Transfermarkt avalia elencos de Náutico, Santa Cruz e Sport após temporada 2016

Os valores dos elencos das Séries A e B de 2016 após o fim da competição. Crédito: Transfermarkt

Como ocorreu na temporada anterior, o blog traz a avaliação do Transfermarkt após a conclusão das duas principais divisões do Campeonato Brasileiro. Os 40 elencos finalização a edição de 2016 valendo 1,058 bilhão de euros, segundo a moeda utilizada nos levantamentos do site alemão, especializado em direitos econômicos no futebol desde 2000. A grande mudança em relação ao início do campeonato foi, sem dúvida alguma, na Chapecoense, vítima de uma tragédia.

Com o acidente aéreo na Colômbia, com 71 mortos, incluindo 19 jogadores, o time catarinense acabou listando apenas 15 atletas (entre reservas e juniores), com € 7,65 mi. Há sete meses a projeção era de 21,2 milhões. Campeão da Série A, o Palmeiras viu o seu plantel valorizar de 72 mi para 80 milhões de euros, com o São Paulo, líder em maio, antes de o campeonato começar, despencando de 78 mi para 68 mi. O cálculo sobre os direitos econômicos de cada atleta é feito a partir do nível técnico, posição, idade e rendimento recente.

Entre os pernambucanos, algumas projeções polêmicas. O Santa Cruz, apesar do descenso, acabou tendo uma esperada valorização do elenco justamente por causa da presença (lastro) na elite – o acesso já havia evoluindo o dado em 92%! Ainda assim, é questionável o aumento estimado a Keno, bem abaixo do mercado (de fato). Passou de 500 mil para 750 mil euros, ficando abaixo de Mazinho (!). No caso do Sport, o valor foi quase o mesmo, mas o clube viu a desvalorização, segundo o Transfermarkt, de seus jogadores mais valorizados: Diego Souza (-500 mil, mesmo sendo artilheiro), Rithely (-500 mil) e Renê (-500 mil). Enquanto isso, na Série B, o Náutico começou e encerrou com o 6º elenco. Porém, chama a atenção o dado de Roni. Apontado como principal nome alvirrubro na campanha, o atacante é apenas o 10º mais caro do clube.

Variação dos pernambucanos, antes da 1ª rodada e após a 38ª rodada:
Sport – de 33,8 mi para 33,7 milhões (-100 mil)
Santa – de 12,05 mi para 18,4 milhões (+6,35 milhões)
Náutico – de 10,95 mi para 11,48 milhões (+530 mil)

Os 10 atletas mais valorizados nos clubes em 13 de dezembro de 2016 (em euros):

Sport (elenco com 33 jogadores: € 33,7 milhões)
1º) 5 milhões – Diego Souza (meia)
2º) 3,5 milhões – Rithely (volante)
3º) 2,5 milhões – Renê (lateral-esquerdo)
4º) 2,0 milhões – Apodi (lateral-direito)
5º) 1,6 milhão – Agenor (goleiro)
6º) 1,5 milhão – Rogério (atacante)
6º) 1,5 milhão – Samuel Xavier (lateral-direito)
8º) 1,25 milhão – Gabriel Xavier (meia)
8º) 1,25 milhão – Everton Felipe (atacante)
10º) 1,15 milhão – Paulo Roberto (volante) 

Santa Cruz (elenco com 36 jogadores: € 18,4 milhões)
1º) 3 milhões – Pisano (meia)
2º) 800 mil – Mazinho (meia)
3º) 750 mil – Tiago Cardoso (goleiro)
3º) 750 mil – Grafite (atacante)
3º) 750 mil – Keno
3º) 750 mil – Danny Morais (zagueiro)
3º) 750 mil – João Paulo (meia)
3º) 750 mil – Jádson (volante)
3º) 750 mil – Arthur (atacante)
3º) 750 mil – Uillian Correia (volante)
3º) 750 mil – Marion (meia)
3º) 750 mil – Mario Sérgio (lateral-direito)
3º) 750 mil – Wellington (volante) 

Náutico (elenco com 30 jogadores: € 11,48 milhões)
1º) 1,5 milhão – Vinícius (meia)
2º) 1,4 milhão – Léo Pereira (zagueiro)
3º) 1,35 milhão – Renan Oliveira (meia)
4º) 750 mil – João Ananias (volante)
4º) 750 mil – Rodrigo Souza (volante)
6º) 600 mil – Gastón Filgueira (lateral-esquerdo)
6º) 600 mil – Rafael Pereira (zagueiro)
8º) 550 mil – Júlio César (goleiro)
9º) 450 mil – Bérgson (atacante)
10º) 400 mil – Daniel Morais (atacante)
10º) 400 mil – Roni (atacante)

Os 20 jogadores mais caros inscritos no Brasileiro, todos na Série A:

Os 20 jogadores mais valiosos ao fim da Série A de 2016. Crédito: Transfermarkt

O preço de cada ponto somado no Campeonato Brasileiro de 2016

A relação cota de TV x pontuação na Série A de 2016. Arte: Tiago Nunes (twitter.com/TiagoJNunes)

A milionária diferença entre as receitas de televisão no Campeonato Brasileiro, com sete subdivisões de cotas fixas, vem afunilando a disputa pelas primeiras colocações. Quase sempre, o maior investimento obtém resultados satisfatórios. Quase, pois o Inter foi rebaixado pela primeira vez em sua história, mesmo com a 6ª maior cota de TV. E a relação dinheiro/ponto expõe o clube, com R$ 1,4 milhão (sem contar o PPV!) a cada pontinho somado na tabela. A interessante análise (e gráficos) sobre a eficiência de gasto foi feita por Tiago Nunes, calculando todas as cotas (fixas) de acordo com a classificação final da Série A. Não se trata de um quadro conclusivo, mas de um dado a mais para o debate.

Este ano, o Palmeiras ganhou o campeonato de forma incontestável, com nove pontos à frente do vice-campeão, o Santos. Ficou a um ponto do recorde nos pontos corridos, estabelecido pelo rival Corinthians, há um ano. Apesar disso, em termos de “administração”, o alviverde foi apenas o 16º. A Ponte, que terminou em 8º lugar, está no topo da lista, com 433 mil reais a cada ponto. Por sinal, a Macaca já havia liderado o levantamento em 2015, na ocasião com média ainda menor, de R$ 352 mil. A diferença foi o aumento da verba aos não-cotistas da tevê, passando de R$ 18 mi para R$ 23 milhões.

No fim da lista, o Corinthians, que gastou sete vezes mais que a Macaca para cada ponto, ficando apenas uma colocação à frente, com ambos indo à Sula. 

1º) Ponte Preta – R$ 433 mil/ponto (R$ 23 milhões de cota e 53 pontos)
2º) Chapecoense – R$ 442 mil/ponto (R$ 23 mi e 52 pts)
3º) Figueirense – R$ 621 mil/ponto (R$ 23 mi e 37 pts)
4º) Atlético-PR – R$ 614 mil/ponto (R$ 35 mi e 57 pts)
5º) Santa Cruz – R$ 741 mil (R$ 23 mi e 31 pts)
6º) Sport – R$ 744 mil/ponto (R$ 35 mi e 47 pts)
7º) Coritiba – R$ 760 mil/ponto (R$ 35 mi e 46 pts)
8º) Vitória – R$ 777 mil/ponto (R$ 35 mi e 45 pts)
9º) América – R$ 821 mil/pontos (R$ 23 mi e 28 pts)
10º) Atlético-MG – R$ 967 mil/ponto (R$ 60 mi e 62 pts)
11º) Botafogo – R$ 1,02 milhão/ponto (R$ 40 mi e 59 pts)
12º) Santos – R$ 1,13 milhão ponto (R$ 80 mi e 71 pts)
12º) Grêmio – R$ 1,13 milhão/ponto (R$ 60 mi e 53 pts)
14º) Cruzeiro – R$ 1,18 milhão/ponto (R$ 60 mi e 51 pts)
15º) Fluminense – R$ 1,20 milhão/ponto (R$ 60 mi e 50 pts)
16º) Palmeiras – R$ 1,25 milhão/ponto (R$ 100 mi e 80 pts)
17º) Internacional – R$ 1,40 milhão/ponto (R$ 60 mi e 43 pts)
18º) São Paulo – R$ 2,12 milhões/ponto (R$ 110 mi e 52 pts)
19º) Flamengo – R$ 2,39 milhões/ponto (R$ 170 mi e 71 pts)
20º) Corinthians – R$ 3,09 milhões/ponto (R$ 170 mi e 55 pts) 

Obs. Grêmio e Chape se classificaram à Liberta via Copa do Brasil e Sula.

Confira os dois gráficos em uma resolução maior clicando aqui e aqui.

A relação cota de TV x pontuação na Série A de 2016. Arte: Tiago Nunes (twitter.com/TiagoJNunes)

Os bastidores da permanência do Sport

vitória do Sport sobre o Figueirense, diante de 25 mil pessoas na Ilha do Retiro, manteve o clube na Série A pela quarta temporada seguida, o que não acontecia desde a série encerrada em 2001 – quando passou onze anos a elite.

Como em suas principais vitórias neste complicado ano para o clube, o Leão produziu um vídeo de 10 minutos, via Lucas Fitipaldi, com imagens exclusivas dos bastidores do último jogo em 2016. Uma partida nervosa, na qual um tropeço poderia ter sido fatal. Terminou com festa e alívio para 2017. Assista.

Com 30 jogos de clubes em 2016, Arena Pernambuco registra 17% de ocupação

Arena Pernambuco. Crédito: Odebrecht/divulgação

A quarta temporada da Arena Pernambuco marcou a transição da operação, com o fim da parceria público-privada junto à Odebrecht, em rescisão tomada pelo governo. Agora, o empreendimento vem sendo administrado pela Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco (que organizou 20 dos 32 jogos em 2016), até que uma nova licitação seja realizada. Além disso, o ano também fica marcado pelos piores números do estádio, considerando os jogos oficiais do Trio de Ferro – como o blog apura desde a sua abertura, em 2013.

Baixa tanto em público quanto em bilheteria bruta. Neste caso, parece ter sido determinante a suspensão do programa Todos com a Nota, que subsidiava milhares de ingressos nos jogos com mando de campo de Náutico, Santa Cruz e Sport. Não por acaso, o número de jogos na arena caiu, com 11 partidas a menos – com forte ausência leonina, reduzindo de 10 para 3 apresentações. No total, foram 192 mil torcedores a menos nas cadeiras vermelhas do estádio, resultando numa taxa de ocupação foi de 17,7%, com média de 8 mil pessoas. Até então, nunca havia ficado abaixo de 20% e de 10 mil, respectivamente. Já em termos de arrecadação, o baque foi R$ 6,2 milhões em relação a 2015.

Como contraponto ao quadro desidratado, a primeira partida da Seleção Brasileira em São Lourenço estabeleceu um recorde duplo. O empate em 2 x 2 com o Uruguai foi assistido in loco por 45.010 torcedores (a capacidade máxima é de 46.214), com uma renda de R$ 4.961.890. Trata-e da maior bilheteria da história do futebol local, levando em conta os dados conhecidos – a Fifa não divulgou as bilheterias da Copa do Mundo e da Copa das Confederações.

Mesmo com o jogo das Eliminatórias da Copa 2018, o saldo do ano não deve ser bom no próximo relatório a financeiro, a ser divulgado em 2017. Lembrando que já são três anos seguidos com saldo negativo no balanço oficial: R$ 29,7 milhões em 2013, R$ 24,4 milhões em 2014 e R$ 19,0 milhões em 2015. Ao todo, R$ 73 milhões de déficit operacional do estádio, que ainda segue buscando o seu espaço entre tricolores e rubro-negros, essenciais para o negócio

Confira abaixo os quadros separados por cada clube e período.

Neste ano, a Arena Pernambuco registrou a pior média de público, pior taxa de ocupação, pior arrecadação, pior média de renda e pior tíquete médio. Apenas dois dados escaparam: número de jogos e público absoluto.

Balanço de público e renda do Trio de Ferro mandando seus jogos na Arena Pernambuco, de 2013 a 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Após a baixa em 2015, o Náutico melhorou um pouco os seus dados. Para isso, contou a flexibilização no preço dos ingressos – após a saída da Odebrecht. Com setores promocionais, chegou a registrar três jogos com 25 mil torcedores, no embalo da campanha de recuperação, que quase culminou com acesso.

Balanço de público e renda do Náutico mandando seus jogos na Arena Pernambuco, de 2013 a 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Após mandar dez jogos em 2015, com rendas milionárias, o Sport atuou apenas três vezes em 2016. A primeira delas, contra o Flamengo teve uma renda de R$ 802 mil, a maior do ano entre clubes na arena. Por outro lado, disputou lá o seu primeiro Clássico das Multidões como mandante com apenas 6.570 pessoas.

Balanço de público e renda do Sport mandando seus jogos na Arena Pernambuco, de 2013 a 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

O Santa Cruz segue como o grande clube pernambucano mais distante da arena. Foram apenas duas partidas, o mesmo dado de 2015. Mas o público presente foi menor, com 11.490 de diferença. Em seu primeiro Clássico das Multidões como mandante lá, pela Copa Sul-Americana, apenas 5.517 pessoas.

Balanço de público e renda do Santa Cruz mandando seus jogos na Arena Pernambuco, de 2013 a 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

A quantidade jogos abaixo considera apenas os mandos do Trio de Ferro. Vale destacar que em 2013 houve o clássico carioca entre Botafogo e Fluminense, com 9.669 pessoas e R$ 368 mil de renda. Já em 2015 houve um jogo de portões fechados na Ilha, não computado. Em 2016, o América jogou na Ilha (2x) e no Arruda (1x), partidas também não consideradas no levantamento.

Número de jogos do Trio de Ferro no Recife. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Relembre os balanços anteriores: 20132014 e 2015.