Podcast 45 (209º) – Análise dos amistosos de Sport, Santa, Náutico, Bahia e Ceará

A pauta da 209ª edição do podcast 45 minutos

A edição durou 2h02, uma das mais longas do 45 minutos. Iniciamos o podcast comentando a falta que Carlos Celso Cordeiro fará ao futebol pernambucano, numa lacuna irreparável. Como exemplo, estatísticas dos três clássicos, os maiores goleadores e quem atuou mais em cada um. Dados possíveis devido à sua pesquisa. Na sequência, analisamos as vitórias de Sport, Santa e Náutico no fim de semana, tanto o rendimento quanto a organização dos amistosos (Taça Ariano Suassuna e Troféu Chico Science). Por fim, uma rápida passagem nos jogos de Ceará e Bahia, futuros adversários no Nordestão.

Confira um infográfico com a pauta do programa aqui.

Nesta edição, estive ao lado de Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Carlos Celso Cordeiro, uma vida dedicada à história do futebol pernambucano

Carlos Celso Cordeiro, historiador e pesquisador. Foto: Paulo Paiva/DP

Quem ganhou mais clássicos, Sport ou Santa Cruz?
Quem foi o maior artilheiro do Náutico?
Quando aconteceu o primeiro jogo da história de cada grande clube?
Quem venceu mais no Campeonato Pernambucano? E o maior público?
Quem treinou mais? Quem conquistou mais títulos? 

Se hoje a gente sabe qualquer estatística que alimente a rivalidade do Trio de Ferro, é possível afirmar que o mérito é todo de Carlos Celso Cordeiro.

Pernambucano de Tabira e radicado no Recife, um alvirrubro fanático, da época do hexa. Mas, sobretudo, um apaixonado pelo futebol pernambucano. Um abnegado em resgatar a nossa história, perdida nas páginas amareladas dos jornais da capital. Pesquisador nato, Carlos Celso começou a colecionar todos os dados possíveis sobre os resultados dos times do Recife em 1982. Ia diariamente ao Arquivo Público, na Rua do Imperador. Lia e revisava todas as edições à disposição, confrontando dados do Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio, Diário da Noite, Jornal Pequeno , Folha de Pernambuco etc. Escalações, gols públicos, bilheterias, arbitragens e outras curiosidades. 

Primeiro, anotava tudo em cadernos empilhados em sua casa. Até 1992, quando adquiriu o seu primeiro computador, passando a armazenar os dados em disquetes. Com o avanço da tecnologia, com mais memória, revisou todo o acervo, tirando fotos das fichas, digitalizando todo o material em hd externos. Engenheiro aposentado na Chesf, viu no futebol uma nova dedicação e, mesmo sem apoio, passou a publicar livros em série sobre Náutico, Sport e Santa. O primeiro, em 1996, com um levantamento estatístico de todos os jogos do Timbu entre 1909 e 1969, o “Náutico – Retrospecto de todos os jogos”. Depois, mais três volumes, com a sua dedicação se estendendo aos rivais.

Sempre na base do esforço, com tiragens mínimas e sem o menor objetivo de enriquecer, pelo puro prazer de ver a sua paixão pela história compartilhada. Ao todo, o historiador publicou 21 livros, oriundos de seu incomparável acervo, com 20.200 partidas do futebol local desde a primeira peleja, em 1905. Mesmo com a saúde debilitada, se preparava para mais uma publicação, sobre o centenário do Clássico das Multidões em maio de 2016, repetindo a ideia de 2009, nos 100 anos de Náutico x Sport. Manter o foco era uma forma de seguir com forças.

Com muito orgulho, fui convidado por Carlos Celso para escrever uma apresentação do livro. Eu o conhecia desde 2004, quando entrei no Diario. No ano seguinte – ainda nem trabalhava em Esportes -, o convidei para participar da minha monografia da faculdade, ao lado de Fernando Menezes, Stênio José e Lenivaldo Aragão. Aceitou, claro, com a mesma educação mostrada nesse tempo todo de convivência. Sempre atencioso nas incontáveis matérias sobre história e estatística, no jornal ou no blog. Falo por mim, mas tendo a certeza que isso se aplica a todos os colegas.

Por isso, a enorme tristeza neste 24 de janeiro de 2016. Aos 72 anos, Carlos Celso não resistiu ao tratamento de câncer, falecendo na noite anterior, após uma infecção respiratória. Perdemos uma pessoa que reviveu a nossa história.

Perdi um amigo também. 

Em 2008, no início do blog, Carlos Celso Cordeiro escreveu sobre uma série sobre o início da prática do futebol no Recife, de 1905 a 1915.
Capítulos: parte 1parte 2parte 3parte 4parte 5 e parte 6.Livros de Carlos Celso Cordeiro

Pesquisa amplia a lista dos cinco maiores artilheiros de Náutico, Santa e Sport

Bita (Náutico), Traçaia (Santa Cruz) e Traçaia (Sport). Fotos: Aquivo DP/D.A. Press

Bita, Tará e Traçaia são os maiores artilheiros da história de Náutico, Santa e Sport. Num trabalho incessante de pesquisa, desde 2010, seus dados vêm sendo atualizados. Até então, eram 221 gols do alvirrubro, 198 do tricolor e 201 do rubro-negro. Porém, Carlos Celso Cordeiro revisou seus arquivos, colhendo novas informações no acervo público e contando com a ajuda de colaboradores.

O atacante coral subiu para 207 tentos, enquanto o leonino teve um gol achado em um amistoso na Espanha, em 1957. Já o “Homem do Rifle” dos Aflitos ampliou a sua marca em dois momentos. Primeiro com dois gols checados em 2012 e mais um em 2015, num amistoso contra o A. A. Serviço Gráfico, em 2 de outubro de 1971, no revés timbu por 2 x 1. Em contato com o historiador José Ricardo Caldas, de Brasília, com o envio da ficha técnica, a regra adotada por Carlos Celso, o artilheiro chegou a 224 gols em 339 jogos pelo clube.

Os três goleadores são os únicos com duas centenas de bolas nas redes pelos grandes clubes do Recife. Considerando os cinco principais artilheiros de cada um, são 887 gols alvirrubros, 795 gols tricolores e 712 gols rubro-negros. O nome mais recente é o de Kuki, que atuou de 2001 a 2009 no Náutico, artilheiro três vezes do Estadual. O baixinho soma 179 gols, mas poderiam ser 184, pois fez cinco na Copa Pernambuco, jogando no time “B”. No critério do pesquisador, entram os gols em amistosos e competições, mas no time principal.

Em comunicado enviado à imprensa, o próprio Carlos Celso Cordeiro deixa claro que o trabalho segue: “Pode ser que ainda existam gols escondidos.”

Os 5 maiores artilheiros de Náutico, Santa Cruz e Sport. Crédito: Carlos Celso Cordeiro/divulgação

15 goleadores que marcaram época em Pernambuco reunidos em um livro

Livro "Goleadores", da série Reis do Futebol em Pernambuco. Crédito: divulgação

Com 248 páginas, o livro Goleadores traz um histórico de 15 dos maiores goleadores que já brilharam no futebol pernambucano, entre clubes e seleção estadual. São atacantes que marcaram seus nomes em campeonatos, amistosos, clássicos e finais. É o segundo da série “Reis do Futebol em Pernambuco”, escrita pelos pesquisadores Carlos Celso Cordeiro, Roberto Vieira e Lucídio Oliveira. O primeiro foi sobre os maiores técnicos do estado.

Nesta publicação, cada capítulo traz textos com história e análise e também a lista de todos os gols dos craques, com passagens no Náutico, Santa Cruz e Sport e até nos times intermediários, como Central e América.

Os 15 nomes presentes no livro não correspondem necessariamente aos 15 maiores artilheiros. Onze deles figuram no ranking, inclusive o primeiro, Tará, com 207 gols pelo Tricolor, 61 pelo Alvirrubro e 26 por outros times. Outros quatro (Fernando Santana, Dario, Roberto Coração de Leão e Bizu) entraram através do contexto adotado pelos autores. Eis o critério adotado no livro:

“(…) nos apoiamos em critérios objetivos como: Títulos conquistados, Façanhas individuais e Número de gols marcados jogando por equipes pernambucanas. Dentro do universo assim estabelecido, adotamos o critério subjetivo, onde consideramos o nosso sentimento, para definir a lista final.”

Portanto, saíram Betinho (8º, 184 gols), Carlinhos Bala (9º, 166 gols), Djalma Freitas (10º, 161 gols) e Marcelo Rocha (12º, 148 gols).

Os 15 goleadores presentes no livro:
1º) Tará (1931-1949) – 294 gols
2º) Baiano (1980-1988) – 243 gols
3º) Bita (1962-1972) – 226 gols
4º) Fernando Carvalheira (1932-1942) – 218 gols
5º) Luciano Veloso (1968-1982) – 213 gols
6º) Traçaia (1955-1962) – 202 gols
7º) Kuki (2001-2009) – 185 gols
11º) Ramon (1969-1983) 153 gols
13º) Leonardo (1994-2010) – 140 gols
14º) Hamilton (1951-1956) – 135 gols
15º) Ivson (1952-1962) – 133 gols
17º) Dario (1975-1981) – 127 gols
18º) Fernando Santana (1967-1976) – 125 gols
19º) Roberto Coração de Leão (1976-1985) – 120 gols
21º) Bizu (1988-1994) – 114 gols

Confira um post com outros 40 livros dedicados ao futebol pernambucano aqui.

Os cinco maiores artilheiros da história de Náutico, Santa Cruz e Sport

Bita (Náutico), Traçaia (Santa Cruz) e Traçaia (Sport)

Silvio Tasso Lasalvia, Humberto de Azevedo Viana e José Roque Paes. Esses nomes podem até passar despercebidos entre a maioria dos torcedores pernambucanos, mas os seus apelidos não. Bita, Tará e Traçaia são os maiores artilheiros de Náutico, Santa e Sport, com 223, 207 e 202 gols, respectivamente.

São os únicos com duas centenas de bolas nas redes. Além de seus ilustres goleadores, o trio da capital conta com outros artilheiros tarimbados na história. O pesquisador Carlos Celso Cordeiro enumerou os cinco principais goleadores de cada clube. Como curiosidade, somando o quinteto de cada time, são 886 gols alvirrubros, 795 gols tricolores e 712 gols rubro-negros.

O nome mais recente da lista é o de Kuki, que atuou de 2001 a 2009 no Náutico, sendo três vezes artilheiro do Estadual. O baixinho soma 179 gols, mas poderiam ser 184, pois anotou cinco tentos na Copa Pernambuco, jogando no time “B” do Timbu. No critério de Carlos Celso, entrararam todos os gols em amistosos e jogos oficiais, mas somente no time principal de cada clube.

No Tricolor, há a curiosidade de quatro dos cinco principais artilheiros os jogando nadécada de 1970, a mais vitoriosa do clube. Já no Leão, Leonardo passou dos cem gols e se tornou o maior campeão do clube, com nove taças.

Os 5 maiores artilheiros de Náutico, Santa Cruz e Sport. Crédito: Carlos Celso Cordeiro/divulgação

Ranking de pontos do Pernambucano 1915/2014

Com dados do pesquisador Carlos Celso Cordeiro, considerando todas as 100 edições do Campeonato Pernambucano, eis o ranking histórico de pontos do Estadual, desde 1915 até 2014. Quem mais jogou? Quem venceu mais?

Abaixo, a lista com os 68 times. Antes, confira as ressalvas do historiador.

Embora relacionados com nomes diferentes, são o mesmo clube:
1) Great Western e Ferroviário
2) Sport Caruaru e Atlético Caruaru
3) Santo Amaro, Casa Caiada, Recife e Manchete.

Clubes distintos, apesar da “mudança de nome”:
1) Destilaria – Cabense
2) Desportiva Pitu – Desportiva Vitória – Acadêmica Vitória.

A Colligação SR sofreu 4 gols, mas mesmo assim perdeu 5 vezes, pois foi derrotado uma vez por WO.

As vitórias passaram a valer três pontos a partir de 1995, como consta na FPF.

O Santa foi o único presente em todas as edições. Náutico e Sport disputaram 99 e 98, respectivamente. Em 1915, o Timbu e o Leão não concordaram com a Liga. Já em 1978 o Rubro-negro ficou de fora sob sob protesto na FPF.

Em 2015 a única novidade é o Atlético Pernambucano, o 69º participante.

Ranking de pontos do Campeonato Pernambucano - 1915 / 2014. Crédito: Carlos Celso Cordeiro

Os menores públicos da história de Náutico, Santa e Sport. Vazio absoluto

Arruda, Ilha do Retiro, Aflitos e Arena Pernambuco. Fotos: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press, Sport e Arena Pernambuco

O público de 354 pessoas na Arena Pernambuco, no jogo Náutico x América de Natal, surpreendeu. Teria sido o menor da história do clube como mandante?

Não passa nem perto, nem do Alvirrubro e nem dos grandes rivais.

A pedido do blog, o pesquisador Carlos Celso Cordeiro informou os seis públicos mais baixos de Náutico, Santa Cruz e Sport em todos os tempos – considerando os jogos com fichas divulgadas. Um vazio absoluto nas arquibancadas do Arruda, na Ilha do Retiro e nos Aflitos.

Todos como mandantes, independentemente do estádio e do contexto do jogo, amistoso ou competição. Considerando esses 18 jogos, o “maior público” foi de 281 torcedores, com 73 a menos que o borderô na arena…

Os menores públicos da história de Náutico, Santa Cruz e Sport. Fonte: Carlos Celso Cordeiro/cortesia

Apesar da nostalgia local, com clássicos abarrotados, a década de 1980 também registrou números ridículos. Já se for levado em conta apenas este século, os piores dados do trio são os seguintes:

Náutico 1 x 2 Vitória (12/10/2010, Nordestão) – 101 torcedores
Santa Cruz 2 x 0 Confiança (06/09/2010, Nordestão) – 395 torcedores
Sport 3 x 1 Petrolina (09/06/2002, Estadual) – 669 torcedores

Os clássicos do velho América

Últimos jogos do América contra Santa Cruz, Náutico e Sport, todos em 2012, pelo Estadual. Fotos: Paulo Paiva e Ricardo Fernandes, ambos do DP/D.A Press

Agora centenário, o América está bem distante do seu passado de glórias…

Por outro lado, é essa riquíssima história que mantém viva a aura do clube, há anos lutando para se firmar na elite do campeonato estadual.

Hoje conhecido como “Mequinha”, o Alviverde da Estrada do Arraial já fez frente aos grandes clubes da capital. Na verdade, o América disputava clássicos. Também era grande.

Neste 12 de abril de 2014, o América chega ao seu centenário.

Relembre, então, os 899 duelos contra os velhos rivais, também centenários, com dados do pesquisador Carlos Celso Cordeiro. Venceu 168 vezes, ou 18,68% jogos. Nada mal para quem não é campeão há 70 anos…

Clássico da Amizade – América x Santa Cruz

313 jogos
195 vitórias tricolores (62,30%)
54 empates (17,25%)
63 vitórias alviverdes (20,12%)
1 resultado desconhecido (0,31%)

Primeiro jogo: Santa Cruz 4 x 0 América (10/10/1915, Campina do Derby)
Último jogo: Santa Cruz 5 x 0 América (08/04/2012, Arruda)

Clássico da Técnica e da Disciplina – América x Náutico

296 jogos
185 vitórias alvirrubras (62,50%)
57 empates (19,25%)
54 vitórias alviverdes (18,24%)

Primeiro jogo: Náutico 0 x 6 América (15/08/1916, British Club)
Último jogo: América 2 x 2 Náutico (29/02/2012, Ademir Cunha)

Clássico dos Campeões – América x Sport

290 jogos
194 vitórias rubro-negras (66,89%)
43 empates (14,82%)
51 vitórias alviverdes (17,58%)
2 resultados desconhecidos (0,68%)

Primeiro jogo: Sport 2 x 3 América (09/04/1916, British Club)
Último jogo: América 2 x 4 Sport (10/03/2012, Ademir Cunha)

Ranking de pontos do Pernambucano 1915/2013

Com dados do pesquisador Carlos Celso Cordeiro, considerando todas as 99 edições do Campeonato Pernambucano, eis o ranking histórico de pontos do Estadual, desde 1915 até 2013. Quem mais jogou? Quem venceu mais?

Abaixo, a lista com os 67 times. Antes, confira as ressalvas do historiador.

Embora relacionados com nomes diferentes, são o mesmo clube:
1) Great Western e Ferroviário
2) Sport Caruaru e Atlético Caruaru
3) Santo Amaro, Casa Caiada, Recife e Manchete.

Clubes distintos, apesar da “mudança de nome”:
1) Destilaria – Cabense
2) Desportiva Pitu – Desportiva Vitória – Acadêmica Vitória.

A Colligação SR sofreu 4 gols, mas mesmo assim perdeu 5 vzes, pois foi derrotado uma vez por WO.

As vitórias passaram a valer três pontos a partir de 1995, como consta na FPF.

Em 2014 o Santa chegará a 100 participações. Náutico e Sport chegarão a 99 e 98, respectivamente. Em 1915, o Timbu e o Leão não concordaram com a Liga. Já em 1978 o Rubro-negro ficou de fora sob sob protesto na FPF (veja aqui).

Ranking de pontos do Campeonato Pernambucano - 1915 / 2013. Crédito: Carlos Celso Cordeiro

Antes do futebol, o Mercado do Derby

Mercado do Derby, no Recife. Postal datado 1904.

O cartão postal amarelado, datado de 1904, traz lembranças remotas do surgimento do futebol no Recife. Na frente do imponente Mercado do Derby, com os seus 129 metros de comprimento, a história do esporte tomaria um rumo definitivo no ano seguinte.

No mesmo gramado irregular, mais de um século depois, um torneio reunindo 736 adolescentes teve a sua grande final. No campo da Polícia Militar, os jovens da Várzea ganharam dos meninos dos Coelhos por 1 x 0, conquistando a Taça Recife de Comunidades de 2014. A escolha não foi coincidência.

Vale um registro de Carlos Celso Cordeiro, historiador do futebol local.

“No final de 1903, pela persistência de Guilherme de Aquino Fonseca, um pernambucano que estudara na Inglaterra, começou a ser implantado o futebol em Pernambuco. É de se supor que ele não encontrou interesse nos clubes esportivos que existiam na época: Internacional e Náutico. O passo seguinte foi procurar os funcionários ingleses dos bancos, do comércio, da Western Telegraph Company e da Great Western para disseminar o esporte no Recife.

A realização das primeiras práticas de futebol, no ano de 1904, animou Guilherme a planejar a fundação de um clube de futebol. Este plano foi concretizado no dia 13 de maio de 1905 com a fundação do Sport Club do Recife. No início, a prática era restrita a sócios do Sport, a funcionários de companhias inglesas e a times organizados por ingleses.

Além do Football Association, o Rugby e o Cricket eram praticados por estes desportistas, mas não se consolidaram nos costumes locais. O primeiro jogo de futebol no estado foi disputado no dia 22 de junho de 1905, no Campo do Derby, e envolveu o Sport e um time de ingleses radicados na capital. Terminou em 2 x 2. Não foram localizadas informações sobre os goleadores do jogo.”

O prédio ao fundo do jogo pioneiro, presente em inúmeros cartões postais na época, já foi ocupado de diversas formas ao longo dos anos, pontuados por incontáveis reformas e até um incêndio criminoso.

No século XIX havia no lugar um parque de competições hípicas. Acabou comprado pelo empresário Delmiro Gouveia, que construiu uma galeria, inaugurando assim o Mercado do Derby, em 1899. Se vendia de tudo por lá. Carne, verduras, artigos importados, jornais e até gelo. Subúrbio até ali, o terreno foi um divisor na expansão do Recife. Em 1924, já com nova fachada, a edificação tornou-se a sede da Força Pública, a atual PM.

Em 27 de abril de 1997 foi erguido um marco ao acontecimento futebolístico, com 2,5 metros de altura, uma bola estilizada em bronze e duas placas. Numa delas está as escalações das duas primeiras equipes.

Até aquele centenário cartão postal não havia futebol, torcida, rivalidade…

Era só um mercado.

Campo do Derby. Foto: Eduardo Câmara/Panoramio