Antes do Grito da República, o grito do abandono

Estádio "Grito da República", em Olinda. Fotos: Olinda FC/facebook

A construção de um estádio de futebol com capacidade para 10.700 pessoas, em Olinda, tornou-se num dos maiores escândalos do esporte no estado.

A ordem de serviço para o empreendimento em Rio Doce foi assinada em 2008. Inicialmente, seriam R$ 7,1 milhões, com investimentos do Ministério do Esporte e da Prefeitura de Olinda.

No entanto, a obra está paralisada há 17 meses, para ajustes num projeto executivo aprovado na gestão passada, do mesmo partido diga-se. Agora, a expectativa é que o gasto passe dos R$ 10 milhões.

Em um vídeo da própria gestão, o prefeito Renildo Calheiros estipula dezembro deste ano como a data da inauguração.

Curiosamente, a ideia era ter inaugurado o estádio em dezembro de 2013, inscrevendo o local nos Centros de Treinamento de Seleções (CTS), da Copa do Mundo.

As fotos com o abandono já foram postadas e comentadas no blog (veja aqui).

Após um trabalho básico de limpeza no local, o prefeito enfim reapareceu na área.

Basta assistir ao vídeo para conferir o entusiasmo do gestor com a obra mais inacabada dos últimos tempos.

“A arquibancada está pronta. Falta o gramado, acabamento, iluminação…” Só!?

O prefeito também revelou o nome oficial do estádio, “Grito da República”. Se fosse “Grito do Abandono” também seria pra lá de válido.

Um ano depois da lama, o acesso básico a um CT de Copa do Mundo

Acesso ao CT do Sport, em Paratibe, em abril de 2014. Foto: www.facebook.com/CentroDeTreinamentoJoseDeAndradeMedicis

Uma cena constrangedora, com  ônibus do Uruguai andando numa velocidade mínima, numa estrada de barro, enlameada, sem estrutura alguma.

Não parecia, mas era o caminho para chegar em um dos campos oficiais de treinamento (COT), selecionados pela Fifa para a Copa das Confederações de 2013.

Em junho, no inverno recifense, a situação só piorou.

Ao todo, um acesso de 1.900 metros ao centro de treinado do Sport, em Paratibe, da estrada ao portão principal, num descaso da prefeitura da capital.

A repercussão internacional, claro, foi péssima.

Um ano depois, enfim o mínimo que se esperava para uma estrutura periférica do Mundial.

A pavimentação, já acima dos 60% deve ser concluída até o torneio, inclusive, com canaletas para escoar água, uma vez que o evento também será no inverno local.

No CT do Leão irão treinar Japão, Costa Rica, México, Alemanha e segundo colocado do grupo C, nas oitavas de final.

O governo fez o que esperava. Porém, com um ano de atraso…

Acesso ao centro de treinamento do Sport, em Paratibe, em junho de 2013. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

A censura da FPF ao jornal que cobre o campeonato estadual desde 1915

Censura. Crédito: Erik Drooker (www.drooker.com)

O jornalismo esportivo lida diariamente com algo bem mais específico comparado às outras editorias… A paixão.

A partir dela, defender a uma bandeira torna-se um ideal pra vida toda, imutável.

Com ou sem razão, sobretudo.

A paixão do torcedor e a paixão dos dirigentes. Neste segundo caso, a paixão costuma ser um perigoso escudo.

Há quem diga que a imprensa de um estado deve defender os seus clubes.

Sem demagogia, o jornalismo é pautado pela informação. Não é publicidade.

Atualmente, num viés mais moderno, a informação vem agregada de opinião, análise, tudo para construir um conteúdo diferenciado.

Acima disso, o óbvio. É preciso informar com fatos, evidências e tudo mais o que possa dar substância ao texto.

Agradar ou não é outro departamento, e não o do jornalismo sério, diga-se.

Portanto, no momento em que um árbitro revela uma suposta orientação superior à parte das regras do futebol, como não repercutir isso?

Quando se percebe, há três anos, que os estádios estão vazios e com os borderôs dizendo exatamente o contrário, como não investigar?

As respostas foram duas, mas foram legítimas.

Baseadas em depoimentos, imagens e documentos, num trabalho de reportagem.

Por isso, surpreendeu a postura do presidente da FPF, Evandro Carvalho, de se negar a conceder entrevistas aos repórteres do Diario de Pernambuco, do qual faço parte há dez anos. Não só ele como todos os funcionários da federação, vetados.

O dirigente se queixa que o jornal está “querendo acabar com os times  do interior” ao publicar reportagens sobre os públicos fantasmas no campeonato local. O jornal e o blog (relembre aqui e aqui).

O futebol pernambucano, como se sabe, é subsidiado pelo estado desde 1998. Os programas Todos com a Nota e Futebol Solidário ajudaram a trazer de volta os torcedores, aumentando bastante os públicos.

Nos últimos anos, porém, o sistema vem falhando bastante no interior, com jogos desertos e rendas consideráveis. É dever do jornal ficar alerta a isso, até porque, vale lembrar sempre, é uma verba pública em questão.

em 2013 o governo do estado injetou R$ 13 milhões, via TCN. É justo e necessário que exista uma contrapartida dos clubes, com seus torcedores presentes. Hoje, na prática, só ocorre na capital, que conta com um sistema digital de controle.

Assim, as denúncias foram feitas. As atitudes foram escassas.

Já a irritação na federação passou do ponto, com a censura.

O ato de silêncio veio uma semana após uma pressão desnecessária da entidade através de e-mail da assessoria à direção do jornal.

Entretanto, tudo foi bem apurado e checado. E devidamente autorizado pelos editores.

Os públicos fantasmas existem, queira o presidente da FPF ou não.

O futebol do estado continua sendo a pauta esportiva principal do Diario, com notícias sobre esquemas táticos, contratações, regulamentos, públicos, arbitragem e, claro, denúncias.

Francamente, o Diario de Pernambuco cobre o Campeonato Pernambucano desde 1915, e não será Evandro Carvalho quem irá mudar isso…

Saiu no globo um árbitro Fifa para a final pernambucana, direto de Goiás

Sorteio do trio de arbitragem para Sport x Náutico, o 1º jogo da final do Estadual de 2014. Crédito: FPF/divulgação

O sorteio do árbitro para o primeiro jogo da final do campeonato estadual de 2014 aconteceu na sede da Federação Pernambucana de Futebol.

Como sempre, os representantes dos clubes envolvidos ficaram atentos ao globinho de bingo. E o nome sorteado foi… Wilton Pereira Sampaio.

Não reconhece o nome?

Pois é. Não faz parte do quadro da Comissão Estadual de Arbitragem, a Ceaf.

Ao contrário do que dizia o presidente da FPF, Evandro Carvalho (“o regulamento não permite árbitros de fora), a decisão terá um juiz à parte do quadro local.

A explicação vem das várias reclamações dos clubes aos juízes locais.

E o único “Árbitro Fifa” ligado ao estado, Sandro Meira Ricci, está em fase treinamento para a Copa do Mundo.

Porém, Wilton Sampaio também tem o emblema da Fifa. É o mais novo entre os dez brasileiros na entidade. E também o mais novo, 32 anos.

Ele entrou para o quadro internacional em 2013, na temporada seguinte ao prêmio de melhor árbitro do Brasileirão, no qual atuou 16 vezes.

Mas que fique claro… ele será pressionado pelos dirigentes das duas torcidas.

Com a decisão, a FPF deve sortear outro árbitro de fora para o segundo jogo?

Quadro de árbitros brasileiros na Fifa em 2014. Crédito: Site Oficial da Fifa

A camisa especial do Náutico para a final

Camisa do Náutico para a final do Pernambucano 2014. Foto: Paulo Araújo/Timbunet/divulgação

Acima do escudo do Náutico, na camisa oficial, há o seguinte texto:

“Edição especial. Camisa Timbu 2014 autografada pelo torcedor Alvirrubro.”

Este é o uniforme que o Timbu utilizará na decisão do Estadual desta temporada.

A ideia de marketing, que partiu da própria torcida, consiste na presença do nome de 785 torcedores nas listras vermelhas. Para isso, cada torcedor pagou uma taxa de adesão de R$ 55 (saiba mais aqui).

O padrão continua sendo produzido pela marca Garra, até o anúncio da nova fornecedora do clube, após a quebra de contrato com a Penalty.

Até lá, duas decisões, na Ilha do Retiro e na Arena Pernambuco, com o autógrafo do próprio torcedor timbu na camisa especial…