte, Atlético-MG, Cruzeiro, Grêmio, Inter, Coritiba, Gama e Botafogo-SP

ESPN Brasil
Atlético-PR, Vitória, Guarani, Portuguesa, Juventude e Paraná

Transmissões na televisão por assinatura:
SporTV/PPV – 120 (51,9%)
ESPN Brasil – 15 (6,5%)
Sem exibição – 96 (41,6%)
Total – 231

Pode ser um leilão apenas, mas a quebra de paradigmas na transmissão da Série A nunca esteve tão perto de se repetir. Supondo que os sete clubes em negociação assinem com o Esporte Interativo, o canal teria 42 jogos exclusivos em sua grade. Em caso de choque nos contratos da tevê fechada, desta vez o pay-per-view não sofreria alteração, pois trata-se de um terceiro negócio, distinto. A ruptura seria exclusivamente na tevê por assinatura, como em 1999.

Podcast (205º) – Especial Treinadores com Gilmar Dal Pozzo, do Náutico

Gilmar Dal Pozzo, técnico do Náutico em 2016. Foto: Rafael Brasileiro/DP/D.A Press

Em um hora de gravação, no CT Wilson Campos, Gilmar Dal Pozzo teve uma conversa franca sobre o Náutico. Abrindo a série especial do 45 minutos com os treinadores do grandes da capital, ele revelou bastidores de 2015, com a reta final da Série B sem dinheiro e com a diretoria perdendo a credibilidade, e as dificuldades na montagem de 2016. Analisou as novas peças e a mudança na gestão (a eleição em dezembro atrapalhou o planejamento). Da carreira como goleiro, comentou do início com o técnico Tite, em três clubes gaúchos, à decisão do Estadual de 2006, quando Lecheva perdeu o pênalti do título do Santa em cima do Sport. A revelação: ele pediu para bater a 5ª cobrança.

“Estou em busca de um título estadual. Escolhi o Náutico porque sei que o time tem condição.”

Nesta edição, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!