No fim, o Sport ganha o Troféu Givanildo Oliveira e soma a segunda taça centenária

Durval com o Troféu Givanildo Oliveira, em homenagem ao centenário do Clássico das Multidões. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

O centenário do Clássico das Multidões foi marcado por oito jogos, nos âmbitos estadual, nacional e internacional. Jogos acompanhados in loco por 130.362 torcedores, com média 16.295 e 16 gols ao todo. Metade justamente no derradeiro confronto, a vitória do Sport sobre o Santa Cruz por 5 x 3, no resultado que definiu, no apagar das luzes, a posse do Troféu Givanildo Oliveira.

O regulamento instituído pela FPF era bem simples, com o título simbólico para o clube com mais pontos nos clássicos disputados em 2016. Em caso de igualdade, cada rival ganharia uma taça. E era justamente esse desfecho até os 44 minutos do segundo tempo da decisão na Ilha, no returno da Série A. Até o gol de Vinícius Araújo, que colocou o Leão pela primeira vez em vantagem na tarde. O gol de Everton Felipe, por cobertura, encerrou a história. Até então, a vantagem no ano era coral, com triunfos em dois mata-matas, na final do Estadual e na segunda fase da Copa Sul-Americana. No entanto, o resultado positivo do Leão, fazendo 3 x 2 em triunfos, rendeu um lá e lô no Brasileirão.

Com a conquista, erguida pelo capitão Durval, o rubro-negro somou a segunda taça em clássicos centenários. Em 2009, a disputa envolveu Sport e Náutico, mas num formato distinto. Foi apenas um jogo, também na elite, no dia seguinte ao aniversário do clássico. Com o 3 x 3, cada rival ganhou uma taça. Em 2017, será a vez do Troféu Gena, no centenário do Clássico das Emoções.

Jogos disputados em 2016
21/02 – Sport 2 x 1 Santa Cruz, Estadual (Ilha, 14.609)
10/04 – Santa Cruz 1 x 1 Sport, Estadual (Arruda, 16.377)
04/05 – Santa Cruz 1 x 0 Sport, Estadual (Arruda, 30.163)
08/05 – Sport 0 x 0 Santa Cruz, Estadual (Ilha, 27.493)
01/06 – Santa Cruz 0 x 1 Sport, Série A (Arruda, 16.951)
24/08 – Santa Cruz 0 x 0 Sport, Sul-Americana (Arena, 5.517)
31/08 – Sport 0 x 1 Santa Cruz, Sul-Americana (Arena, 6.570)
11/09 – Sport 5 x 3 Santa Cruz, Série A (Ilha, 12.682)

Classificação após 8 clássicos
12 pontos – Sport
9 pontos – Santa Cruz

Em jogo eletrizante, Sport marca cinco gols no segundo tempo e vence o Santa

Série A 2016, 24ª rodada: Sport 5 x 3 Santa Cruz. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

Foi um desfecho além do imaginável para o centenário do Clássico das Multidões. O oitavo e último confronto em 2016, ao vivo na tevê para todo o estado, foi, sem dúvida alguma, o jogo mais eletrizante. Sete gols somente no segundo tempo, sendo cinco dos rubro-negros, reviravoltas até o fim, empenho absoluto em campo, tristeza e comemoração de um lado, comemoração e tristeza do outro. O Sport fez 5 x 3 no Santa Cruz, somando seis pontos em cima do rival no Campeonato Brasileiro, num lá e lô que dá fôlego na briga contra o descenso. Naturalmente, empurrou o tricolor ainda mais para o buraco.

Para falar sobre o jogo, o primeiro tempo pode ser resumido na velocidade de Keno para definir as jogadas, abrindo o placar com seis minutos, e na atuação de Tiago Cardoso, praxe contra os leoninos, com três defesas incríveis. Nos descontos, num rebote do goleiro na pequena área, Durval conseguiu chutar por cima, passando aquela sensação de que seria mais uma tarde com festa na geral do placar. O cenário já era propício ao Santa e João Paulo, na volta do intervalo, acertou um chutaço, deixando uma possível reação estática. Por isso, talvez o gol mais importante do Leão tenha sido o primeiro, logo na sequência, trazendo estímulo à torcida e ao próprio time, visivelmente abatido pelo placar.

Série A 2016, 24ª rodada: Sport 5 x 3 Santa Cruz. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

A partir dali, o Sport passou a jogar pelos lados, finalmente encontrando espaço. Os gringos, Rodney (esquerda) e Ruiz (direita) levaram vantagem, com a mobilidade do colombiano bem superior à peça anterior, Edmílson. Nem Léo Moura nem Allan Vieira deram conta das tabelas, com a bola passeando na área coral. Com Diego Souza sendo mais recuado (começou como atacante, numa função onde não rende), a bola aérea tornou-se um perigo. Após muita luta, o primeiro empate veio aos 24 minutos, com a pressão silenciada 120 segundos depois, com Bruno Moraes ensaiando mais uma atuação decisiva. O terceiro gol coral foi gerado numa sucessão de falhas, com a saída de Matheus Ferraz e com Magrão pregado na pequena área, deixando o general concluir.

Novamente em desvantagem, o Sport seguiria investindo nos cruzamentos, e Tiago Cardoso, quem diria, passaria longe da performance inicial. De cabeça, Ruiz marcou o seu primeiro gol na Ilha. Nova igualdade e confusão, com Diego Souza e Derley expulsos. Neste clima quente, quem perderia mais? Com o volume de jogo do Sport, ambos. Porém, o buraco deixado pelo volante foi maior que a participação de DS87, com outros nomes sobressaindo, Vinícius Araújo e Everton Felipe, acionados. Aos 44 e aos 46 minutos, ambos marcaram, em uma das maiores vitórias do Sport nos últimos tempos. Ao torcedor, cuja rivalidade pesa demais, não há como negar. Nem ao vencedor nem ao derrotado. E poderia ficar melhor para o Sport? Poderia e ficou. Com a conquista do Troféu Givanildo Oliveira, a simbólica disputa das multidões, numa legítima final.

Série A 2016, 24ª rodada: Sport 5 x 3 Santa Cruz. Foto: Paulo Paiva/DP

Troféu Gena, a disputa no centenário do Clássico das Emoções em 2017, via FPF

Gena, no Náutico e no Santa Cruz

O lateral-direito Gena brilhou no hexa do Náutico e no penta do Santa Cruz. Ao todo, conquistou dez títulos entre 1963 a 1973. Só não levantou a taça em 1969, no início da arrancada tricolor, pois ainda estava vinculado ao alvirrubro. O ex-jogador, hoje com 73 anos, foi  escolhido pela FPF para dar nome ao troféu em homenagem ao centenário do Clássico das Emoções. Curiosamente, Gena foi sugerido por Givanildo Oliveira, seu companheiro no time tricolor na década de 1970 e homenageado no troféu do Clássico das Multidões.

O formato de disputa será o mesmo adotado para Sport x Santa, somando a pontuação de todos os clássicos oficiais na temporada. Quem somar mais pontos, leva. Em caso de empate, uma taça para cada. Hoje, a projeção dessa simbólica disputa vai de 2 a 12 jogos (possibilidades abaixo).

O clássico entre alvirrubros e tricolores será o 15º do país a completar um século de história no futebol. O primeiro duelo aconteceu em 29 de junho de 1917, no campo dos Aflitos, na época ainda pertencente à Liga Sportiva Pernambucana (atual federação) – somente no ano seguinte passaria para a posse timbu. O Santa fez 3 x 0, em jogo válido por um torneio beneficente.

Confira a lista dos 27 clássicos mais antigos do Brasil clicando aqui.

Os títulos pernambucanos de Gena:

Pelo Alvirrubro – 1963, 1964, 1965, 1966, 1967 e 1968
Pelo Tricolor – 1970, 1971, 1972 e 1973

A lista do Clássico das Emoções em 2017:

Estadual (de 2 a 4 jogos)
Além das duas partidas no hexagonal, os rivais podem se enfrentar no mata-mata. De 2010 a 2016, no formato atual, foram três confrontos decisivos, todos nas semifinais, com dois triunfos corais e um dos alvirrubros.

Copa do Nordeste (até 4 jogos)
Há 20% de o confronto sair já na fase de grupos, pois o Náutico está no pote 1 e o Santa no pote 2 – o sorteio será em 4 de outubro. À parte disso, o clássico também pode ocorrer no mata-mata. Logo, até quatro partidas.

Série A ou B (2 jogos)
Há a possibilidade de mais dois jogos no Brasileiro, em caso de reencontro na mesma divisão, tendo como possibilidade mais provável a Segundona.

Copa do Brasil (2 jogos)
Em 2016, o duelo só não aconteceu na segunda fase porque o Náutico foi eliminado pelo Vitória da Conquista. Ou seja, há chance, ainda que pequena.