Proposta à Conmebol

Leia com atenção, pois confesso que não é o sistema mais simples…

Prólogo: a CBF conseguiu reverter a decisão da Conmebol sobre a sexta vaga do Brasil na Taça Libertadores da América de 2011.

Tudo começou quando a entidade continental tirou a vaga extra para o país do atual campeão da competição (no caso, o Internacional), para repassá-la ao campeão da Copa Sul-americana deste ano, em decisão inédita.

ConmebolMas onde fica o mérito do país com clubes que conquistam resultados expressivos na América do Sul?

O G4 do Campeonato Brasileiro, que havia virado G3, voltou a ser G4. Mas poderá se transformar novamente em G3.

Isso porque caso um time brasileiro conquiste a Copa Sul-americana, essa vaga irá suplantar automaticamente a classificação do 4º colocado da vigente Série A.

Confuso, não? Demais…

Para completar, a 38ª rodada do Brasileirão será realizada em 5 de dezembro. A finalíssima da Copa Sul-americana só vai acontecer três dias depois, privando uma possível comemoração da vaga ao 4º lugar do Brasileiro.

Qual é a explicação de todo esse emaranhado?

A Conmebol não quer que um país possa ter sete representantes numa Libertadores. No caso, apenas Brasil e Argentina, com 5 vagas, poderiam alcançar a marca, casos os seus clubes faturem as duas principais competições do continente no mesmo ano.

Provavelmente, não vai adiantar muita coisa, mas vou dar uma “ideia” para a Conmebol, contemplando os dois lados da queda de braço.

A Conmebol não quer um país com seis vagas na Libertadores? Ok.

Porém, essa decisão se refere à fase de grupos, que conta com oito chaves de quatro equipes. Antes, 12 times disputam a primeira fase, também conhecida como Pré-Libertadores, em jogos de ida e volta. Está aí a grande chance de um acordo justo.

Proposta: se Brasil ou Argentina conseguirem sete vagas no campo, em vez de dois times na Pré-Libertadores, o país teria três times na fase inicial. E dois desses times se enfrentariam já no mata-mata. Assim, a confederação nacional (CBF ou AFA) teria, no máximo, seis clubes na fase principal.

Confuso? Bastante. Mas me parece mais prático do que esperar três dias para comemorar uma vaga ou, pior, lamentar uma “eliminação”…

Cálculos pré-clássico

Projeções na Série B do Brasileiro de 2010, após 30 rodadas, do Infobola (esquerda) e Chance de Gol (direita)

Projeções atualizadas após 30 rodadas da Segundona de 2010. A oito rodadas do fim.

A matemática pode ser exata, mas confira acima os dados distintos de dois dos principais sites de probabilidades no futebol do país, o Infobola e o Chance de Gol.

A vitória no Rio de Janeiro combinada às derrotas de Bahia e América/MG elevaram bastante a projeção do Sport, que agora varia entre 30% e 40% de chance de subir.

O surpreendente ASA de Arapiraca encaixou cinco vitórias seguidas, chegou a 99,99% de probabilidade de ficar na Segundona e até sonha com a elite, entre 4% e 7%.

Taí um bom exemplo para o Náutico focar nesta reta final da Série B, com o fantasma do rebaixamento à Terceirona cada vez maior em Rosa e Silva. Um índice de 17,1% apontando uma possível queda já é algo considerável.

Para recalcular as projeções, rubro-negros e alvirrubros vão passar por um tenso Clássico dos Clássicos neste sábado, na Ilha do Retiro.

Segundo o Chance de Gol, o Sport é o time com a maior chance de vitória na próxima rodada do Brasileiro, com 70,7%. Favoritismo absoluto? Não em um clássico.

Seja qual for o resultado da partida, o placar vai mudar a chance de acesso e de rebaixamento de ambos. Para mais ou para menos.

O enterro sem fim…

Caixão do SportA torcida leonina confia desconfiando. A campanha do Sport na Série B de 2010 deverá ficar marcada como um enterro sem fim…

Quando o caixão está quase fechando, o Leão sempre dá sinal de vida no final.

A seis pontos de três adversários na briga pelo G4 (46 x 52), só restava ao Sport buscar a vitória em São Januário contra o Duque de Caxias e secar muito nesta terça.

Bahia e Figueirense se enfrentaram um pouco mais cedo nesta noite. Já o América/MG receberia o ASA em Sete Lagoas.

Esbanjando tranquilidade em um estádio vazio como se esperava (torcida presente mesmo, só a do próprio Sport), o Rubro-negro venceu bem o time do Rio de Janeiro.

Triunfo por 3 x 1, que só não virou goleada porque Wilson perdeu um pênalti. Tem crédito, pois abriu o placar. Dadá e Ciro, agora com 16 gols na artilharia, completaram.

Então, com a recuperação estabelecida, era o momento de prestar atenção nos outros resultados da 30ª rodada da Segundona do Brasileiro.

Superesportes, Futebol Interior, rádio, PFC, blogs, lance a lance…

Haja canal de informação! A torcida foi se virando para acompanhar tudo de uma vez.

O Figueirense venceu o Bahia por 1 x 0 e segurou o Tricolor de Aço. Em Minas, o América caiu diante do aguerrido ASA por 3 x 1, com show de Ciel.

A vitória do Sport não rendeu 3 pontos. Preste atenção: foram nove… 49 x 52.

Para o enterro não voltar ao seu caminho, chegou a hora do Sport fazer a sua parte na Ilha. E logo contra quem? Contra o Náutico, outro moribundo nesta Série B.

Após o Clássico dos Clássicos, a “definição” do defunto.

Acabando o lastro

Série B-2010: Náutico 1 x 4 Paraná Clube. Foto: Edvaldo Rodrigues/Diario de Pernambuco

Com apenas 23 minutos o placar já apontava 3 x 0.

Na verdade, 0 x 3.

Jogando nos Aflitos, o Náutico ia sendo uma presa fácil para o Paraná Clube.

Era o desfecho de mais um dia complicado em Rosa e Silva.

Antes de a bola rolar na noite desta terça-feira, os jogadores alvirrubros demoraram a subir no gramado. Greve? Os salários estão atrasados, mas o boato pareceu infundado.

Pior: teria sido a possível escalação irregular de Erick Flores, que não jogou.

De qualquer forma, era mais um indício de que as coisas não caminham bem.

A explosão daquela equipe do início da Série B está muito distante do cenário atual. O ataque está inoperando. É o 3º pior da competição.

Contra o Paraná, não houve nem tempo de impor um ritmo de jogo. Wanderson abriu o placar para os visitates logo aos 6 minutos. O atacante Rodrigo Pimpão marcou mais duas vezes, aos 8 e aos 23. Eram 51 gols sofridos em 30 jogos.

Foi a senha para parte da torcida timbu deixar o estádio.

Ramires ainda diminuiu no segundo tempo, diante dos poucos presentes nos Aflitos, mas o Paraná chegou à goleada, no 52º gol sofrido pelo Náutico.

A derrota contundente por 1 x 4 só fez complicar ainda mais uma semana marcada justamente pelo clássico. Em 14º lugar na Segundona, o Timbu está quase sem lastro.

Censo do blog 1 – Sport, 52,6%; Santa, 30,8%; Náutico, 12,6%

Torcidas de Santa Cruz, Sport e Náutico

Como havia sido estabelecido, eis os resultados do primeiro censo oficial do blog, cuja enquete ficou duas semanas no ar neste mês de outubro, com apenas um voto por IP.

Foram 1.295 votos na primeira edição deste “censo” via internet. Saiba mais sobre o censo do blog, que será realizado a cada quatro meses, clicando AQUI.

Do total de votos, o Sport teve 682 (52,66%), seguido por Santa, com 399 (30,81%), e Náutico, com 164 (12,66%). Somando as outras opções (clubes do interior ou de fora do estado, além da opção “nenhum time”) foram mais 50 votos, ou 3,86%.

Lembrando que a pesquisa tem, acima de tudo, o objetivo de medir a frequência de acessos do torcedores no blog. O caráter “científico” vale como diversão.

Abaixo, estatísticas considerando apenas os votos os três grandes clubes do Recife (que também escolheram a faixa etária), tendo 1.245 votos como base dos cálculos. Entre parênteses, a porcentagem geral, considerando as 9 opções clube/idade.

Os votos no Trio de Ferro correspondem a 96,13% do total. Veja a faixa etária.

Até 20 anos – 486 – 39,03%
Entre 21 e 30 anos –  462 – 37,10%
Mais de 30 anos – 297 – 23,85%

Sport – 682 votos: 54,77%
Até 20 anos – 257 votos: 37,68% (20,64%)
Entre 21 e 30 anos – 248 votos: 36,36% (19,91%)
Mais de 30 anos – 177 votos: 25,95% (14,21%)

Santa Cruz – 399 votos: 32,04%
Até 20 anos – 168 votos: 42,10% (13,49%)
Entre 21 e 30 anos – 147 votos: 36,84% (11,80%)
Mais de 30 anos – 84 votos: 21,05% (6,74%)

Náutico – 164 votos: 13,17%
Até 20 anos – 61 votos: 37,19% (4,89%)
Entre 21 e 30 anos – 67 votos: 40,85%  (5,38%)
Mais de 30 anos – 36 votos: 21,95%  (2,89%)

Observações

  • A soma dos votos de Náutico e Santa Cruz (563) é inferior ao total do Sport em 119, ou 9,55% dos votos computados nos três clubes.
  • Os rubro-negros também são superiores aos rivais somados nas três faixas etárias da amostragem.
  • Proporcionalmente, os tricolores têm a maior cota jovem de frequentadores do blog, com 42% de sua torcida.
  • A menor faixa do Sport (acima de 30 anos) e a maior do Santa Cruz (até 20 anos) são maiores que todos os votos do Timbu. O Náutico, com seus três níveis de idade, marcou 13,17% de todos os participantes.
  • O próximo censo será realizado a partir de 4 de fevereiro de 2011.

900 minutos de sinal aberto

Floralis Generica, escultura localizada no bairro da Recoleta, em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Um campeonato inteiro na TV sem custo algum para o telespectador. Já pensou? Atualmente, é uma realidade muito distante da nossa. Não na Argentina.

No Brasil, a Série A é transmitida de três formas. São dois jogos em sinal aberto por semana, caso tenha rodada na quarta-feira, e mais três na TV por assinatura, seguindo a mesma lógica de datas. As demais partidas são exibidas exclusivamente pelo sistema pay-per-view – um serviço para quem já tem a TV à cabo, diga-se.

Na Argentina, todos os 380 jogos da atual temporada (com os torneios Apertura-2010 e Clausura-2011) vão passar em sinal aberto para todo o país vizinho.

A TV Publica, como o nome deixa bem claro, pertence ao governo federal da Argentina. A emissora “estatizou” os direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Argentino da 1ª divisão, em 8 de agosto do ano passado, em uma decisão unânime dos clubes, que rescindiram com o Grupo Clarín, antigo detentor dos direitos desde 1991.

Boca Juniors x River PlateO governo pagou 600 milhões de pesos (hoje, cerca de R$ 256 milhões) para comprar os direitos. O Clarín havia pago 230 milhões de pesos…

Assim como no Brasil, a competição conta com 20 clubes, ou 10 jogos por rodada. Para que todos os jogos fossem exibidos, sem regionalização alguma, a AFA elaborou uma tabela que congrega 10 horários distintos.

É uma verdadeira overdose. Daí, o bar Locos por el Fútbol – veja AQUI.

No fim de semana em que estive na capital argentina, a sequência foi a seguinte:

Sexta-feira
19h10 – San Lorenzo 2 x 0 Tigre
21h20 – Quilmes 0 x 2 Vélez Sarsfield

Sábado
14h10 – Gimnasia y Esgrima 2 x 3 Arsenal
16h20 – All Boys 3 x 1 Independiente
18h30 – Colón 1 x 1 Estudiantes
20h30 – Banfield 0 x 0 Newell’s Old Boys

Domingo
14h00 – Olimpo 1 x 0 Lanús
16h00 – Boca Juniors 2 x 0 Huracán
18h10 – Racing 2 x 1 Argentinos Juniors
20h20 – Godoy Cruz 2 x 2 River Plate

Fora os descontos, foram 900 minutos de bola rolando.

A mudança nos direitos de transmissão foi batizada de “Fútbol para todos”. Para quem gosta de futebol, é fantástico. Para quem não gosta, é melhor pedir asilo político.

Com uma verba de R$ 1,4 bilhão por três anos do Brasileirão – e já em curso a negociação de mais três -, tal medida não deverá ser implantada no Brasil tão cedo.

Curiosidade: apesar de parecer uma “antena”, a escultura acima chama-se Floralis Generica (veja AQUI), na Recoleta. A antena da TV Publica está justamente atrás.

Pauta onipresente

Livro sobre a Igreja Maradoniana, à venda em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Diego Armando Maradona é mesmo uma entidade à parte na Argentina. Qualquer coisa que ele faça repercute de forma impressionante no país.

Perto de completar 50 anos de idade (em 30 de outubro), Maradona é uma figura onipresente na mídia local, em pelo menos três editorias: esportiva, social e política.

No Brasil, muitas crianças querem pedalar como Neymar. Por aqui, muitas querem repetir as jogadas de Messi. Mas quase todos os garotos argentinos querem mesmo é marcar novamente o gol de mão contra a Inglaterra, anotado em 1986 (veja AQUI).

Feito reservado ao mito local, que faz por onde manter o status.

Há dois dias continua passando na TV a declaração do gênio portenho acusando o presidente da AFA (a “CBF” deles), Julio Grondona, e o diretor técnico da associação de futebol do país, Carlos Bilardo, de terem encerrado a sua passagem na Seleção.

“Me cerraron las puertas.”

Com bastante experiência no fato de ser o centro das atenções, Maradona sabe que cada palavra sua tem um peso grande sobre os hinchas, que o idolatram apesar de qualquer episódio pouco ortodoxo em sua biografia. As camisas nas calles confirmam.

E haja mesa redonda debatendo o assunto.

No dia seguinte, com boa parte da imprensa ocupada sobre a pendência que afastou Maradona da Albiceleste, El Diez já estava presente em uma partida de showbol, entre argentinos e uruguaios. De chuteira e contando piadas, rendeu novamente.

Mais notícias. Mais mídia. Mais Maradona. Amém!

De fato, o ex-jogador é o deus (ou “D10s”) da Igreja Maradoniana, fundada na cidade de Rosário, em 1998. Esta surreal religião virou livro e tem o seu destaque nas inúmeras livrarias de Buenos Aires (veja AQUI).

Pelé? Esse foi o segundo melhor da história. E olhe lá…

Maradona nas ruas de Caminito. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

El Carcará

Edificio Salguero, no bairrro da Recoleta, em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Durante esta viagem de férias seria um pouco difícil acompanhar aos jogos dos times pernambucanos nos campeonatos nacionais. Uma partida, porém, eu não poderia “ignorar” de forma alguma no blog.

O jogo mais importante da história do Sertão pernambucano.

No caldeirão da Curuzu, em Belém, sob um sol fortíssimo na manhã deste domingo, o Salgueiro teria que vencer o Paysandu para conseguir subir à Série B do Brasileiro.

Uma missão muito difícil. Com o tal “Espírito de Libertadores”, o Salgueiro foi lá.

Mas o Carcará fez valer a máxima de sua campanha, cuja ave parece na verdade uma fênix, e buscou o heróico acesso longe de casa.

Vitória por 3 x 2.

Parabéns aos jogadores, dirigentes e torcedores do Salgueiro. Com uma folha de R$ 130 mil, o clube está no segundo degrau mais alto do futebol do país.

Eu tirei a foto acima no bairro da Recoleta, aqui na capital argentina. Está faltando a letra “i”. Com tanta festa no interior, quem se importa?!

Curiosidade: agora, o clube terá que dobrar a capacidade do estádio Cornélio de Barros, uma vez que o mínimo exigido pela CBF para a série B é de 10 mil lugares. No caso, o estádio poderá receber 20% da população do município sertanejo…

Caminito da pasión

Caminito, em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – De volta à capital argentina após o passeio no Uruguai, chegou a vez de um dos programas oficiais do país vizinho: vagar pelas calles (ruas) de Caminito.

Encravado dentro do bairro de La Boca, terra do Boca Juniors, o colorido de Caminito é uma das mais famosas atrações turísticas de Buenos Aires. O nome foi inspirado em um tango, como não poderia deixar de ser, de 1926 (saiba mais AQUI).

Tango e cores primárias à parte, o futebol toma conta de Caminito… Não bastasse à proximidade ao estádio La Bombonera, lembranças e quinquilharias remetem ao futebol.

Camisas, ímã de geladeira, cinzeiro com réplicas dos estádios, pulseiras, quadros etc. Na teoria, nada se relaciona com Caminito. Mas ao enxergar a paixão dos argentinos pela sua seleção e pelos grandes clubes esse cenário econômico fica compreensível.

Caminito, em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de PernambucoComo os brasileiros não ficam atrás neste quesito, o tema se desenvolve rapidamente, com boas doses de provocação.

Por sinal, o volme de turistas brasileiros é impressionante. Tanto que em Caminito a nossa moeda é aceita em espécie!

Com o apelo do futebol, os chicos (garotos) dos restaurantes ficam na calçada chamando os brasileiros, puxando papo sobre os clubes para atrair clientes – bife de chorizo como prato principal e show de tango gratuito.

São Paulo e Flamengo são as primeiras opções. Mas ao trocar duas frases e perguntar o nome da cidade de origem, eles vão logo citando, um a um, os clubes locais.

O Recife está bem na fita. Sport, Náutico e Santa Cruz estão no “catálogo” desses argentinos. Não pense que é apenas o nome. Falam das cores, da rivalidade e apelidos.

Santa Cruz? A Série D já é conhecida aqui, infelizmente.

Após levantar a bola verde e amarela, os argentinos retomam o orgulho local e evocam a grandeza dos seus times. Apesar da oferta generosa de equipes nos quiosques (cerca de dez), Boca Juniors e River Plate são os mais procurados pelos gringos – neste caso, nós também “somos” os gringos. A vantagem do Boca é gritante, no quintal de sua casa. Muitas casas da vizinhança têm as cores do time, amarelo e azul.

Isso é quase um convite à La Bombonera, já conhecida dos brasileiros (veja AQUI).

E assim segue a caminhada brasileña na fria Buenos Aires, com 14 graus. No futebol, o clima sempre é mais quente… Esse diálogo é universal.

Caminito, em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Nos devolva em 2014

Réplica oficial da Taça Jules Rimet de 1950, conquistada pela seleção do Uruguai em pleno Maracanã. Imagem no Museu do Futebol, em Montevidéu. Foto: Maria Carolina Santos/Diario de Pernambuco

Montevidéu – A campanha do Uruguai na Copa do Mundo de 2010, com a suada 4ª colocação, mudou o país. Os craques viraram estrelas. O atacante Luis Suárez – aquele mesmo que evitou com as mãos o gol de Gana no último minuto das quartas de final – está na capa da revista Caras, na versão local (veja AQUI). O meia Forlán, eleito como o melhor jogador do Mundial da África, estampa outdoors pela capital charrúa. A camisa azul celeste (ou moletom, por causa do frio) caminha nas ruas em massa.

Na imprensa local – e são quatro jornais diários em Montevidéu -, a seleção nacional realmente renasceu. Se no Brasil a atualização do ranking da Fifa rende apenas uma nota discreta, no país vizinho é uma matéria ampla, como trouxe o principal periódico do Uruguai, o El Pais. A reportagem de duas páginas (no estilo tablóide) aborda a mudança no ranking mundial – o time caiu do 6º para o 7º lugar -, já levantando a projeção para próximo mês, além de uma análise (veja AQUI).

O título no jornal, no caderno Ovación: A recuperar el sexto lugar del ranking. Virou uma obsessão manter a Celeste no topo do futebol mundial. A semifinal alcançada após 40 anos não quer ser retratada como acaso. É ilustrada como um marco.

No início deste mês, o time goleou duas vezes na Ásia, sendo 7 x 1 na Indonésia e 4 x 0 na China. Os resultados, atrelados à permanência do técnico Oscar Tabárez, condicionam a equipe a um raro favoritismo nas Eliminatórias para a Copa de 2014. A última vez que se classificou de forma direta foi para a edição de 1990. E olhe que o time vem penando. Ficou de fora em 1994, 1998 e 2006.

Esse princípio de “favoritismo”, na visão dos próprios uruguaios, aumenta ainda mais quando eles lembram que a próxima Copa do Mundo será no Brasil. Aí a história ganha corpo. Uma campanha no mesmo Brasil onde o pequeno país (cuja área tem 62,5% do território do Rio Grande do Sul) conquistou a sua maior façanha? É demais.

O Maracanazo está nas veias da população. É algo marcado na cidade. Ao lado do Centenário encontra-se uma praça em homenagem aos heróis de 1950. No museu dentro do estádio, a réplica oficial da Taça Jules Rimet de 1950, em um saguão com uma foto gigantesca do Maracanã com 200 mil pessoas naquele trágico 16 de julho.

Eu tentei “recuperar” a taça durante a passagem por lá… Não deu. Mas que o Uruguai não invente de querer pegar mais uma vez a taça encomendada para o Brasil. Em Montevidéu, esse desejo já é real.

Foto do Maracanã em 1950 no Museu do Futebol, no estádio Centenário, em Montevidéu. Foto: Maria Carolina Santos/Diario de Pernambuco