Os 72 maiores campeões estaduais de 1902 a 2017, entre 2.454 campeonatos

Os 25 maiores campeões estaduais do Brasil, de 1902 a 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Com mais uma temporada a caminho, hora de revisitar o passado…

Em 116 anos de bola rolando nos campeonatos estaduais, na base das rivalidades, já foram realizadas 2.454 competições locais, considerando as 27 unidades da federação. Entre os grandes campeões, 72 clubes ganharam ao menos dez títulos, com três pernambucanos presentes: Sport 41 (voltou ao top ten no último ano), Santa 29 (a uma taça de mudar de patamar) e Náutico 21 (estacionado há treze temporadas). O maior vencedor é, de longe, o ABC de Natal, o único com mais de 50 taças em sua galeria. E a marca não para de crescer, no embalo do bicampeonato potiguar. Entre os campeões estaduais de 2017, só o CRB mudou de base, alcançando o 30º título alagoano.

Sobre os cenários mais polarizados, Ceará (Ceará 44 x 41 Fortaleza) e Pará (Paysandu 47 x 44 Remo) seguem imbatíveis. Esse levantamento parte de 1902, quando a Liga Paulista de Foot-Ball organizou a primeira edição do campeonato paulista, com apenas 21 partidas. O São Paulo Athletic, de Charles Miller, foi o campeão. Curiosamente, o introdutor do esporte também foi o primeiro artilheiro, com 10 gols. Desde então, o mapa futebolístico mudou bastante, com o último ajuste em 1988, na criação do estado do Tocantins.

Por sinal, nas várias mudanças estaduais (como o desmembramento do Mato Grosso, por exemplo), o blog contou para este levantamento até o extinto campeonato fluminense, disputado até 1978, antes da fusão com o Estado da Guanabara, formado pela cidade do Rio de Janeiro. Em todos os estados foram somados os períodos amador e profissional. Afinal, na década de 1930 foram realizados torneios paralelos oficiais, nos dois modelos, no Rio e em São Paulo. Se em Pernambuco a transição ocorreu de forma pacífica, em 1937, em Roraima o torneio só foi profissionalizado em 1995, com três participantes, sendo o último segundo a CBF. Porém, a competição já era organizado pela federação roraimense desde 1960, com os mesmos filiados.

Os 72 maiores campeões estaduais* (e o ano do último título):
* A partir de 10 conquistas

+50 títulos estaduais
1º) ABC-RN – 54 títulos (2017)

De 40 a 49 títulos estaduais
2º) Paysandu-PA – 47 títulos (2017) 
3º) Bahia-BA – 46 títulos (2015) 
4º) Rio Branco-AC – 45 títulos (2015)
4º) Internacional-RS – 45 títulos (2016)
6º) Remo-PA – 44 títulos (2015) 
6º) Ceará-CE – 44 títulos (2017)
6º) Atlético-MG – 44 títulos (2017)
9º) Nacional-AM – 43 títulos (2015)
10º) Fortaleza-CE – 41 títulos (2016)
10º) Sport-PE – 41 títulos (2017)

De 30 a 39 títulos estaduais
12º) Coritiba-PR – 38 títulos (2017)
13º) CSA-AL – 37 títulos (2008)
13º) Cruzeiro-MG – 37 títulos (2014)
13º) Rio Branco-ES – 37 títulos (2015)
16º) Grêmio-RS – 36 títulos (2010)
17º) América-RN – 35 títulos (2015)
18º) Sergipe-SE – 34 títulos (2016)
18º) Flamengo-RJ – 34 títulos (2017)
20º) Sampaio Corrêa-MA – 33 títulos (2017)
21º) Fluminense-RJ – 31 títulos (2012)
22º) River-PI – 30 títulos (2016)
22º) CRB-AL – 30 títulos (2017)

De 20 a 29 títulos estaduais
24º) Santa Cruz-PE – 29 títulos (2016)
24º) Vitória-BA – 29 títulos (2017)
26º) Corinthians-SP – 28 títulos (2017)
26º) Botafogo-PB – 28 títulos (2017)
28º) Goiás-GO – 27 títulos (2017)
29º) Moto Club-MA – 25 títulos (2016)
30º) Mixto-MT – 24 títulos (2008)
30º) Vasco-RJ – 24 títulos (2016)
32º) Atlético-PR – 23 títulos (2016)
33º) Palmeiras-SP – 22 títulos (2008)
33º) Santos-SP – 22 títulos (2016)
35º) Náutico-PE – 21 títulos (2004)
35º) São Paulo-SP – 21 títulos (2005)
35º) Campinense-PB – 21 títulos (2016)
35º) Confiança-SE – 21 títulos (2017)
39º) Atlético-RR – 20 títulos (2009)
39º) Botafogo-RJ – 20 títulos (2013)

De 10 a 19 títulos estaduais
41º) Baré-RR – 18 títulos (2010)
41º) Desportiva-ES – 18 títulos (2016)
43º) Ferroviário-RO – 17 títulos (1989)
43º) Macapá-AP – 17 títulos (1991)
43º) Rio Negro-AM – 17 títulos (2001)
43º) Flamengo-PI – 17 títulos (2009)
43º) Figueirense-SC – 17 títulos (2015)
48º) Avaí-SC – 16 títulos (2012)
48º) América-MG – 16 títulos (2016)
50º) Vila Nova-GO – 15 títulos (2005)
50º) Treze-PB – 15 títulos (2011)
50º) Maranhão-MA – 15 títulos (2013)
53º) Goiânia-GO – 14 títulos (1974)
53º) Operário-MS – 14 títulos* (1997)
53º) Juventus-AC – 14 títulos (2009)
56º) Operário-MT – 13 títulos (2002)
56º) Atlético-GO – 13 títulos (2014)
58º) Joinville-SC – 12 títulos (2001)
58º) Parnahyba-PI – 12 títulos (2013)
60º) Paulistano-SP – 11 títulos (1929)
60º) Botafogo-PI – 11 títulos (1957)
60º) Independência-AC – 11 títulos (1998)
60º) Gama-DF – 11 títulos (2015)
64º) Cabo Branco-PB – 10 títulos (1934)
64º) Ypiranga-BA – 10 títulos (1951)
64º) Moto Clube-RO – 10 títulos (1981)
64º) Flamengo-RO – 10 títulos (1985)
64º) Tuna Luso-PA – 10 títulos (1988)
64º) Amapá-AP – 10 títulos (1990)
64º) Itabaiana-SE – 10 títulos (2012)
64º) Criciúma-SC – 10 títulos (2013) 
64º) Comercial-MS – 10 títulos** (2015) 
* O Operário ganhou 10 títulos no MS e 4 no MT
** O Comercial ganhou 9 títulos no MS e 1 no MT

Com gramados 105m x 68m, o Estadual volta a ser jogado fora do Recife em 2018

Entre 2014 e 2017, a fase principal do Campeonato Pernambucano foi reduzida a um hexagonal, priorizando clássicos, com seis em dez rodadas, além de equipes do interior mais qualificadas. Porém, o formato esgotou-se devido à previsibilidade dos classificados à semifinal, além da falta de partidas efetivas no interior, algo que dá sentido à competição. Neste caso, não por uma questão de nível técnico do futebol apresentado, mas pelo mau estado dos gramados, com o Cornélio de Barros sendo o único onipresente – até o Lacerdão, o maior palco fora da região metropolitana, chegou a ser vetado.

Com o novo regulamento em 2018, todos os clubes voltam a se enfrentar, com Náutico, Santa Cruz e Sport pegando a estrada. E para que todos os times tivessem ao menos um jogo contra um dos grandes clubes, foi preciso uma força-tarefa, que não será concluída com perfeição – longe disso. Afinal, o problema principal permanece: a escassez de água, embora as chuvas tenham enchido várias barragens. Outro ponto, para este ano, é a padronização de todos os os campos, utilizando o tamanho internacional adotado pela Fifa: 105m de comprimento e 68m de largura.

A única exceção tende a ser o Vitória, que ainda não confirmou o Carneirão, estudando duas opções, Chã Grande ou mesmo a Arena Pernambuco.

A seguir, detalhes dos palcos nas rotas do Trio de Ferro. Como deve ser.

América – Estádio Ademir Cunha (Paulista, a 17 km do Recife)
Dando sequência à duradoura parceria com a prefeitura, o Mequinha segue mandando os seus jogos em Paulista. O estádio, aliás, já tem a cara do clube, alviverde – com uma nova mão de tinta em 2018. O campo, bastante utilizado em competições de base, está passando por uma troca de placas de grama.

21/01 (16h00) – América x Santa Cruz – TV Globo
28/01 (16h00) – América x Afogados – TV FPF (internet)
07/02 (20h00) – América x Central – TV FPF (internet)
25/02 (16h00) – América x Belo Jardim – TV FPF (internet)
07/03 (20h00) – América x Pesqueira – TV FPF (internet)

Estádio Ademir Cunha (22/12/2017). Crédito: América/site oficial (america-pe.com.br)

Estádio Ademir Cunha (22/12/2017). Crédito: América/site oficial (america-pe.com.br)

Central – Estádio Luiz Lacerda (Caruaru, a 130 km do Recife)
Na reapresentação da patativa, o gramado estava seco. Após alguns treinos, o time passou a utilizar o Ninho do Gavião, o centro de treinamento do rival, o Porto. Com isso, o estádio passou por adubação e irrigação – e parte da estrutura foi pintada. Lá, o alvinegro receberá dois grandes, o que não aconteceu uma vez sequer em 2017.

21/01 (16h00) – Central x Náutico – TV FPF (internet)
28/01 (16h00) – Central x Flamengo
04/02 (16h00) – Central x Sport – TV Globo
18/02 (16h00) – Central x Belo Jardim – TV FPF (internet)
07/03 (20h00) – Central x Salgueiro

Estádio Lacerdão, Caruaru (28/12/2017. Crédito: Central/instagram (@centraldecaruaru)

Estádio Lacerdão, Caruaru (21/12/2017. Crédito: Central/instagram (@centraldecaruaru)

Belo Jardim – Estádio Sesc-Mendonção (Belo Jardim, a 187 km do Recife)
Fechado há quase dois anos, o estádio recebeu a visita de agrônomos da Campanelli, empresa paulista contratada pela FPF, para diagnosticar o campo. Após a vistoria, em 25 de outubro, o local, o mais crítico, vem sendo tratado de forma integral, com o Calango treinando num campo sintético da cidade.

21/01 (16h00) – Belo Jardim x Flamengo
28/01 (16h00) – Belo Jardim x Salgueiro
07/02 (20h00) – Belo Jardim x Vitória
21/02 (21h45) – Belo Jardim x Sport – TV Globo
07/03 (20h00) – Belo Jardim x Náutico – TV Premiere

Estádio Sesc-Mendonção, em Belo Jardim, em 25/10/2017. Crédito: AgresTV Pernambuco/youtube (reprodução)

Estádio Sesc-Mendonção, em Belo Jardim, em 25/10/2017. Crédito Belo Jardim F.C./Ascom

Pesqueira – Estádio Joaquim de Brito (Pesqueira, a 215 km do Recife)
O campeão da Série A2 teve o trabalho mais simples para entregar o campo em boas condições, uma vez que a última partida oficial no local, na ida da decisão, foi em 8 de novembro. Embora esteja indo para a 5ª participação na elite em seis anos, até hoje nunca recebeu o Trio de Ferro – só foi mandante uma vez, contra o Náutico, em 2013, atuando em Garanhuns.

17/01 (20h00) – Pesqueira x Belo Jardim – TV FPF (internet)
24/01 (20h00) – Pesqueira x Vitória
03/02 (20h00) – Pesqueira x Náutico – TV Premiere
21/02 (20h00) – Pesqueira x Salgueiro
04/03 (16h00) – Pesqueira x Central – TV FPF (internet)

Estádio Joaquim de Brito, Pesqueira (08/08/2017). Crédito: Gilmar Farias/divulgação

Estádio Joaquim de Brito, em Pesqueira (08/11/2017). Crédito: Pesqueira/instagram (reprodução)

Flamengo – Estádio Áureo Bradley (Arcoverde, a 256 km do Recife)
De volta à elite local, o Flamengo estreia logo contra o atual campeão, em jogo com transmissão na televisão para todo o estado – é a primeira vez que a Globo exibe um jogo do município. Então foi preciso estruturar as cabines, além de uma nova pintura, adotando as cores do clube. Sobre o gramado, além da adição de placas, foi feita uma ampliação das demarcações.

17/01 (21h30) – Flamengo x Sport – TV Globo
04/02 (16h00) – Flamengo x Afogados – TV FPF (internet)
07/02 (20h00) – Flamengo x Pesqueira
21/02 (20h00) – Flamengo x Santa Cruz – TV FPF (internet)
04/03 (16h00) – Flamengo x América

Estádio Áureo Bradley, Arcoverde (13/12/2017). Crédito: Flamengo/facebook (@Flamengodearcoverde)

Estádio Áureo Bradley, Arcoverde (13/12/2017). Crédito: Flamengo/divulgação

Afogados – Estádio Vianão (Afogados da Ingazeira, a 386 km do Recife)
A principal mudança no estádio para a temporada 2018 não foi no gramado, mas, sim, a instalação do sistema de iluminação. Como havia disputado apenas a segunda divisão e a primeira fase do Estadual, sem os grandes, não havia a exigência da FPF. Com a mudança do regulamento, a prefeitura precisou adequar o local, com 108 lâmpadas nas seis torres.

17/01 (20h00) – Afogados x Central
24/01 (20h00) – Afogados x Belo Jardim – TV FPF (internet)
07/02 (21h30) – Afogados x Santa Cruz – TV Globo
18/02 (16h00) – Afogados x Pesqueira
04/03 (16h00) – Afogados x Vitória

Estádio Valdemar Viana, Afogados da Ingazeira (03/01/2018). Crédito: Afogados/divulgação

Estádio Valdemar Viana, Afogados da Ingazeira (03/01/2018). Crédito: Afogados/divulgação

Salgueiro – Estádio Cornélio de Barros (Salgueiro, a 518 km do Recife)
Em 2017, o estádio recebeu a finalíssima do Campeonato Pernambucano e nove jogos da Série C do Brasileiro, o que já deixa claro o estágio acima dos demais palcos no interior, atendendo tanto ao gramado quanto à capacidade – pelo regulamento, apenas o Cornélio e o Lacerdão podem receber jogos a partir da semifinal do Estadual, com capacidade mínima de 10 mil lugares.

24/01 (20h00) – Salgueiro x América
03/02 (20h00) – Salgueiro x Santa Cruz
18/02 (16h00) – Salgueiro x Flamengo
25/02 (16h00) – Salgueiro x Afogados
04/03 (16h00) – Salgueiro x Sport – TV Globo

Estádio Cornélio de Barros (30/12/2017). Crédito: Carcará Net/twitter (@CarcaraNet)

Estádio Cornélio de Barros (29/12/2017). Crédito: Carcará Net/twitter (@CarcaraNet)

Em ponte Sport-São Paulo-Bahia, Régis sai por R$ 1,34 milhão. Abaixo da compra

Régis em passagens pro Sport e Bahia. Fotos: Paulo Paiva/DP (Sport) e Bahia/site oficial (Bahia)

Atualização em 05/01/2018

Numa negociação complexa, o Sport vendeu 25% dos 40% que tinha em relação aos direitos econômicos de Régis. O acordo foi estabelecido com o São Paulo, que já tinha 45% e repassou o meia imediatamente ao Bahia (70%, portanto) como parte da compra do goleiro Jean. E assim, já há duas temporadas longe da Ilha do Retiro, acaba a ‘passagem’ do meia no clube. Comprado por R$ 2,5 milhões em 2014, junto à Chape, o jogador acabou saindo por R$ 1,34 milhão, no último ano do contrato. Prejuízo? A conclusão não é simples, pois, sem espaço no leão, Régis foi emprestado três vezes, sendo uma ao Palmeiras e duas ao Bahia, onde foi eleito o melhor jogador do Nordestão 2017, à parte do título diante do próprio ex-clube.

Quanto o rubro-negro recebeu pelos empréstimos? A informação está retida na caixa-preta do clube, que dificilmente será aberta no balanço oficial, agendado para abril. Já em relação à própria venda, o Sport não chegou sequer a ver o dinheiro, utilizado para abater dívidas com o próprio tricolor paulista, pela compra do atacante Rogério e por repasses dos empréstimos de Régis, uma vez que o São Paulo detinha o percentual restante dos direitos.

Régis no Sport (2014-2015)
62 jogos
9 gols
6 assistências

Ou seja, uma venda milionária com dinheiro ‘virtual’, que não pingou na conta de fato. Considerando o Plano Real, esta foi a 17ª venda do clube neste porte (a 33ª do estado), ficando a duas do Vitória, o recordista da região. Mas, até que a direção detalhe, a saída de Régis não se sobrepôs à chegada…

As maiores vendas do Sport no Plano Real. Crédito: Cassio Zirpoli/DP

Taça Evandro Carvalho, a disputa amistosa entre Flamengo e Íbis

A Taça Evandro Carvalho de 2018, entre Flamengo de Arcoverde e Íbis. Crédito: FPF/site oficial

Taça Ariano Suassuna, Troféu Chico Science, Taça Mauro Shampoo…

…e Taça Evandro Carvalho.

Após Sport, Santa e Íbis, foi a vez do Flamengo de Arcoverde propor uma disputa amistosa. Em 2018, faz homenagem ao atual presidente da Federação Pernambucana de Futebol na reabertura do estádio Áureo Bradley, após um período fechado para a reforma do gramado e pintura das arquibancadas. Pela taça, encara o Íbis, que não se classificou na última segundona.

O amistoso foi agendado para o dia 7 de janeiro, a dez dias da estreia no Estadual de 2018, contra o Sport, no mesmo local. Homenageado, Evandro publicou uma mensagem de agradecimento no site oficial da FPF.

“É um orgulho receber essa homenagem por parte dos meus filiados. Isso só mostra que o meu trabalho vem sendo reconhecido e me motiva a continuar fazendo mais e melhor por todos eles”

Com a taça em jogo nos 90 minutos, o desempate pode ocorrer até na disputa de pênaltis. Evandro Cup à parte, na sua opinião quais nomes poderiam ser homenageados em taças amistosas envolvendo clubes locais?

Timemania encerra 2017 com o Santa Cruz no top 20 e Sport e Náutico no top 40

Ranking final da Timemania em 2017. Crédito: Caixa Econômica Federal/site oficial (reprodução)

O último sorteio da Timemania em 2017 ocorreu em Medianeira, no oeste do Paraná, em 30 de dezembro. No concurso de nº 1.126, que teve o Corinthians como clube sorteado, o prêmio principal de R$ 3,1 milhões, para o acerto de sete números, acumulou. Assim, encerrou-se também a 10ª temporada da loteria federal criada para abater as dívidas dos times brasileiros com o poder público. E neste último sorteio, uma virada decisiva para a divisão de receitas.

Os três clubes pernambucanos cadastrados na Timemania registraram mais de 8,1 milhões de apostas, num aumento de 66% em relação ao acumulado passado (4,9 mi). Destaque para o Santa. Com uma forte campanha de engajamento nos últimos dias, o clube liderou a quantidade de apostas no derradeiro sorteio, com 111 mil, tirando uma considerável diferença de 53 mil apostas sobre o Avaí, que fechava o top 20. Assim, conseguiu, pelo quarto ano seguido, terminar no grupo principal, com direito aos maiores repasses.

Através das 237.915.690 apostas contabilizadas, com cada cartela custando R$ 2, a arrecadação bruta foi de R$ 475.915.680. Foi a maior até hoje, registrando um acréscimo de 72%, ou 199 milhões de reais a mais nas lotéricas. Assim, o repasse para os clubes também foi recorde – pela regra da loteria, 20% do montante é repassado para os clubes 80 clubes inscritos, de acordo com o número de apostas. No gráfico abaixo, o histórico de colocações (nos âmbitos nacional e regional) dos sete maiores times da região.

Divisão da receita repassada aos clubes e as respectivas cotas de 2017:
65% (grupo 1, do 1º ao 20º lugar) – R$ 61,8 milhões (R$ 3,0 milhões cada)
25% (grupo 2, do 21º ao 40º lugar) – R$ 23,7 milhões (R$ 1,1 milhão cada)
8% (grupo 3, do 41º ao 80º lugar) – R$ 7,6 milhões (R$ 190 mil cada)
2% (grupo 4, com os 18 clubes fora da cartela) – R$ 1,9 mi (R$ 105 mil cada)

Ao todo, seis clubes nordestinos ficaram na primeira casta da loteria em 2017, os mesmos do último ano. Assim, vão abater R$ 3.093.451 em dívidas tributárias em 2018, cada um – ou R$ 257 mil mensais. Neste bolo, segue o ABC, que também mantém um trabalho de engajamento. Enquanto isso, Sport e Náutico ficaram mais uma vez no segundo escalão, no top 40.

Arrecadação da Timemania e a receita dos clubes (entre parênteses):
2012 – R$ 256 milhões (R$ 51,2 mi)
2013 – R$ 251 milhões (R$ 50,3 mi)
2014 – R$ 425 milhões (R$ 85,0 mi)
2015 – R$ 338 milhões (R$ 67,6 mi)
2016 – R$ 276 milhões (R$ 55,3 mi)
2017 – R$ 475 milhões (R$ 95,1 mi)

Abaixo, o número de apostas do G7 a cada ano ano. Desde 2009, o Trio de Ferro termina abaixo dos rivais baianos e cearenses – talvez pelo fato de o público ser formado não só por torcedores, mas por apostadores regulares, independentemente do modelo. Não por acaso, as três metrópoles têm populações simulares (4 milhões de habitantes) e dados aproximados numa comparação agregada. Com 8,1 milhões de apostas (soma de tricolores, rubro-negros e alvirrubros), o Recife teve 569 mil a menos que Salvador e 98 mil a mais que Fortaleza. De toda forma, a 14ª colocação nacional do Fortaleza há nove anos seguidos, por exemplo, é um mérito do clube, fato.

Número de apostas dos maiores clubes do Nordeste na Timemania de 2006 a 2017. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

As projeções de cotas dos clubes do Nordeste nas competições de 2018

A projeção de cotas dos maiores clubes nordestinos em 2018. Arte: Cassio Zirpoli/DP (via infogram)

Em 2018 o Nordeste terá quatro clubes na Série A, a maior representatividade da região na era dos pontos corridos, já na 16ª edição. Além disso, pela primeira vez, neste formato, a competição tem as maiores metrópoles: Salvador (Bahia e Vitória), Recife (Sport) e Fortaleza (Ceará). Sem surpresa, o quarteto concentra a receita do futebol da região nesta temporada, a partir das cotas de tevê. Dimensionando este quadro, o blog projetou as cotas do ‘G7’, entre verba de transmissão e o repasse por classificação – obviamente, existem outras fontes, como bilheteria, patrocínios, sócios, Timemania etc.

No levantamento estão todos os campeonatos oficiais, com os respectivos valores já divulgados. No caso do Brasileirão foi considerada a premiação do último ano, idem com a cota da Série B, com o montante ainda em negociação. As receitas de cada clube estão divididas em quatro colunas nos quadros abaixo, com o cenário mais pessimista na primeira, considerando o valor-base da televisão e a pior colocação possível na competição. Em seguida, duas colunas com campanhas acessíveis, passando uma fase nos respectivos torneios, ou, no caso do Brasileiro, nas primeiras posições acima da zona de rebaixamento, o mínimo esperado por qualquer participante.

No fim, considerando até o hipotético título da Copa do Brasil, com R$ 50 milhões de premiação apenas na decisão (!), chega-se a uma equação entre mercado e meritocracia esportiva, embora também exista uma enorme disparidade local, ainda mais acentuada após o duplo rebaixamento de Náutico e Santa. Na contramão dos rivais alencarinos, que subiram de divisão, alvirrubros e tricolores largam desta vez sem receita de tevê no nacional.

No mínimo, um apurado de R$ 188,5 milhões, com 78% com os três ‘cotistas’.

Cotas e premiações: Estaduais, Nordestão, Copa do Brasil, Série A e Sula.

Projeção de cotas do Náutico nas competições oficiais de 2018. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Náutico por mês: R$ 141.666
Variação sobre o mínimo absoluto de 2017: – R$ 5.214.200 (-75,4%)
Calendário: de 31 a 66 jogos oficiais
Cotas e premiações captadas em 2017: R$ 7.656.666

Após bater na trave na Série B durante dois anos seguidos, ambos em 5º lugar, o Náutico acabou desabando para a Série C, onde viverá o seu pior momento financeiro em quase duas décadas. Na terceirona, a princípio, tem apenas as despesas pagas (viagens, hospedagens e arbitragens), o máximo possível com o atual aporte da tevê. Pelo calendário, o timbu é o primeiro dos maiores clubes a entrar em campo, já em 8 de janeiro, num jogo vital pela fase preliminar da Lampions – caso elimine a Itabaiana, garante R$ 500 mil. Como na maioria dos casos, tem como maior ‘fonte de captação’ a turbinada Copa do Brasil, com R$ 600 mil caso avance à 2ª fase – o que não conseguiu em 2016 e 2017. A escassez fica clara na folha, com o clube projetando uma folha de R$ 200 mil. Pelas cotas garantidas, tem 70% disso.

Projeção de cotas do Santa Cruz nas competições oficiais de 2018. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Santa Cruz por mês: R$ 204.166
Variação sobre o mínimo absoluto de 2017: – R$ 5.094.200 (-67,5%)
Calendário: de 35 a 64 jogos oficiais
Cotas e premiações captadas em 2017: R$ 9.803.703

O segundo rebaixamento consecutivo tirou o Santa de um faturamento de R$ 36 milhões, aí considerando todas as receitas possíveis, para uma temporada estimada entre 12 e 14 milhões de reais. Para tudo, futebol, administrativo, dívidas e manutenção estrutural. Ainda assim, o tricolor, de volta à Série C após cinco anos, larga numa condição levemente melhor que o rival vermelho e branco devido à presença assegurada na fase de grupos do Nordestão – o que aconteceu após a desistência do Sport, o que também condicionou a própria entrada do Náutico, é verdade. O clube também enxerga na turbinada Copa do Brasil a oportunidade de capitalizar a temporada – e neste contexto há a possibilidade de um Clássico das Emoções na 2ª fase valendo R$ 1,4 milhão ao vencedor.

Projeção de cotas do Sport nas competições oficiais de 2018. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Sport por mês: R$ 3.662.500
Variação sobre o mínimo absoluto de 2017: – R$ 831.375 (-1,8%)
Calendário: de 49 a 66 jogos oficiais
Cotas e premiações captadas em 2017: R$ 54.030.320

O Sport chega ao 5º ano seguido na elite, recorde na região nos pontos corridos. Com isso, vai sustentando a integralidade da cota de transmissão bancada pela Globo. E além da cota fixa de R$ 35 milhões há um importante acréscimo pelo pay-per-view. Embora haja a previsão de um novo cálculo do PPV para 2018, considerando o cadastro de assinantes no Premiere (algo que já deveria ter sido feito há tempos), o blog manteve a projeção de 2017 (R$ 7 mi) por não existir mais informações a respeito. Sobre o calendário, desta vez será mais enxuto, ainda que por caminhos distintos. Se em 2017 o clube jogou 80 vezes, abaixo apenas do Flamengo, agora pode nem chegar a 60. De cara, o leão tem dois torneios a menos: Nordestão (desistiu) e Sula (não se classificou). Só por participar das duas o clube teria direito a R$ 1,8 mi.

Projeção de cotas do Bahia nas competições oficiais de 2018. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Bahia por mês: R$ 4.725.208
Variação sobre o mínimo absoluto de 2017: + R$ 3.162.500 (+5,9%)
Calendário: de 57 a 83 jogos oficiais
Cotas e premiações captadas em 2017: R$ 57.692.335

O tricolor da Boa Terra terá cinco competições na temporada, num cenário vivido pelo rubro-negro pernambucano no último ano, que chegou a jogar todos os torneios simultaneamente. Como estamos em ano de Copa do Mundo, a agenda do Baêa também deve ser apertada, restando poucas datas no meio de semana. Por outro lado, o clube vai colher as benesses (esportiva e financeira) das boas campanhas em 2017, largando nas oitavas da Copa do Brasil devido ao título do Nordestão e retornando à Sul-Americana após a vaga obtida no Brasileirão. Para completar, tem a maior receita da Globo na região, considerando a última divisão do pay-per-view, numa projeção a partir da pesquisa Ibope/Datafolha. No geral, larga com R$ 8,6 milhões a mais que o Vitória e R$ 12,7 mi a mais que o Sport.

Projeção de cotas do Vitória nas competições oficiais de 2018. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Vitória por mês: R$ 4.006.666
Variação sobre o mínimo absoluto de 2017: + R$ 840.000 (+1,7%)
Calendário: de 54 a 77 jogos oficiais
Cotas e premiações captadas em 2017: R$ 51.374.030

Já são dois anos com o rubro-negro baiano encerrando o Brasileirão em 16º lugar, escapando por triz. Mantido na elite e com quatro competições a disputar, o Vitória é o segundo da região considerando a projeção mínima de cotas, só abaixo do arquirrival. Há oito anos sem levantar a Copa do Nordeste, o clube mira o pentacampeonato como preferência em relação ao Baiano, onde é o atual campeão, num torneio sem premiação – por sinal, isso acontece na BA, PE e CE. E de fato precisa corresponder competitivamente, não só no regional, pois em 2017 acabou tendo menos receita que o Sport justamente por causa dos mata-matas, com o time do Recife disputando nove mata-matas entre Copa do Brasil e Sula – tirando 5 milhões de reais de diferença entre os clubes.

Projeção de cotas do Ceará nas competições oficiais de 2018. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Ceará por mês: R$ 2.556.666
Variação sobre ao mínimo absoluto de 2017: + R$ 23.825.800 (+347,6%)
Calendário: de 54 a 82 jogos oficiais
Cotas e premiações captadas em 2017: R$ 6.311.111

Sem dúvida, é a maior transformação (positiva) da temporada entre os principais clubes do Nordeste. A volta à elite já renderia um aporte milionário ao vozão, ainda que seja o ‘piso’ da competição, mas o clube conseguiu negociar junto à Globo um aumento da cota, passando de R$ 23 milhões, o valor recebido pelo Santa em 2016, para R$ 28 milhões – válido só para 2018 e já incluindo o PPV. E o ano marca também a volta à Copa do Nordeste, já como cotista principal, na condição de cabeça de chave – em 2017, quando não se classificou ao regional e disputou a Primeira Liga, como convidado, não recebeu nada na fase de grupos. Mesmo que o alvinegro não avance em nenhum torneio, o mínimo estabelecido já é suficiente para quebrar o recorde de faturamento – neste caso, contando todas as receitas.

Projeção de cotas do Fortaleza nas competições oficiais de 2018. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Fortaleza por mês: R$ 414.074
Variação sobre o mínimo absoluto de 2017: + R$ 3.318.888 (+201,1%)
Calendário: de 47 a 56 jogos oficiais
Cotas e premiações captadas em 2017: R$ 1.700.000

Foram oito longos anos jogando na Série C, sem cota de televisão e dependendo basicamente da bilheteria proporcionada por sua torcida, que até fez a sua parte, enchendo o Castelão várias vezes na fase decisiva. Após finalmente passar das quartas de final, o tricolor alencarino voltou a ter uma cota de tevê à parte das despesas pagas. Pelo modelo implantado em 2017, o clube fica com a menor cota da Série B, junto aos outros três times que ascenderam. Ainda assim, triplicou a sua receita mensal – o que deixa claro a situação anterior -, além de aumentar o seu calendário, de 24 para 38 jogos no Brasileiro. Mas as boas notícias param aí, com o clube fora tanto do Nordestão quanto da Copa do Brasil, torneios com cotas fortalecidas – pela simples participação, teria embolsado R$ 1,3 milhão.