Arrastado por blocos espontâneos, o carnaval do Sport se espalha no estado

Carnaval do Sport. Fotos: sobreascidades.wordpress.com, Diario de Pernambuco  e Cláudio Maranhão/flickr

Atualizado em 24/02/2017

O carnaval rubro-negro não tem um bloco oficial na capital pernambucana há bastante tempo. Desde o Leão Dourado, no início da década de 1990. Campo aberto para a própria torcida, que em 2016 criou a Troça Carnavalesca Futebolística e Cervejeira Eternamente Sportpara desfilar nas ladeiras da Cidade Alta. Acabou recebendo o apoio do clube. Por sinal, de forma espontânea, o Sport tem a maior quantidade de blocos em Pernambuco. O blog contabilizou quinze. Os frevos leoninos seguem em alto e bom som nos metais na Ilha, em Olinda, no Galo da Madrugada e pelo interior do estado.

Na arquibancada, a entrada da orquestra da Treme-Terra é um show à parte, puaxando o frevo-de-rua mais famoso do clube, numa composição do maestro Nelson Ferreira, um tricolor, diga-se. A música Cazá Cazá, ainda tocada nas rádios, foi composta a pedido de Eunitônio Edir Pereira em 1955, ano do cinquentenário do Leão. O mesmo Eunitônio compôs o hino oficial anos do clube depois. Seguindo o tom carnavalesco, há um frevo-canção ainda mais antigo, de 1936, também sob a batuta de Nelson Ferreira, em parceria com Sebastião Lopes, o “Pelo Sport Tudo”, o famoso dos brados. A música ficou conhecida como Moreninha, com vários elementos do carnaval, retratando bem a época.

Entre outros frevos do Sport, Haroldo Praça, autor do gol da vitória rubro-negra sobre o Santa Cruz por 6 x 5 na inauguração da Ilha do Retiro, em 1937, é citado no Frevo Nº 1 do Recife, de Antônio Maria, gravado em 1951 pelo Trio de Ouro. No carnaval, acredite, há espaço até para homenagem a um dirigente após uma conquista emblemática. Com Jarbas Guimarães assumindo a presidência, em 1975 o Sport acabou com o jejum de doze anos. Mereceu um frevo-canção de Rogério de Andrade, “Este ano, nosso time / vai ser mesmo campeão / todo mundo vai cantar e dizer / ninguém segura o Sport não”.

Os blocos
Raça Rubro-negra (Bezerros/desde 1994, com desfile na terça-feira)
Leão da Barra (Goiana/2000, terça-feira)
Nação Rubro-negra (Pesqueira/2002, sexta-feira)
Rubro-negro de Coração (São José da Coroa Grande/2007, segunda-feira)
Cazá-Cazá (Nazaré da Mata/2008, terça-feira)
Sport Folia (João Alfredo/2010, prévia)
Cazá Cazá (Afogados da Ingazeira/2012, domingo)
Bloco do Sport (Condado/2012, terça-feira)
Sport Folia (Ribeirão/2013, segunda-feira)
Leões da Mata (Palmares/2013, quinta-feira)
Leões na Folia (Ipojuca/2013, terça-feira)
Leão da Ilha (Carpina/2015)
Eternamente Sport (Olinda, Sítio Histórico/2016, domingo)
Torcida do Sport (Bom Jardim, terça-feira)
As Marias do Sport (Mercado da Boa Vista/2017, na prévia)

As músicas

Pelo Sport tudo (Nelson Ferreira e Sebastião Lopes, 1936).
Moreninha que estas dominando
Desacatando agora pelo entrudo (2x)
Chegou a hora de gritares loucamente
Hip, Hip, Hip, Hurra Pelo Sport Tudo!
Vejo no batom dos teus lábios
E no teu cabelo ondulado
As cores que dominam altaneira por morena
Do meu glorioso estado
Moreninha que estas dominando
desacatando agora pelo entrudo (2x)
Chegou a hora de gritares loucamente
Hip, Hip, Hip, Hurra Pelo Sport Tudo!
Ter passado o carnaval
Pra que não te falte a boa sorte
Tira da minha vida e te manter eternamente
Tudo, tudo pelo Sport
Cazá, cazá, cazá, cazá, cazá
A turma é mesmo boa… É mesmo da fuzarca!
Sport! Sport! Sport!

O mais querido (Jovino Falcão, 1974)
Está comprovado
Já foi conferido
Que o mais amado
O mais amado é que é, é que é
É o mais querido
É ele o maior em nosso Estado
Destaca-se do remo ao futebol
É o consagrado campeão do Norte
O mais querido, o mais querido
É o nosso Sport

Ninguém segura o Sport (Rogério Andrade, 1975)
Este ano nosso time
Vai ser mesmo campeão
Todo mundo vai cantar e dizer
Ninguém segura o Sport não
Na Ilha vou ver, hei!
A turma pular, hei!
De alegria quando o time entrar
E mostrar a bola no pé
Meu Sport em ação
Cazá, cazá, cazá
Ninguém segura o Leão

Hino à Treme Terra (Renato Barros, 1979)
Chegando lá na Ilha do Retiro
Ô abre alas que o Sport vai jogar
O rubro-negro, é cor de guerra
É o super sport que estremece a terra
Chegando lá na Ilha do Retiro
Ô abre alas que o Sport vai jogar
O rubro-negro, é cor de guerra
É o super Sport que estremece a terra
Vivendo com o Sport esta emoção
A galera se engrandece muito mais
Quem não fala no Sport é mudo
Cazá, cazá, e pelo Sport tudo!

Pelo Sport Tudo / Moreninha (1936, Nelson Ferreira e Sebastião Lopes)

Cazá Cazá (1955, Nelson Ferreira)

A inspiração do carnaval do Santa, do frevo de Capiba ao manguebeat de Chico

Carnaval do Santa Cruz. Fotos: Blog do Santinha, Juna d m-fard junior/divulgação e Diario de Pernambuco

Os blocos Cobra Fumando, no Arruda, e Minha Cobra, em Olinda, arrastam milhares de tricolores, com características únicas no frevo. Em um século de história, o Santinha teve dois dos maiores compositores do envolvente ritmo pernambucano. Nelson Ferreira (1902-1976) e Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba (1904-1997). O primeiro foi um gênio nos frevos-de-rua, extraindo a animação dos metai, mas sem perder a linha como autor. Em 1957, homenageou o primeiro supercampeonato, com um frevo-canção, gravado posteriormente pelo alvirrubro Claudionor Germano. “Vamos cantar com toda emoção / Um, dois, três, quatro, cinco, seis / Saudando a faixa de supercampeão / A que fez jus / O mais querido Santa Cruz / Foram três as vitórias colossais”. 

Capiba, com 200 músicas no repertório, dos mais variados temas, não deixou por menos. Conselheiro coral, compôs em 1948 a marcha “O Mais Querido”. Como o clube não levantou a taça, guardou a letra. Hoje decorada em cada canto do Mundão, a canção só foi lançada em 1957. “Santa Cruz, Santa Cruz , junta mais essa vitória…”. O compositor só mexeu no último verso, adicionando o “super”. Irmão de Capiba, Marambá criou “Cobral Coral” em 1959, na voz de Rubens Cristino. “Quando aparece num gramado / O Santa Cruz dando xaxado / O adversário vai cair / Disso não pode fugir / Deixa a fumaça subir”. 

Muito antes, Sebastião Rosendo compôs o mais famoso frevo-canção do clube, “Santa Cruz de Corpo e Alma” de 1942, atendendo um pedido de Aristófanes de Andrade, renomado tricolor. Ainda que não tenha uma letra específica para o clube, o carnaval foi revigorado mais recentemente com as inúmeras músicas do tricolor Chico Science, através do manguebeat, uma soma de ritmos com total imersão no carnaval. Não por acaso, Chico, que faria 50 anos em 2016, foi o homenageado no bloco a Minha Cobra, juntando todos os sons.

De corpo e alma ao papa-taças, as canções que apaixonam nas orquestras.

Os blocos
Cobra Fumando (Recife, Arruda/desde 1992, com desfile na segunda-feira)
Triloucura (Bezerros/2004, segunda-feira)
Minha Cobra (Olinda, Sítio Histórico/2006, segunda-feira)
A Cobra Vai Subir (Afogados da Ingazeira/2008, terça-feira)
Paixão Coral (Pesqueira/2009, segunda-feira)
Minha Cobra nas Virgens (Surubum/2009, domingo pós-carnaval)
Naza Coral (Nazaré da Mata/2011, domingo)
Tricolor na Folia (Timbaúba, segunda-feira)
Veneno Coral (Bom Jardim, domingo)
Furacão Coral (Ribeirão, domingo)
Santamares (Palmares)

As músicas

Santa Cruz de Corpo e Alma (Sebastião Rosendo, 1942)
Eu sou Santa Cruz
De corpo e alma
E serei sempre de coração
Pois a cobrinha quando entra no gramado
Eu fico todo arrepiado e torço com satisfação (2x)
Sai,sai Timbu
Deixa de prosa,
O seu Leão
Periquito cuidado com lotação
Que matou pássaro preto
Tricolor é tradição

O mais querido (Capiba, 1957)
Santa Cruz, Santa Cruz
Junta mais essa vitória
Santa Cruz, Santa Cruz
Ao te passado de glória
És o querido do povo
O terror do Nordeste
No gramado
Tuas vitórias de hoje
Nos lembram vitórias
Do passado
Clube querido da multidão
Tu és o supercampeão.

Papa-Taças (João Valença e Raul Valença (década 1970)
Quem é que quando joga
A poeira se levanta
É o Santa, é o Santa
Escreve pelo chão
Faz miséria e não se dobra
É a cobra, é a cobra
É sem favor o maioral
O tricolor, a cobrinha coral
O mais querido timão das massas
Por apelido o papa-taças 

Se tu és tricolor (Capiba, 1990)
Se tu és tricolor
Que Deus te abençoe
Se não és tricolor
Que Deus te perdoe
O Santa tem a fibra
Dos Guararapes
Por tradição
É o mais querido
E sempre será
O clube da multidão

Santa Cruz de Corpo e Alma (1942, Sebastião Rosendo)

Vulcão Tricolor (2007, Maestro Forró). O último dos frevos-de-rua dos clubes.

O carnaval do Náutico começa cedinho nos Aflitos, com 50 frevos no repertório

Carnaval do Náutico. Fotos: www.nauticonews.com.br, Juna d m-fard junior/divulgaçã

É a torcida mais apressada para o carnaval. Desde cedinho já está acordada, mudando o humor da cidade, fazendo abrir o sorriso alvirrubro a cada esquina. O domingo é do Timbu Coroado desde 1934, quando os atletas de remo criaram o bloco, saindo pela Rua da Aurora, onde fica até hoje a garagem do remo do clube. A tradição se mantém viva, com o Timbu Coroado dando uma volta no bairro dos Aflitos. O bloco mais tradicional entre os grandes clubes pernambucanos reúne anualmente dez mil pessoas atrás da Frevioca.

No som , o Come e Dorme é imbatível. O frevo-de-rua do compositor coral Nelson Ferreira não tem nem letra, mas se confunde com o próprio hino alvirrubro. Os metais levantam a timbuzada em outra composição de Nelson, o frevo-canção Hino do Timbu Coroado, de autoria de Edvaldo Pessoa, Turco e Jair Barroso. Essas músicas ficaram ainda mais populares no rádio, na execução a cada gol alvirrubro, sobretudo na era de ouro do Náutico, no hexacampeonato estadual. Naquela época, aliás, a segunda-feira de carnaval reservava espaço para o desfile do maracatu do Timbu Coroado.

Nos anos 1980, o carnaval vermelho e branco ganhou o Bonzão da Timbucana, sempre presente nas sociais dos Aflitos. Após um tempo tido como “azarado”, o boneco de olhos vermelhos voltou na Arena. O Náutico tem um repertório superior a 50 versões de frevo-canção, suficiente para um carnaval temático.

Os blocos
Timbu Coroado (Recife, Aflitos/desde 1934, com desfile no domingo)
Nação Alvirrubra (Bezerros/2001, segunda-feira)
Alvirrubros em Folia (Pesqueira/2006, segunda-feira)
Timbu Coroado (Limoeiro, sábado)

As músicas

Hino do Timbu Coroado (Nelson Ferreira, década de 1930)
O nosso bloco é mesmo enfezado
É o Timbu, é o Timbu Coroado
Desde cedinho já está acordado
É o Timbu, é o Timbu Coroado
Entre no passo
Que o frevo é de amargar
Pois a turma é muito boa
E no frevo quer entrar
Não queira bancar o tatu
Conheço seu jeito, você é Timbu
Esse negócio de casá, casá, casá
É negócio pra maluco
Pois ninguém quer se amarrar
Timbu sabe isso de cor
Casá pode ser bom, não casá é melhor
N – Á – U – T – I – C – O
Todo mundo vai saber isso de cor

Timbuate (Aldemar Paiva e maestro Luiz Caetano, década de 1950)
Timbu, no céu, no lar
Timbu, meu sol, meu ar
Ene-a-u-tê-i-cê-o
Sou de verdade teu fã
Mais do que ontem
Menos que amanhã (2x)
Timbuate é um sonho
Encantamento
Carnaval, delícia de cores
Movimento
Ene-a-u-tê-i-cê-o
Sou nos esportes teu fã
Sou nos esportes teu fã
Mais do que ontem
Menos que amanhã
Timbu no céu no lar
Timbu, meu sol, meu ar

Timbuzinho (Jorge Gomes, 1964)
Sou timbuzinho
Sou timbuzinho
Gosto do frevo
E gosto de carinho (2x)
As minhas cores são
Encarnado e branco
O Náutico é bicampeão
Nino dá a Nado
Nado a Geraldo
Gol, que sensação 

Papai do Nordeste (Jocemar Ribeiro, 1966)
Ene-a-u-tê-i-cê-o
A garra do leão
Baixou de cotação
O homem do boné
Levou um grande olé
O feitiço, meu amigo, deu azar
Foi cinco a um, na tabuleta o placar
Sou da cidade o tetracampeão
Vou gargalhar, ai, ai, ai
A vitória vai ficar
Para toda geração
Do Nordeste sou o papai

Hino do Timbu Coroado (letra de Edvaldo Pessoa, Turco e Jair Barroso e composição de Nelson Ferreira)

Come e Dorme (1953, Nelson Ferreira)

Resumo da 2ª rodada do Pernambucano

Pernambucano 2016, 2ª rodada: Central 0x2 Náutico, Santa Cruz 1x1 Salgueiro e Sport 0x1 América. Fotos: Paulo Paiva (Lacerdão e Ilha) e Ricardo Fernandes (Arruda), ambos do DP

A segunda rodada do hexagonal começou com um resultado histórico. Após ter o seu jogo de abertura, contra o Central, adiado para 14 de fevereiro, o América enfim estreou. E venceu o Sport, o que não acontecia desde 1973. Na Ilha (2.786 torcedores), o Leão sofreu a segunda derrota no Pernambucano, ocupando a lanterna. No dia seguinte, quinta-feira, o Náutico deu sequência à ótima largada, vencendo mais uma. Superou o Central em Caruaru (5.086), repetindo o placar do clássico. Abocanhou a liderança isolada devido ao empate do Salgueiro, que quase arrancou três pontos do Santa no Arruda (6.909). 

Em 5 jogos nesta fase do #PE2016 saíram 8 gols, com média de 1,6. Em relação à artilharia, que a FPF considera apenas os dados do hexagonal e o mata-mata, Cássio (Salgueiro) e Bergson (Náutico) lideram com 2 gols, cada.

Sport 0 x 1 América – O visitante “jogou por uma bola”. Quase não atacou, mas quando ficou em vantagem, foi raçudo demais para sustentar o triunfo.

Santa Cruz 1 x 1 Salgueiro – Tímido avanço do atual campeão, desatento na defesa. Na frente, teve dificuldade para entrar na área em jogadas trabalhadas.

Central 0 x 2 Náutico – Único time 100% na competição, o time de Dal Pozzo vai ganhando confiança para uma boa colocação nesta fase.

Destaque: Bergson. Virou titular na reta final da Série B. Ganhou a posição e larga o hexagonal decidindo jogos importantes para o Timbu.

Carcaça: Túlio de Melo. O camisa 99, contratado junto à Chape, finalizou 7 vezes contra o Mequinha, sendo 4 cabeçadas. Sem sucesso algum.

Próxima rodada
10/02 (20h30) – Central x Sport, Lacerdão
10/02 (21h30) – Náutico x Salgueiro, Arena Pernambuco
11/02 (20h30) – Santa Cruz x América, Arruda

A classificação atualizada do hexagonal do título após a 2ª rodada. 

A classificação do hexagonal do título do Pernambucano 2016 após 2 rodadas. Crédito: Superesportes

Ainda sem empolgar, Santa Cruz fica no empate com o Salgueiro no Arruda

Pernambucano 2016, 2ª rodada: Santa Cruz 1x1 Salgueiro. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Nos últimos anos, só não foi pior que o início em 2015, ainda que o final tenha sido com a taça. No entanto, o Santa segue sem vencer no Estadual. Após o revés no clássico contra os alvirrubros, o time de Martelotte não passou de um empate com o Salgueiro, que já soma quatro pontos contra os grandes.

O 1 x 1 no Arruda, reeditando a decisão do ano passado, terminou com vaias entre os quase sete mil torcedores, no último jogo antes do carnaval. Ainda falta bastante para uma análise mais detalhada sobre o Tricolor, mas, a princípio, decepciona. Dos seis concorrentes, parecia o de maior entrosamento, com o time que ascendeu à elite nacional quase completo. Sobre o jogo, os corais ficaram em desvantagem muito cedo, com Cássio Ortega, algoz do Sport na estreia, marcando após pegar um desvio numa cobrança de escanteio.

O mandante criou oportunidades, mas parou em Mondragon, o experiente goleiro que substituiu o não menos rodado Luciano, lesionado. E ele teve uma boa atuação. Caminhava para segurar a vitória sertaneja, até os 24 do segundo tempo, quando Grafite foi acionado, em condição legal. Livre, deu um toquinho para empatar. A pressão natural para virar o placar foi na base do abafa, sem uma grande chance. Daí, a justiça no placar e na reação da torcida.

Pernambucano 2016, 2ª rodada: Santa Cruz 1x1 Salgueiro. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Apoiado no Lacerdão, Náutico vence o Central e lidera o Estadual

Pernambucano 2016, 2ª rodada: Central 0x2 Náutico. Foto: Wellington Araújo/CBN (cortesia)

O Náutico foi ao Lacerdão e arrancou mais uma vitória por 2 x 0. Há quatro temporadas o time não largava com duas vitórias nas duas primeiras rodadas. Como consequência, a liderança isolada do hexagonal do Estadual de 2016, com a torcida indo brincar o carnaval cheia de moral. Antes, a turma pegou a estrada, indo pela BR-232 sem medo de ser feliz.

O time começou a ganhar o jogo antes de a bola rolar. A torcida alvirrubra se fez presente em bom número em Caruaru, com boa parte dos 5.086 espectadores. A presença, no embalo da vitoriosa estreia no Clássico das Emoções, ajudou a contagiar a equipe, à margem do poder econômico dos dois principais rivais, que vêm capengando na competição até o momento. Diante do Central de Araújo, que fazia a sua primeira apresentação após o jogo adiado contra o América, os comandados de Gilmar Dal Pozzo conseguiram se impor, até mesmo por causa do bom estado do gramado, uma raridade no estádio.

O atacante Bergson, que definiu o triunfo sobre o Santa, também foi decisivo na noite agrestina. Roubou a bola na entrada da área e bateu forte, marcando aos 26 do etapa complementar. No finzinho, Thiago Santana pegou um rebote e fechou o placar, justificando o apoio no tobogã, como nos velhos tempos.

Pernambucano 2016, 2ª rodada: Central 0x2 Náutico. Foto: Paulo Paiva/DP

A Ilha do Retiro ampliada para 130 mil lugares. Um devaneio lançado em 1970

Projeto da ampliação da Ilha do Retiro em 1970. Crédito: Diario de Pernambuco

Nome oficial, Gigante da Ilha do Retiro. Apelido, Nordestão. A reconstrução da Ilha foi apresentada no 65º aniversário do clube. Uma sessão no conselho deliberativo, em 13 de maio de 1970, lançou a campanha. Não seria uma reforma do estádio, então com 30 mil lugares. A Ilha seria realmente demolida, como frisa a reportagem do Diario de Pernambuco. Parte do empreendimento seria bancado pela venda de cadeiras, sendo 80 cruzeiros para “cadeiras perpétuas hereditárias” e 40 cruzeiros para “cadeiras cativas individuais”.

A campanha era baseada no slogan “sombra e água fresca no futebol”, uma vez que o anel superior seria coberto, sendo tomado em sua maioria por cadeiras metálicas, anatômicas. Além do esboço do estádio, duas imagens de divulgação foram publicadas durante semanas no jornal. Numa delas, um torcedor sendo servido por um garçom. Uísque com bastante gelo. A outra chamava a atenção para a capacidade, com 130.000 lugares. Sim, o número está correto. O Nordestão seria um dos dez maiores estádios de futebol do mundo.

Campanha para o estádio "Gigante da Ilha do Retiro", em 1970

Apesar da boa vontade da torcida adquirindo alguns assentos no período, marcado pela seca de títulos, o projeto foi modificado pouco tempo depois. Em 6 de agosto de 1971 o Sport levou a ideia para a ilha de Joana Bezerra, onde hoje existe o Fórum Rodolfo Aureliano. Na época, a maior parte do terreno pertencia ao clube. Em relação à denominação, nada de Nordestão. Desta vez o nome seria Estádio Presidente Médici. A megalomania tomou novos rumos, com a capacidade subindo para 140 mil lugares! Inferior apenas ao Maracanã.

O fato de o Arruda, em seus primeiros módulos, ter sido escolhido pelo governo do estado para receber um investimento público visando a sede local na Copa da Independência do Brasil, com 20 países, em 1972, atrapalhou o sonho rubro-negro. Assim, em 1974, outro projeto foi deixado de lado, com o clube vendendo a área para pagar dívidas. Quarenta anos depois, o Leão voltou a imaginar um novo estádio, desta vez a Arena Sport. Capacidade mais modesta, mas moderno além da conta, com um investimento de R$ 750 milhões. Também parado. E a velha Ilha do Retiro continua sendo a casa leonina, desde 1937…

Projeto do Gigante da Ilha do Retiro, com cadeiras

Em uma Ilha vazia, o América vence o Sport e quebra um tabu de 43 anos

Pernambucano 2016, 2ª rodada: Sport x América. Foto: Paulo Paiva/DP

O gol de Danyel, aos 13 minutos do segundo tempo, encobrindo o goleiro Danilo Fernandes, derrubou um dos maiores tabus do futebol pernambucano. O lance deu a vitória ao América sobre o Sport, o que não acontecia desde 1º de março de 1973. Isso mesmo, 43 anos! A sequência marcava 70 vitórias leoninas e 6 empates no confronto, conhecido no passado como Clássico dos Campeões. Fazendo valer a sua camisa com seis estrelas, o Mequinha venceu na Ilha do Retiro por 1 x 0, no mesmo palco do último triunfo até então.

O alviverde, que teve direito a Carlinhos Bala em campo, arrancou da melhor forma possível no hexagonal do Estadual, diante de um adversário enfraquecido por um estádio vazio. Um reflexo direto da incompreensível faixa de preço estipulada pela direção num jogo às 21h30 e com transmissão aberta na tevê. Arquibancada a R$ 60 para não sócios no dia da partida? R$ 20 para sócio, mesmo com a compra antecipada? Valores desproporcionais ao jogo.

O rubro-negro foi merecidamente vaiado pelos poucos presentes. Outra vez sem criatividade e vacilando muito nas conclusões. Só Túlio de Melo cabeceou quatro vezes, duas pra fora e duas nas mãos de Delone. Foi o segundo revés seguido do Sport, na lanterna. Para uma classificação, com 4 vagas para 6 times, ainda não preocupa. O futebol, sim. O time não perdia na Ilha desde outubro de 2014, quando foi superado por outro alviverde, o Goiás, na Série A, e pelo mesmo placar. Caiu uma invencibilidade de 30 jogos. O América foi gigante.

Pernambucano 2016, 2ª rodada: Sport x América. Foto: Paulo Paiva/DP

Podcast 45 (212º) – A revolução na negociação da TV no Brasileiro

Esporte Interativo x Rede Globo, o duelo pelo Brasileirão

O possível contrato de oito clubes com o canal Esporte Interativo, visando o Campeonato Brasileiro de 2019 a 2024, pode acabar com um monopólio na tevê por assinatura que dura desde 2000, com o Sportv, o braço da Globo. Atlético-PR, Coritiba e Santos já estão acertados, com Grêmio e Inter negociando e o Santa Cruz na mira da emissora controlada pela Turner. Enquanto isso, o Sport renovou com a Globo até 2020 e o Náutico segue fora dos “cotistas”. Toda essa movimentação, que reflete diretamente nos resultados no campo, devido ao poder econômico, foi o tema central desta edição do 45 minutos, com 1h30 sobre os novos caminhos do futebol. Um programa bem além do Recife.

Neste podcast, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

As projeções não oficiais para uniformes da Dry World no Santa Cruz

As projeções de uniformes do Santa Cruz na web

O Santa Cruz anunciou oficialmente que terá um novo fornecedor de material esportivo a partir do Brasileirão, em maio. Os padrões lançados pela Penalty serão utilizados apenas no Estadual e no Nordestão. Esse rompimento com a empresa paulista vinha sendo costurado há tempos, com queixas sobre a distribuição de produtos. Assim, o contrato assinado até 2019 será rescindido.

Há cinco meses, o nome mais forte era o da Puma, mas a canadense Dry World entrou na jogada. Teria triplicado o contrato vigente. Mas, pagaria até rescisão, segundo o repórter Daniel Lima, da CoralNet. Fundada em 2010 e presente em 15 países, a companhia vem adotando um marketing agressivo para angariar novos parceiros. No Brasil, já fechou com Atlético-MG, Fluminense e Goiás. No Galo, segundo o portal Uol, serão R$ 20 milhões anuais.

No Tricolor, o acordo iria de 2016 a 2019. Como sempre, a torcida se antecipou, projetando uniformes da marca. Designers não ligados à Dry World criaram vários mockups, termo usado para modelos de demonstração para projetos de design. Utilizando traços das linhas da fabricante às cores e características do clube coral, as projeções podem dar uma ideia do que vem por aí.

Até o momento, cinco modelos na web. Curtiu algum?

Relembre os mockups não oficiais da Puma para o Santa Cruz clicando aqui.

As projeções de uniformes do Santa Cruz na web

As projeções de uniformes do Santa Cruz na web