Santa Cruz vira cotista da Globo no Campeonato Brasileiro a partir de 2019

Santa Cruz fechando com a Globo, de 2019 a 2022. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Desde 1999, uma casta detém um contrato diferenciado em relação à transmissão do Campeonato Brasileiros. Os 18 clubes (*) possuem um acerto com a Rede Globo garantindo uma cota robusta mesmo em caso de ausência na elite. Não mudou nem com o fim do Clube dos 13, em 2011, com a mudança da negociação em bloco para o individual. Agora, com a concorrência entre as televisões, o cenário mudou. Em 2019, quando começará a vigorar um novo contrato, o Santa Cruz passará, finalmente, a ser “cotista”. Em entrevista ao podcast 45 minutos, o vice-presidente coral, Constantino Júnior, deu mais detalhes sobre o novo contrato com a emissora, que já havia sido revelado pelo mandatário Alírio Moraes em 16 de abril.

Na ocasião, foi confirmado o acerto de 2019 a 2024, com projeção de até R$ 45 milhões/ano, somando tvs aberta e fechada, ppv, internet e internacional. Mas ficou a dúvida sobre o valor caso o Tricolor não dispute a Série A em algum ano. Seria no modelo do Sport, integrante da casta desde 1997, ou no modelo do Náutico, que também assinou com o canal, mas sem validade na Série B? Valeu a primeira opção, num modelo essencial para o planejamento estratégico.

Constantino adiantou que o valor não será integral – como ocorre no contrato atual da casta, de 2015 a 2018. Ou seja, seria semelhante ao modelo da década passada, com queda de 50% no primeiro ano fora do Brasileirão e 25% a partir do segundo. Ainda assim, uma cota muito maior que a verba da Segundona.

Um comparativo com as cifras atuais calculadas com a fórmula do passado:

Ato 1
Série A 2016 – R$ 26 milhões (piso na elite)

Série B 2016 – R$ 5 milhões (receita de clubes “não cotistas”)

Ato 2
Em caso de rebaixamento, em 2017, o clube, sem contrato de proteção de mercado, receberia R$ 5 milhões na Série B.

Em caso de rebaixamento, em 2017, o clube, com contrato de proteção de mercado, receberia R$ 13 milhões, o que corresponde a 50% da cota original.

Ato 3
Permanecendo na Série B, em 2018, o clube, sem contrato de proteção de mercado, receberia novamente R$ 5 milhões.

Permanecendo na Série B, o clube, com contrato de proteção de mercado, passaria a receber R$ 6,5 milhões, o que corresponde a 25% da cota original.

Resumo: em dois anos pós-rebaixamento, o cotista ganharia R$ 19,5 milhões, enquanto o não cotista, na mesma competição, receberia R$ 10 milhões. 

Lembrando que esse cenário ainda não cabe, pois o Santa só deve ter direito à “proteção de mercado” a partir do futuro contrato, em 2019 – precisa resolver, também, a rescisão com Esporte Interativo. Até lá, segundo Tininho, o clube segue negociando ano a ano, sem qualquer amparo em caso de queda. 

* Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos, Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo, Grêmio, Inter, Cruzeiro, Atlético-MG, Bahia, Vitória, Sport, Atlético-PR, Coritiba e Goiás

Podcast 45 – O balanço do inédito título do Santa Cruz na Lampions League

O 45 minutos gravou uma edição especial sobre o título regional do Santa Cruz. Um programa inteiramente dedicado aos corais, com 1h50! Analisamos a campanha no Nordestão, com a arrancada no mata-mata, o peso da taça dourada na história do clube, a mudança de patamar no futebol, a atual gestão de Alírio Moraes e o plano de metas até 2017. Resenha, história e muito debate.

Confira um infográfico com as principais pautas do programa aqui.

Neste 238º podcast, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa e João de Andrade Neto. Ouça agora ou quando quiser!

Santa Cruz, o Terror do Nordeste

Santa Cruz, campeão da Copa do Nordeste de 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

“Santa Cruz, Santa Cruz
Junta mais essa vitória
Santa Cruz, Santa Cruz
Ao teu passado de glória
És o querido do povo
O terror do Nordeste
No gramado
Tuas vitórias de hoje
Nos lembram vitórias
Do passado
Clube querido da multidão
Tu és o supercampeão.”

Em 1948, o compositor coral Capiba compôs a marcha-exaltação O Mais Querido. Como o clube não levantou a taça estadual, ele guardou a letra. Hoje decorada em cada canto do Mundão, a canção só seria lançada em 1957, com uma palavra a mais, “super”, em homenagem à conquista daquele ano.

Em um dos versos há a expressão “terror do Nordeste”, no embalo da massiva participação popular e das façanhas pioneiras no futebol da região. Como a vitória sobre o Botafogo em 1919, a primeira de um nordestino sobre uma equipe carioca, até então o maior centro, o triunfo sobre a Seleção Brasileira em 1934 (apenas Galo, em 1969, e Fla, em 1976, repetiram) e a conquista do primeiro Torneio Pernambuco-Bahia, em 1956, com um generoso peso na época.

História que não se apaga, mas talvez hoje a justificativa nunca tenha sido tão real. O troféu dourado erguido por Tiago Cardoso em Campina Grande simboliza a maior conquista do Santa Cruz. Legítimo campeão da Copa do Nordeste de 2016, pintando um imensa parte do país em preto, branco e encarnado

Parabéns ao Santa, parabéns os leitores tricolores!

À revelia do Santa, Esporte Interativo anuncia contrato. Clube deve ir à justiça

Clubes firmados com o Esporte Interativo para o Brasileirão de 2019 a 2024. Crédito: Esporte Interativo/facebook

O Esporte Interativo anunciou em um evento no Pacaembu os 14 clubes de contrato assinado para a transmissão do Brasileirão de 2019 a 2024, na tevê por assinatura. Na lista, cinco nordestinos. Incluindo o Santa, o único sem representante em São Paulo. Após o acordo em janeiro, os corais não aceitaram a diferença na cota do Bahia (quase 10x), e articularam um novo contrato, com a Globo. Por sinal, hoje, existem dois contratos assinados com o clube.

Ao jornal Folha de S. Paulo, a Globo divulgou a seguinte nota:
“O Santa Cruz aceitou a proposta feita para as temporadas 2019/2024”

Ao Diario de Pernambuco, o Esporte Interativo divulgou a seguinte nota:
“Esporte Interativo confirma que tem contrato assinado com o Santa Cruz pelos direitos de TV Paga, a partir de 2019, inclusive já com o pagamento de luvas.”

Enquanto acontecia a apresentação dos clubes em São Paulo, através do presidente do EI, Edgar Diniz – já ciente do impasse -, o mandatário coral, Alírio Moraes, concedia entrevista no Recife dizendo que irá à justiça pelo distrato com a emissora. O valor da possível devolução (ou rescisão) não foi divulgado.

Confira o mapa dos clubes firmados com o EI, segundo o canal, clicando aqui.

A estratégia é ter ao menos oito times na Série A a partir de 2019, o que garantiria uma grade de 76 jogos por temporada, número anunciado no evento – por isso, vem assinando com potenciais candidatos a uma participação na elite.

Uma pelada no pátio da igreja para relembrar o Santa Cruz, há 102 anos

Pelada na Igreja de Santa Cruz em homenagem aos 102 anos do Tricolor. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

O Santa Cruz agendou dez eventos para celebrar os seus 102 anos de história. A programação oficial de aniversário iniciou cedinho, às 6h, com foguetório para a acordar o povão no Recife. No mesmo instante, começou uma pelada no pátio da Igreja de Santa Cruz, emulando a fundação do clube, com onze meninos jogando bola no longínquo 3 de fevereiro de 1914. No caso, a popular “barrinha”.

Pelada na Igreja de Santa Cruz em homenagem aos 102 anos do Tricolor. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Um time vestiu o uniforme principal, tricolor horizontal, enquanto o outro vestiu uma camisa retrô alvinegra, o primeiro padrão do clube. Usaram até boinas, artigo comum há um século. Um evento com torcedores, mas abraçado pelo clube. Não por acaso, foi acompanhado pelo presidente coral, Alírio Moraes.

Relembrar o passado é fundamental para construir o futuro…

Pelada na Igreja de Santa Cruz em homenagem aos 102 anos do Tricolor. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Recuo de Raniel no Santa interrompe um caminho semelhante ao de Hugo e Elizeu

Documento comprovando a retirada da ação de Raniel contra o Santa Cruz. Crédito: Santa Cruz/facebook

O meia Raniel é o atleta de maior potencial de mercado no Santa desde Gilberto, negociado em 2011 por R$ 2 milhões. Com contrato até o fim de 2017, o jogador de 19 anos vem sendo recuperado a longo prazo, devido à punição pelo uso de cocaína. Cercada de expectativa, a volta da (ainda) promessa aconteceu em 15 de setembro, em Varginha. No dia anterior, porém, os seus representantes, em posse de uma procuração, haviam entrado com uma ação rescisória na justiça.

E o dia 16 foi mesmo longo no Arruda, com declarações dos representantes, a defesa da direção coral e a blindagem à revelação, que sequer desembarcou com o time. O impasse seguiu até a foto postada por Raniel junto ao presidente tricolor, Alírio Moraes. A história chegou foi encerrada, oficialmente, com o documento solicitando a extinção da ação. Havia alguma pendência financeira? Provavelmente, pois empresários do futebol monitoram situações do tipo há tempos. Advogado, Alírio desconstruiu a tese e a Duts MKT Esportivo recuou.

Raniel não seria o primeiro a sair assim do Recife. Hugo (2008) e Elizeu (2009), gerados no Arruda e na Ilha, foram seduzidos por propostas (Vasco e Inter) que não vingaram e ingressaram da pior forma no mercado. Lembra deles? Agora, que o Santa cumpra a sua parte. Para não dar brecha e, sobretudo, para cumprir as suas obrigações. Ao jogador, a paciência para reconquistar o povão e jogar bola, simples. Até porque, num futuro breve, todos podem sair ganhando.

Contrato de fidelização entre Santa Cruz e Dotz começa com 350 mil clientes

Dotz no Santa Cruz. Crédito: Santa/facebook

A parceria entre Santa Cruz e Dotz, um programa nacional de fidelização, começa a vigorar com a troca de “pontos” por ingressos a partir do jogo contra o Luverdense, em 12 de setembro. Mensurando os números divulgados pela empresa, o Tricolor tem 350 mil consumidores em 22 municípios do Recife a Caruaru. Isso corresponde a 35% de um milhão de pessoas cadastradas.

A princípio, são três tipos de ingressos no Brasileiro, variando de 800 a 1.600 pontos, e mais um pacote de livre acesso (2.400). A troca, no guichê do Arruda, segue o formato dos outros 8,2 mil produtos listados na Dotz, com CPF e senha. Futuramente, o resgate das entradas poderá ocorrer via internet.

“O contrato com o Santa Cruz é de um ano (até setembro de 2016) e acertamos exclusividade para este tipo de ação no estado até o fim de 2015”.

A declaração do diretor regional da empresa, Carlos Magno, proferida na apresentação do acordo, deixou em aberto a possibilidade de incluir Náutico e Sport a partir de janeiro. O interesse foi confirmado ao blog. Sobre o percentual de torcida de cada um em relação ao Santa, Magno afirmou que o “Náutico teria um pouco menos” e o “Sport teria um pouco mais”, sem os dados exatos.

De certeza, um público de um milhão de clientes. Hoje, 350 mil ativos no futebol.

Planejamento estratégico para as futuras conquistas de Náutico, Santa e Sport

Os presidentes de Náutico (Glaubes Vasconcelos), Santa Cruz (Alírio Moraes) e Sport (João Humberto Martorelli) em 2015. Fotos: Náutico e Superesportes

A cada nova gestão no futebol, um plano é traçado. Organização das finanças, ampliação do quadro social, estruturação física e, sobretudo, resultados positivos no carro-chefe, o próprio futebol. À parte do organograma profissional dos clubes, vamos aos maiores objetivos nos gramados, segundo os planejamentos estratégicos de cada grande clube do Recife.

Náutico (estabilidade na Série A)
Presidente no biênio 2014/2015, Glauber Vasconcelos só estipulou metas a curto prazo. Mais que um título, mesmo estadual, que encerraria o jejum desde 2004, o objetivo é o acesso à Série A. Através de sua assessora, o dirigente informou que é preciso um período estável na elite (paralelamente à reorganização administrativa, com a cota de tevê subindo de R$ 3 milhões para R$ 24 mi) para poder “disputar títulos nacionais a longo prazo”.

Santa Cruz (título da Copa do Brasil e/ou primeira participação internacional)
O planejamento coral, de 2015 a 2017, foi apresentado em março pelo presidente Alírio Moraes. No futebol, o ponto alto seria no último ano, com o inédito título da Copa do Brasil. Condição atrelada ao acesso já no início do mandato. Entretanto, há o plano B, pois o Tricolor vislumbra a sua primeira participação internacional em 2018, tanto na Libertadores (via copa) quanto na Sul-Americana, cuja classificação ocorre a partir do Brasileirão.

Sport (grande campanha na Libertadores)
O mandatário do Leão, João Humberto Martorelli, foi o único a estipular uma meta fora de sua gestão. Eleito para o biênio 2015/2016, ele enxerga 2020 como o ápice neste processo de evolução (receita acima de R$ 100 milhões, estrutura completa no CT e 50 mil sócios), com o clube firme entre os oito primeiros da Série A e credenciado à disputa da Taça Libertadores da América, “com muita força”, segundo suas próprias palavras no programa Camarote PFC.

O Náutico foi econômico ou realista? Santa e Sport acertam em mirar a Libertadores a curto prazo? O título nacional é um sonho possível? Comente.

Santa firma parceria com Unicef, unindo trabalho social e reorganização financeira

Parceria entre Santa Cruz e Unicef. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

“Nunca vi isso em lugar nenhum. Quando cheguei no Brasil, me disseram que o Santa Cruz era o time do povo, que era o time dos excluídos, mas não poderia imaginar tanta sintonia para trabalhar pela inclusão social. Uma parceria com o Santa Cruz irá fortalecer o Unicef”.

A declaração foi dada pelo norte-americano Robert Glass, responsável pela coordenação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para o Nordeste, após a reunião que definiu a inédita parceria entre a organização e um clube de futebol da região. Com a aliança, o Tricolor expande o raio de ação com cursos para as categorias de base, funcionários do clube, professores e crianças de escolas públicas nas comunidades vizinhas ao Arruda. O primeiro passo da articulação junto à Unicef foi em maio de 2014, na adesão à campanha contra a violência infantil, recebendo o título “Time Defensor das Crianças“.

A implantação de projetos sociais promovida pelo Santa – um dos seis tópicos presentes no plano de metas de Alírio Moraes para 2015 – reforça a imagem da agremiação e pode ser benéfica financeiramente, pois o clube protocolou junto à Prefeitura do Recife o projeto para ceder as dependências do Arruda à prática esportiva de crianças carentes, em outra frente, com a ONG Pé no Chão. Em contrapartida, espera a remissão de parte da dívida de R$ 25 milhões de IPTU, o que corresponde a 34% do passivo do clube, de R$ 72 milhões.

Ou seja, transformar em ação literal a alcunha de Time do Povo só traz benefícios ao clube. Há mais de 100 anos é assim…

Santa estanca série de derrotas e acalma o ambiente, lá em Lucas do Rio Verde

Série B 2015, 6ª rodada: Luverdense 2x2 Santa Cruz. Foto: Luis Felipe Nischor/divulgação

O gol de Nathan aos 33 minutos do segundo tempo, no Passo das Emas, foi de uma importância ímpar para o Santa Cruz. Até ali, o campeão pernambucano ia somando a quinta derrota, numa crise sem fim na Série B. Perdia de virada, com todos os gols anotados na primeira etapa, e o Luverdense parecia mais próximo de ampliar do que o contrário. O visitante pouco fazia, ainda mais com um zagueiro expulso. Foi assim até o lançamento do meio campo e uma arrancada fulminante, com um toquinho deslocando o atabalhoado goleiro, 2 x 2.

O empate foi visto basicamente pela torcida tricolor, uma vez que o restante do mundo estava sintonizado na final da Champions League, mas a sua consequência poderá ser sentida por todos. O resultado acalma, em tese, o ambiente no Arruda, conturbado após o entrevero entre o técnico Ricardinho e o gerente de futebol Sandro Barbosa. O segundo deixou o clube por não concordar com a permanência do treinador, que “cobrava bastante”.

A cobrança principal do treinador? Salário em dia e um centro de treinamento (prometido) para trabalhar. Os bastidores do Mundão ainda devem se agitar mais um pouco até a próxima sexta-feira, data da partida contra o Boa Esporte, em casa. Até lá, mais pedidos por reforços e por um ambiente estável. À diretoria, o dever de proporcionar esse cenário. Acredite, o gol de Nathan pode ter sido o primeiro passo para um entendimento entre as partes.

Série B 2015, 6ª rodada: Luverdense 2x2 Santa Cruz. Foto: Luis Felipe Nischor/divulgação