Em 1 ano, dois presidentes renunciam no Náutico. Agora, Ivan Brondi. Ameaçado…

Ivan Brondi renuncia à presidência do Náutico em 29 de agosto de 2017. Foto: Náutico/twitter (@nauticope)

“Tentei fazer o Náutico vencedor como nos meus tempos de jogador. Não deu. Renuncio ao meu cargo de presidente executivo do Náutico. Que Gustavo Ventura possa assumir a gestão.”

Lendo uma carta, Ivan Brondi renunciou à presidência executiva do Náutico, expondo, mais uma vez, o turbulento meio político do clube, com a segunda renúncia em menos de um ano, apesar dos motivos distintos de ambos.

Renúncias dos presidentes alvirrubros
15/12/2016 – Marcos Freitas, por problemas de saúde
29/08/2017 – Ivan Brondi, após sofrer ameaças 

No caso anterior, Marcos Freitas se afastou em 16 de maio, com apenas cinco meses de gestão. O vice, Ivan, assumiu de forma interina até a efetivação em dezembro. Em 2017, num cenário quase sem receita após a perda do acesso, com um passivo de R$ 155 milhões, o clube entrou em colapso na Série B, chegando à ameaça de um grupo autointitulado “Resgate Alvirrubro”, a gota d’água para o dirigente, campeoníssimo como jogador – Ivan foi o hexacampeão com o maior número de jogos, 128. Caso de polícia, diga-se.

Na saída, foi acompanhado por toda a diretoria de futebol. Com isso, o fim do biênio 2016/2017 será comandado pelo então presidente do conselho deliberativo, Gustavo Ventura, que sequer estava à mesa no anúncio, num indício sobre o choque entre as correntes do clube – Ventura falou meia hora depois. Ele terá que remontar a direção. E o tempo é bem escasso.

Ventura, ligado ao MTA, será sucedido por Edno Melo, eleito num pleito antecipado de forma polêmica. O futuro presidente assume em janeiro, para o biênio 2018/2019, sendo o 4º mandatário em apenas dois anos…

Ivan Brondi renuncia à presidência do Náutico em 29 de agosto de 2017. Foto: Náutico/twitter (@nauticope)

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  1. Complemento do post

    Confira a íntegra da carta de renúncia de Ivan Brondi:

    “Ilustríssimo senhor Presidente Gustavo Henrique Vasconcelos Ventura do Conselho Deliberativo do Clube Náutico Capibaribe e prezada comunidade alvirrubra, senhores e senhoras representantes da imprensa pernambucana, meu cordial boa tarde!

    Tenho a certeza que fui escolhido por Deus, para que a minha trajetória de vida, fosse entrelaçada com a do Clube Náutico Capibaribe.
    Nasci em Santa Cruz do Rio Pardo, interior do Estado de São Paulo, e logo cedo como atleta, após ser revelado pelo Palmeiras, em 1963 começara a minha história com o Náutico. O privilégio de ter participado diretamente da maior conquista desportiva alvirrubra, o Hexacampeonato Pernambucano, disputando 126 das 140 partidas, me fez refletir várias vezes que o Náutico e eu, éramos uma só pessoa.
    Vencer o Santos de Pelé, numa goleada histórica de 5 a 3, ser vice-campeão da Taça Brasil de 67 e ter defendido o Náutico na Libertadores no ano seguinte, realmente me trazem, até hoje, memórias inesquecíveis.

    Após pendurar as chuteiras, continuei servindo meu amado clube, trabalhando pelas divisões de base e na construção do nosso Centro de Treinamento, juntamente com meu parceiro Salomão, dentre outros abnegados alvirrubros. Acostumado com os bastidores do clube, porém avesso aos holofotes, sempre busquei na minha experiência dentro das 4 linhas, repassar ensinamentos, profissionais e de vida, aos garotos da base.
    Como a vida costuma nos reservar surpresas, deparei-me com uma nova missão, a de presidir o clube, sucedendo meu nobre amigo Marcos Freitas, tomando posse no dia 19 de dezembro de 2016. Nunca escondi de ninguém minhas humildes limitações na esfera do gerenciamento de um clube, principalmente de uma instituição centenária, como o Náutico.

    Porém da mesma forma que me portei no campo de jogo, nunca me curvei aos desafios que a vida me apresentou e sempre busquei a ética e a retidão como meus pilares. Daquela data até hoje se passaram exatos 253 dias…

    A missão de servir ao Náutico, como Presidente, é uma verdadeira batalha. Durante esse período aprendi muito, sorrir algumas vezes, chorei tantas outras… mas faria tudo de novo, pois o amor que sinto pelo Náutico justifica todo e qualquer sacrifício. Muitos alvirrubros ouvem dizer sobre tamanho dos nossos desafios, mas poucos, pouquíssimos os conhecem a fundo… só se sabe, quando especialmente, se ocupa aquela cadeira de Presidente. As divisões políticas do nosso clube me fizeram conhecer um lado amargo, perverso, que sinceramente eu não conhecia e nem tão pouco gostaria.. O nível de acirramento político parecia não ter limites e chegara a tal ponto, que de tanta frustração cheguei a pedir a minha esposa que não gostaria de ser enterrado com o manto sagrado alvirrubro.

    Ouvi muitas pessoas que pediam uma chance a paz! Chega de brigas! O Náutico agonizava… construímos e selamos um pacto. Um pacto pelo e para o Náutico. Juntamos ideias diferentes, mas com o mesmo ideal, socorrer o Timbu. Sabíamos que os desafios não eram fáceis, exigia esforços, flexibilidade no conviver, renúncia de vaidades, pois a maior estrela sempre foi, é e será o Náutico.

    Vivemos juntos por 60 dias, mas não deu, não foi possível! Não entrarei em discussões secundárias, meu dever é com o equilíbrio.
    Sinto que tentei, tentei com todas as minhas forças fazer o melhor. Fazer o que fiz no tempo de jogador, tornar meu time vencedor, agora fora de campo, mas não deu. Não quero voltar aos momentos que vivi até antes do pacto pela paz. Não preciso, não mais viverei.
    Minha história me permite gozar da plena liberdade de ir e vir, com minha esposa, filhos e netos ao estádio, sem ser achincalhado, de não ter minha honra ferida, de ser respeitado da mesma forma que respeito a todos. Sei que posso repousar a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila do dever cumprido.

    Aprendi do alto dos meus 75 anos que perder uma batalha, não significa perder a guerra. Anuncio neste ato, com muito pesar, a minha renúncia do cargo de Presidente do Executivo do Clube Náutico Capibaribe, para deixar em aberto, o caminho para a sucessão. Que o Presidente do Conselho Deliberativo, Dr. Gustavo Ventura possa assumir a gestão, conforme determina o Estatuto do clube e posteriormente encaminhar ao presidente eleito, Dr. Edno Melo para exercer o seu mandato do biênio 2018/2019. Espero que todos os alvirrubros e alvirrubras entendam esse meu gesto, como uma prova de desprendimento do cargo e do poder, pois viso exclusivamente, atender de fato o anseio de alguns, em realizar uma antecipação plena, do mandato do meu sucessor.

    Desejo de coração, muito sucesso aos que chegam nessa nova empreitada e estarei sempre à disposição dos interesses vermelho e brancos.

    N-Á-U-T-I-C-O!

    Recife, 29 de agosto de 2017.
    Saudações alvirrubras,
    IVAN BRONDI DE CARVALHO
    Presidente Executivo”.

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