Reformulado e abraçado pela torcida, Santa vence o Papão e leva a Asa Branca

Taça Asa Branca 2017, final: Santa Cruz 1x0 Paysandu. Foto: Rodrigo Baltar/Santa Cruz (site oficial)

A partida já tinha começado, com a tarde caindo no Arruda e o público ainda chegando. Numeroso, no passo lento, nas bilheterias e portões. Com meia hora, o jogo com um visual razoável se transformou numa excelente presença, com 14.002 torcedores – dando a impressão até de mais gente. Público ansioso pelo primeiro jogo do Santa em 2017. Antes, um jogo-treino e um amistoso de portões fechados. Agora, além de matar a saudade de casa, ainda teria um adversário bem mais qualificado, o Paysandu. Para completar, uma taça em jogo. A Asa Branca, reunindo os últimos campeões do Nordestão e da Copa Verde.

Aí, sabemos, o copeirismo ajuda, pré-temporada à parte. Até mesmo porque o time de Vinicius Eutrópio foi totalmente reformulado em relação àquele rebaixado. Os principais nomes foram à Libertadores: Léo Moura/Grêmio, João Paulo/Botafogo, Arthur/Chape, Keno/Palmeiras e Grafite/Atlético-PR.

Taça Asa Branca 2017, final: Santa Cruz 1x0 Paysandu. Foto: Diego Borges/Esp. DP

No sábado, apenas um remanescente, o lateral Vítor. Tal simbolismo valeu até a braçadeira de capitão. Sobre as caras novas, um desencontro natural, mesmo com os 17 dias de treino. O time teve mais volume no primeiro tempo, mas numa atuação fraca, tecnicamente – até esperada, na visão do blog. O entrosamento não viria na estreia, com ou sem taça em disputa. Ainda assim, naquela correria, saiu o gol da vitória por 1 x 0, num belo chute de Léo Costa aos 34 minutos. Pegou da meia lua e mandou no cantinho. A torcida ainda vibrou com a primeira defesaça de Júlio César (um jogo, uma taça), espalmando no ângulo.

No intervalo, nada de (inúmeras) trocas. A formação se manteve para dar liga. Em vantagem, os corais atuaram nos contragolpes, de forma cadenciada e sem correr riscos – com o paraense (e futuro adversário na B) inoperante. Com a noite já viva, o povão presente viu mais uma taça na galeria. É sempre bom.

Taça Asa Branca 2017, final: Santa Cruz 1x0 Paysandu. Foto: Rodrigo Baltar/Santa Cruz (site oficial)

Santa Cruz na Taça Asa Branca de 2017, com novo critério sobre o adversário

A Taça Asa Branca. Foto: Ceará/divulgação

A conquista do Santa Cruz no Nordestão abriu vários caminhos. Técnicos e financeiros. Além das duas vagas na Sula (2016 e 2017) e das cotas de premiação (R$ 2,3 milhões), o clube garantiu a abertura do calendário do futebol brasileiro no próximo ano. Em janeiro, os corais disputarão a Taça Asa Branca, o torneio amistoso envolvendo o último campeão regional e um convidado. Criada neste ano, a disputa teve um critério polêmico na escolha do adversário.

Na ocasião, o Flamengo, o convidado, comunicou: “Taça Asa Branca abrirá oficialmente a temporada de futebol do Nordeste. O duelo será sempre entre o último campeão da Copa do Nordeste e um grande clube brasileiro”.

Indo além do Mengo, inegável no contexto, qual seria o conceito para definir um grande clube? A polêmica rendeu bastante no blog. Depois, o presidente do Esporte Interativo, responsável pela organização da taça, alegou um ruído de informação. Em vez de um “grande clube brasileiro”, conforme noticiado, Edgar Diniz citou um “grande clube”, sem distinção de nacionalidade. 

A norma sobre o adversário já vale a partir de 2017. Qual será o time? O blog entrou em contato com o EI para saber a possibilidade de um embate contra o campeão da Primeira Liga, especulado desde então – o Flu foi o vencedor. Contudo, ainda não há previsão do convidado. Financeiramente, a primeira Asa Branca, com o eletrizante empate em 3 x 3 entre Ceará e Fla no Castelão, rendeu R$ 718 mil. Nada mal. Em 2017, é a vez do Arruda.

Na sua opinião, qual deveria ser o perfil do convidado na Asa Branca?

Ceará mantém a Asa Branca no Nordeste, a um critério da plena aprovação em 2017

Taça Asa Branca 2016, Ceará (4) 3 x 3 (3) Flamengo. Foto: Esporte Interativo/twitter

A primeira edição da Taça Asa Branca ficou no Nordeste. Em uma noite emocionante no Castelão, com 35 mil torcedores, Ceará e Flamengo ficaram num empate de seis gols, com o Vozão levando a melhor no pênaltis, após a cobrança no travessão de Paolo Guerrero. Com R$ 718 mil de bilheteria e uma transmissão disponibilizada a 71% dos assinantes do país, no primeiro lampejo nordestino com o novo alcance do canal Esporte Interativo, após a entrada na Net, o evento tende a ser replicado. E esses números positivos não surpreendem. Nem ao blog, que criticou o critério adotado para o adversário.

Na semana do lançamento da Asa Branca, na sede do Fla, um erro estratégico, recebi um telefonema (aí sim, surpreendente) do presidente do EI, Edgar Diniz, para conversar sobre as críticas. Aprofundei a minha opinião, já escrita no post Taça Asa Branca, a disputa entre o campeão nordestino e o Flamengo…?.

Taça Asa Branca 2016, Ceará (4) 3 x 3 (3) Flamengo. Foto: Esporte Interativo/twitter

O executivo alegou um ruído de informação na elaboração do convite. Em vez de um “grande clube brasileiro”, como noticiado, apenas um “grande clube”, sem distinção de nacionalidade. Edgar até concordou com a ideia de chamar um campeão para enfrentar o campeão nordestino, mas alegou problemas de agenda, pois nem sempre seria possível acertar a taça amistosa com o campeão da Série A ou da Copa do Brasil. Corinthians e Palmeiras, vencedores em 2015, por exemplo, excursionaram nos Estados Unidos e no Uruguai.

De toda forma, ele acredita que a ideia pode ser melhorada. Conforme dito no post anterior, não haveria problema em ter o próprio Fla em Fortaleza, desde que a escolha fosse fundamentada, não só pela receita de uma noite, pelo ibope. Há algo maior em jogo. Lembrando sempre: a Asa Branca é um produto da Liga do Nordeste, que por muito pouco não transformou o Ceará em coadjuvante.

Espero a Asa Branca em 2017. Com casa cheia, audiência e critério.

Taça Asa Branca 2016, Ceará (4) 3 x 3 (3) Flamengo. Foto: Esporte Interativo/twitter

Podcast 45 (203º) – Polêmica no conceito da Asa Branca e reviravolta com Walter

Debate na 203ª edição do podcast 45 minutos: o conceito da Taça Asa Branca

A criação da Taça Asa Branca, uma disputa anual promovida pela Liga do Nordeste entre o campeão da Lampions e um “grande clube brasileiro”, tendo como primeiro convidado o Flamengo, foi o debate do dia no futebol da região, com a rejeição à ideia nas redes sociais entre os assuntos mais comentados do país, via tag #ONordesteNãoMerece. E o 45 minutos aprofundou a discussão durante 50 minutos, falando do conceito (errôneo na nossa visão), a projeção do Fla, a disputa pelo mercado local e os detalhes da conversa do blog com Edgar Diniz, presidente do Esporte Interativo, a respeito das críticas ao modelo.

Confira um infográfico com a pauta do podcast aqui.

Na segunda parte do programa, uma passagem sobre a negociação do atacante Walter com o Sport, com o “balão” (jargão usado no futebol pernambucano) do Atlético-PR (foi balão? discutimos até isso!). Por fim, os bastidores da visita do presidente da FPF, Evandro Carvalho, à redação do Superesportes.

Nesta edição, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Taça Asa Branca, a disputa entre o campeão nordestino e o Flamengo…?

Flamengo e Copa do Nordeste? Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Através do Flamengo foi divulgada uma controversa ideia elaborada pela Liga do Nordeste. Isso mesmo. Segundo a mensagem compartilhada pela assessoria de imprensa do rubro-negro carioca, a “Taça Asa Branca abrirá oficialmente a temporada de futebol do Nordeste. O duelo será sempre entre o último campeão da Copa do Nordeste e um grande clube brasileiro”.

A lógica dessa notícia é o fato de o Fla ser o adversário na primeira edição, em 21 de janeiro de 2016, no Castelão, diante do Ceará. Na confirmação, direto do Auditório Rogério Steinberg, na sede da Gávea, a presença de dirigentes dos dois clubes, da liga e do canal Esporte Interativo, parceiro no novo evento anual.

Que o Flamengo é o time de maior torcida do país, não há o que contestar. Mas é, também, um dos maiores calos para o “produto” Nordestão. Por ser o mais popular em seis dos nove estados da região, dividindo as atenções de torcedores locais (53 milhões de telespectadores), por articular a sua entrada no torneio regional, como ocorreu em 2014, e por canalizar, ao lado do Corinthians, boa parte da receita oriunda da tevê – o que parece ser ratificado neste convite.

Ainda assim, o Flamengo poderia ser o adversário desse jogo…
…mas por critérios técnicos.

Simplesmente por ser um “grande clube brasileiro”? Soa mais como uma atitude provinciana da liga – como seria com o Palmeiras ou o Fluminense no mesmo contexto. Tratando o Mengo como convidado, e nada mais, a escolha fere conceitualmente a Lampions League, uma competição de independência técnica e financeira dos clubes da região em relação ao eixo futebolístico (e midiático) do país, o Rio-São Paulo. Um torneio que, mesmo baseado numa audiência televisiva segmentada, viu a premiação subir de R$ 5,6 mi para R$ 14,8 milhões em quatro anos. Não por acaso gerou o interesse de fora.

A Taça Asa Branca nasceu com um nome de apelo e com a interessante ideia de abertura na pré-temporada, como a Ariano Suassuna e a Chico Science, as criações “particulares” de Sport e Santa Cruz. Atrelada à Liga do Nordeste, no entanto, a disputa deveria primar por um foco maior, pelo fortalecimento da identidade da Copa do Nordeste. E nem é difícil imaginar outras opções.

Sugestões de confrontos contra o campeão nordestino:
1) Campeão Brasileiro
2) Campeão da Copa do Brasil
3) Campeão da Primeira Liga (Copa Sul-Minas-Rio)
4) Campeão da Copa Verde
5) Adversário estrangeiro

Ou seja, teoricamente, o próprio Flamengo poderia ser um rival, promovendo um choque de campeões. E não simplesmente por ser o Flamengo…