Piadinha típica da enorme rivalidade que move o futebol pernambucano. Depois que os tratores começaram a retirar o gramado do Arruda nesta quinta-feira (na verdade, uma camada de 40 centímetros do solo), deixando uma enorme faixa de barro puro, alguns tricolores aproveitaram a situação para alfinetar os rubro-negros.
“Pronto. Finalmente o campo do Arruda ficou tão ruim quanto o da Ilha do Retiro”.
Em 1910, o futebol já não era praticado somente pelos componentes da elite recifense. É verdade que os principais jogos envolviam apenas os sócios do Náutico e do Sport, além dos funcionários, geralmente ingleses, da Great Western e da Western Telegraph. Esse clubes se enfrentaram algumas vezes também, assim como times formados por marujos de navios ingleses ancorados no Porto do Recife.
Nos subúrbios, porém, o futebol começava a ganhar impulso. Os jornais registravam, com freqüência, a fundação de novos clubes. Entre eles:
Caxangá Foot-ball Club, Club Athletico de Pernambuco, Olinda Foot-ball Club, Brazilian Foot-ball Club, Recreio Sportivo Pernambucano, Principe Foot-ball Club, Clube Sportivo Almirante Barroso, Centro Sportivo do Peres e Minas Geraes Foot-bal Club.
No ano de 1912, as atividades futebolísticas do Sport, do Náutico e dos clubes de ingleses foram resumidas. Um jogo entre Náutico e Sport marcado para o dia 13 de maio, data do oitavo aniversário do Sport, não foi realizado. No dia 26 de maio foi realizado um jogo entre o “Mundo” (time de estrangeiros) e um combinado Sport/Náutico, com público diminuto. De uma maneira geral, contudo, o interesse pelo futebol era crescente.
Diversos estados brasileiros já realizavam seus campeonatos. Pernambuco deveria, também, organizar o seu certame. Assim, em fevereiro de 1912, sob a presidência do então conhecido “foot-baller” Eugênio Silva, foi criada a Liga Pernambucana de Foot-ball, formada pelos clubes: Internacional F. C., Mina Geraes F. C., Riachuelo F. C., Brazil F. C. e Peres F. C.
Foi organizado um campeonato, do qual algumas partidas foram disputadas. Depois toda a diretoria da Liga renunciou e suas atividades foram encerradas (o campeonato não foi oficializado depois).
*Carlos Celso Cordeiro é escritor e pesquisador do futebol pernambucano
O setor ofensivo do Brasil passou em branco nos últimos 3 jogos em casa. Três empates por 0 x 0. Fora de casa, a Seleção goleou o Chile (3 x 0) e a Venezuela (4 x 0). Um desempenho bem curioso. Apesar das críticas ao ataque do time quando joga no país, o sistema defensivo vem recebendo elogios.
E com justiça. Após o jogo o empate com a Colômbia, no Maracanã, o goleiro Júlio César, de 29 anos, quebrou o recorde brasileiro de invencibilidade em Eliminatórias para a Copa do Mundo, que pertencia a Taffarel, em 1993, durante a seletiva para o Mundial dos EUA.
Júlio César está há 492 minutos sem levar um golzinho sequer. O último foi marcado por Cabañas (olha ele de novo…), aos 4 minutos do segundo tempo na derrota por 2 x 0 para o Paraguai, em 15 de junho. Depois foram mais 5 jogos invicto.
Com os zagueiros Juan e Lúcio fazendo a proteção com absoluta segurança, como reconhece o camisa 1. “Fico feliz, não só por mim, mas por todo o sistema defensivo”.
Bem que o ataque do Brasil poderia estar fazendo a sua parte também…
No comando da azeitada seleção paraguaia está o técnico Gerardo Martino.
Que é argentino, diga-se. Nascido na cidade de Rosário, em 20 de novembro de 1962. Ele assumiu o comando do time em fevereiro de 2007.
No lugar do uruguaio Aníbal Ruiz. Globalizado esse futebol do Paraguai, hein…
Mas essa aposta da Asociación Paraguaya de Fútbol vem dando resultado.
A base da carreira de Martino – conhecido como “Tata” – foi dentro do próprio futebol paraguaio, onde comandou os tradicionais Cerro Porteño e Libertad. Ganhou os títulos nacionais de 2002, 2003, 2004 e 2006. Sem dúvida, o treinador chegou respaldado por um ótimo desempenho local.
Como jogador, atuou como meio-campista entre 1980 e 1996. O seu melhor momento foi no Newell’s Old Boys, onde foi campeão argentino em 1988 e 1992 (Clausura). Pela Seleção, atuou 2 vezes, ambas em 1991.
Guarde este nome: Gerardo Martino. Poderá dar bastante trabalho ao Brasil ainda.
Você pode ver mais informações sobre a Seleção do Paraguai clicando AQUI.
Um time forte no ataque e na defesa. Um equilíbrio que resulta em muitos pontos na classificação. Mas como em qualquer equipe, nem sempre esse equilíbrio é alcançado. Mas aí, vai mesmo na garra, que contagia toda a torcida.
Estou falando da Seleção Brasileira? Não. A atual está longe disso. A descrição poderia se encaixar perfeitamente na Argentina. Mas os hermanos também vem patinando nas Eliminatórias.
Ao contrário do Paraguai, que vem mostrando força a cada rodada e lidera com folga as Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa de 2010. O time do gorducho atacante Cabañas (piada pronta) soma 23 pontos em 10 rodadas, seis a mais que o Brasil, o 2º lugar, apesar do empate fuleiro diante da Colômbia, no Maracanã.
A imprensa brasileira costuma dizer que atrapalha bastante o fato de a Canarinha ser formada por jogadores “que atuam há bastante tempo na Europa e acabam sem identificação”. Mas no time dos vizinhos é a mesma coisa. E não vem atrapalhando em nada. Dos 11 titulares que venceram o Peru em Assunção, na noite desta quarta, apenas um jogador atua no país (o meia Victor Cáceres, do Libertad).
Pontos corridos – O Paraguai sempre cambaleou nas Eliminatórias, que tinham um novo regulamento a cada 4 anos. Isso mudou radicalmente na seletiva para o Mundial de 1998, quando a Conmebol adotou os ‘pontos corridos’ com todas as federações da América do Sul. Foi a arrancada do país, que vem mostrando uma capacidade incrível nesse sistema.
Em 1998, o Paraguai ficou em 2º lugar, a apenas um ponto da Argentina (apesar de ter tido mais vitórias, 9 x 8). Em 2002, ficou em 4º, também garantindo a sua vaga. Mesma posição na última edição. Contabilizando os dados das últimas 4 Eliminatórias (62 jogos, incluindo a atual), o Paraguai tem um ótimo aproveitamento de 59,13%, com 33 vitórias, 11 empates e 18 derrotas.
Se estivesse disputando a Série A do Brasileiro, estaria brigando no G-4. Mas sabemos que não está. Está além disso, sempre caminhando rumo a uma nova Copa do Mundo.
Você pode ver a classificação da eliminatória sul-americana clicando AQUI.
13/10/2007 – Peru 0 x 0 Paraguai
17/10/2007 – Paraguai 1 x 0 Uruguai
17/11/2007 – Paraguai 5 x 1 Equador
21/11/2007 – Chile 0 x 3 Paraguai
15/06/2008 – Paraguai 2 x 0 Brasil
18/06/2008 – Bolívia 4 x 2 Paraguai
06/09/2008 – Argentina 1 x 1 Paraguai
09/09/2008 – Paraguai 2 x 0 Venezuela
11/10/2008 – Colômbia 0 x 1 Paraguai
15/10/2008 – Paraguai 1 x 0 Peru
A Seleção Brasileira enfrentará a Colômbia logo mais no velho Maracanã. Devido à crise pela qual passa a equipe brasileira, a expectativa inicial era de um público pequeno para o primeiro jogo do returno das Eliminatórias da Copa (marcado para as 22h).
Chegou a ser especulado se o jogo desta noite poderia marcar o recorde negativo de público na história da Seleção no estádio Mário Filho, palco maior da Canarinha desde 1950.
Mas – felizmente – não será possível, já que apenas nos primeiros de dias de venda de ingressos foram comercializados 30 mil bilhetes. O “recorde” foi estabelecido em 9 de junho de 1976, quando o Brasil venceu o Paraguai por 3 x 1, pela Taça Atlântico. Apenas 28.820 pessoas viram aquele jogo. E olhe que estavam em campo ninguém menos que o flamenguista Zico e o vascaíno Roberto Dinamite, ídolos das maiores torcidas do Rio.
Zico e Roberto Dinamite podem não até não ter deixado o jogo tão atrativo assim, mas quando eles se enfrentaram a história foi bem diferente… Naquele mesmo ano, em 4 de abril, o Flamengo venceu o Vasco por 3 x 1, com mais de 174 mil pessoas lotando as arquibancadas do maior estádio do mundo. Aquele foi simplesmente o 4º maior público registrado no estádio. Ao contrário do que diz a regra matemática, a ordem dos fatores alterou o produto. Excepcionalmente nesse caso.
Mariores públicos do Maracanã
1º) 200.000 – Brasil 1 x 2 Uruguai (16/07/1950) (estimado)
2º) 183.341- Brasil 1 x 0 Paraguai (31/08/1969)
3º) 177.020 – Flamengo 0 x 0 Fluminense (15/12/1963)
4º) 174.770 – Flamengo 3 x 1 Vasco (174.770)
5º) 174.599 – Brasil 4 x 1 Paraguai (21/03/1954)
6º) 171.599 – Fluminense 3 x 2 Flamengo (15/06/1969) *
7º) 165.358 – Flamengo 0 x 0 Vasco (22/12/1974)
8º) 162.764 – Brasil 6 x 0 Colômbia (09/03/1977)
9º) 161.989 – Flamengo 2 x 1 Vasco (06/12/1981)
10º) 160.342 – Flamengo 1 x 0 Vasco (06/05/1973) **
* Rodada dupla com o jogo Botafogo 0 x 0 Portuguesa/RJ
** Rodada dupla com o jogo Bangu 2 x 1 Madureira
Na tarde desta quinta-feira haverá o sorteio que definirá o árbitro para o Clássico dos Clássicos do próximo domingo, na Ilha do Retiro. Por decisão do presidente da FPF, Carlos Alberto Oliveira, o juiz será de fora do estado, e com status de “árbitro Fifa”. A última vez que o jogo entre Sport e Náutico teve esse “honra” foi em 28 de junho do ano passado, com Wilson Souza.
Depois daquela partida, Wilson ainda apitou mais dois clássicos – ambos neste ano -, mas já fora do quadro da Fifa (de onde saiu em outubro de 2007). Nos últimos 10 clássicos, apenas um árbitro não foi pernambucano. E nem foi de tão longe assim. Foi o sergipano Antônio Hora Filho, em 2006.
Árbitros dos últimos 10 Clássicos dos Clássicos
12/03/2006 – Sport 1 x 1 Náutico – Rogério Oliveira (PE) – Pernambucano
15/07/2006 – Náutico 2 x 1 Sport – Ricardo Tavares (PE) – Série B
21/10/2006 – Sport 2 x 0 Náutico – Antônio Hora Filho (SE) – Série B
05/02/2007 – Náutico 0 x 1 Sport – Wilson Souza (Fifa-PE) – Pernambucano
01/04/2007 – Sport 2 x 0 Náutico – Cláudio Mercante (PE) – Pernambucano
28/06/2007 – Sport 4 x 1 Náutico – Wilson Souza (Fifa-PE) – Série A
23/09/2007 – Náutico 2 x 0 Sport – Émerson Sobral (PE) – Série A
16/03/2008 – Náutico 0 x 1 Sport – Wilson Souza (PE) – Pernambucano
10/04/2008 – Sport 0 x 0 Náutico – Patrício Souza (PE) – Pernambucano
13/07/2008 – Náutico 0 x 2 Sport – Wilson Souza (PE) – Série A
Obs. Nem sempre um árbitro de fora significa garantia de tranqüilidade. E olhe que em 1996 o juiz veio de muito longe. O argentino Javier Castrilli comandou o clássico entre Santa Cruz e Sport, no Arruda. Após o jogo, vencido pelos rubro-negros por 2 x 0, os tricolores reclamaram muito da atuação dele. Que voltou na paz para Buenos Aires.
Durante a entrevista coletiva na tarde de terça-feira, o técnico do Náutico, Roberto Fernandes, lançou um desafio interessante para o restante do Brasileiro.
“Podem vir me cobrar aqui depois. Com o campeonato nivelado do jeito que está, se dos 4 jogos em casa que o Náutico ainda tem, a gente conseguir vencer 3 e empatar 1, estaremos na Primeira Divisão. Esse é o nosso primeiro objetivo. E se conseguirmos buscar pontos fora, poderemos ir à Copa Sul-Americana, que é o segundo”.
Ou seja, seguindo esse raciocínio… O clássico contra o Sport, no domingo, visa pontos para a classificação para a Sul-Americana.
Além das 5 partidas fora de casa (incluindo o clássico), o Náutico jogará 4 nos Aflitos. Dois desses jogos, segundo Roberto Fernandes, são “confrontos diretos“: Portuguesa (25/10) e Atlético-PR (30/11). Os outros dois seriam as verdadeiras “pedreiras” na caminhada para permanecer na elite: Vitória (01/11) e Cruzeiro (16/11).
Para Roberto, um time irá seguir na Série A com 40 pontos. Em 2007, com a mesma pontuação, o clube teria ficado em 19º lugar. Nesse ano, porém, não temos um “América/RN” na competição. Com apenas 17 pontos, o Mecão saiu “distribuindo” pontos para todo mundo.
Segue neste post a 3ª matéria da série “Craque da Comunidade”, do jornal Aqui PE. Dessa vez, quem assina a reportagem é Rodolfo Bourbon. O craque, que já atuou como profissional, domina as partidas nos campos de Roda de Fogo.
Caneleiro, não
Jogando como volante, posição pouco valorizada, Michel, o craque da comunidade de Roda de Fogo, sonha com o Flamengo
Futebol, para o estudante Michel Souza Lacerda, 25 anos, ultrapassa a barreira do mero lazer. Como atleta, já chegou a atuar nos clubes Ferroviário de Serra Talhada, Catende e Corinthians de Caicó. Duelou contra ícones como Souza, ex-meia do São Paulo, e Nildo, antigo ídolo do Sport Recife – time de coração do jovem. Hoje, sucumbe ao anonimato como peladeiro da Roda de Fogo, comunidade situada no bairro dos Torrões, Zona Oeste do Recife. Conserva humildade. Apesar de, após o par ou ímpar, quase sempre, ser o primeiro a compor um dos times.
Craque da simplicidade, Michel arranca olhares entusiasmados do público com marcações cerradas e jogadas de efeito. As observações no campinho de várzea, no entanto, jamais partiram de olheiros ou empresários. “A nossa comunidade está cheia de bons jogadores. Mas falta investimento. Não se pode jogar à noite, por causa dos refletores queimados há mais de três anos. Não tem espaço para acomodar a torcida. Quem vai ficar se sujeitando a essas condições?”, questiona. As reivindicações não param por aí. “Sem rede nas laterais, a bola acaba batendo nos pedestres. Com a falta de vestiários, ficam todos ‘peladões’ na frente de mulheres e crianças”, critica.
Enquanto não arruma contrato com um clube, Michel mantém a forma com partidas amadoras e corridas diárias. “Estou tentando ir jogar em alguma equipe de Fortaleza. Não desisto. Penso em, um dia, entrar no Maracanã lotado, vestindo a camisa do Flamengo”, sonha o jovem, entusiasmado ao falar da paixão pelo esporte. “Quando dei meus primeiros passos, já comecei a chutar uma bola”, brinca.
No campo da Roda de Fogo, o jogo é 11 contra 11. “É na base dos dez minutos ou um gol. Aqui, o ‘couro come’! Apanha, levanta, dá lapada”, resume o bom de bola e volante, posição pouco aclamada pela torcida. “Caneleiro” é um título que o jogador diz não sustentar. “Gosto de armar jogadas, partir no mano-a-mano, com velocidade e habilidade. E, se bobear, belisco e mando a pelota para o fundo das redes”, explica. Inserido no padrão de medidas oficiais, com terra batida e relativamente plana, o espaço tem condições de sediar a formação de craques como Michel. Basta mais zelo.
Márcio Bittencourt é o novo técnico do Santa Cruz. O treinador, que irá seguir no comando do Ipatinga até o final da Série A, está dentro do perfil que os tricolores buscavam. Um perfil de Primeira Divisão. O paulista já trabalhou na elite nacional em 32 jogos, sendo 24 pelo Corinthians, em 2005, e 8 pelo Ipatinga. No total, ele tem – até agora – um aproveitameto de 64,58%. Um ótimo índice. Proporcionalmente superior aos dados de… Nelsinho Batista e Roberto Fernandes. Confira os dados abaixo.
Nelsinho Batista – 47,40% (315 jogos)
117 vitórias, 97 empates, 101 derrotas
Pre presentre desde 1986. Só não participou em 1989, 1993/95, 1999 e 2004
Obs. É claro que vale uma “ressalva”, bem importante. Nelsinho foi campeão brasileiro em 1990, no primeiro título do Corinthians. E no Timão daquele ano, Bittencourt, curiosamente, atuava como volante. É o futebol.