Alceu Valença e Pelé. Cantores, compositores e…

Alceu Valença e Pelé

O cantor pernambucano Alceu Valença é quase sinônimo de carnaval.

Comanda a grande noite no Recife Antigo e também faz a ladeira pular em Olinda.

Canta o diabo loiro faiscando, a anunciação, aquela morenaça tropicana e tudo mais no frevo.

O talento, o jeito acelerado de falar, o passado psicodélico, a autenticidade. Uma soma com alto teor de popularidade, não só no estado.

Aos 67 anos, o artista de São Bento do Una coleciona histórias impagáveis. Uma delas numa conversa com ninguém menos que Pelé.

Em uma roda de entrevista, na Band, no domingo, o músico relembrou o episódio.

No encontro, o Rei, um tanto empolgado, falou…

“Eu também sou cantor e compositor.”

Na velocidade que lhe é característica, Alceu devolveu…

“É… Eu também jogo futebol.”

De fato, Alceu, rubro-negro na infância, bateu uma pelada com Bob Marley em 1980.

Mascote tricolor levanta a primeira taça do centenário nas ladeiras de Olinda

Corrida de Mascotes 2014 em Olinda. Foto: VANESSA CARVALHO/BRAZIL PHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O carnaval já está chegando. Enquanto as ladeiras não ficam lotadas, ainda é possível até correr. No sábado, a Cobra Coral venceu a quarta edição da Corrida de Mascotes, realizada uma semana antes do carnaval olindense.

Nas ladeiras do Sítio Histórico, o mascote do Santa Cruz conquistou, de certa forma, o primeiro título do clube no ano do centenário.

O grande desfalque neste ano foi o Sport, que não mandou o mascote “Léo”. Campeão em 2011, o mascote rubro-negro caiu na corrida passada (veja aqui).

Confira o pódio de todas as ediçoes da Corrida de Mascotes em Olinda.

2014
1º) Santa Cruz (Cobra Coral), 2º) Olinda (Panda), 3º) Íbis (Pássaro Preto)

2013
1º) Íbis (Pássaro Preto), 2º) Central (Patativa), 3º) América (Periquito)

2012
1º) América (Periquito), 2º) Íbis (Pássaro Preto), 3º) Sport (Leão)

2011
1º) Sport (Leão), 2º) América (Periquito), 3º) Náutico (Timbu)

O bloco do Caça

Flávio Caça-Rato e o boneco gigante do carnaval. Crédito: Brenno Costa/DP/D.A Press

O carnaval é de Caça-Rato…

Como o blog já havia informado, foi produzido um boneco gigante em homenagem ao carismático atacante tricolor Flávio Caça-Rato.

Pois o atacante foi nesta sexta até a Embaixada dos Bonecos Gigantes de Pernambuco, no Recife Antigo, e conheceu de perto a sua versão carnavalesca.

Achou o boneco até mais bonito que ele… e caiu no frevo.

A Embaixada já contava com um boneco homenageando Kuki. Para os festejos de 2014, também deverão desfilar as versões de Magrão e de Mauro Shampoo.

Assista ao vídeo, em uma produção dos repórteres Ana Paula Santos e Brenno Costa, da editoria Superesportes.

No fim, o CR7 ainda tirou onda sobre a Seleção, ao vestir uma camisa amarela.

“Caiu bem essa amarelinha, Felipão.”

Os blocos carnavalescos de alvirrubros, tricolores e rubro-negros

Blocos de carnaval de Náutico, Santa Cruz, e Sport. Fotos: nauticonews.com.br, loucospelosanta.com.br, zemais.blogspot.com.br e Julio Pontes

Na época carnavalesca, nada de uniformes no futebol no estado. Mas nem assim a paixão clubística é deixada de lado. Pelo contrário, continua arrastando multidões.

As camisas alvirrubras, tricolores e rubro-negras cedem lugar às fantasias. Nos festejos de momo há espaço também para as camisas dos blocos, com inspiração nos maiores clubes de Pernambuco.

Entre blocos e troças carnavalescas, Náutico, Santa Cruz e Sport têm as suas versões na folia em todo o estado. No Recife Antigo, nas ladeiras de Olinda, nos papangus no interior…

Confira os estandartes, da antevéspera carnavalesca, ainda na quinta, à quarta-feira de cinzas. O mais antigo de todos é o Timbu Coroado, criado na década de 1930.

Abaixo, a lista de blocos e alguns vídeos. Entre parênteses, o local de origem, o ano de fundação e o dia do desfile.

O post será atualizado com a confirmação de mais blocos…

Náutico
Timbu Coroado (Recife, Aflitos/1934, domingo)
Nação Alvirrubra (Bezerros/2001, segunda-feira)
Alvirrubros em Folia (Pesqueira/2009, segunda-feira)
Timbu Coroado (Limoeiro, sábado)

Santa Cruz
Cobra Fumando (Recife, Arruda/1992, segunda-feira)
Triloucura (Bezerros/2004, segunda-feira)
Minha Cobra (Olinda, Sítio Histórico/2006, segunda-feira)
A Cobra Vai Subir (Afogados da Ingazeira/2008, terça-feira)
Paixão Coral (Pesqueira/2009, segunda-feira)
Naza Coral (Nazaré da Mata/2011, domingo)
Tricolor na Folia (Timbaúba, segunda-feira)

Sport
Raça Rubro-negra (Bezerros/1994, terça-feira)
Leão da Barra (Goiana/2000, terça-feira)
Nação Rubro-negra (Pesqueira/2002, sexta-feira)
Rubro-negro de Coração (São José da Coroa Grande/2007, segunda-feira)
Cazá-Cazá (Nazaré da Mata/2008, terça-feira)
Cazá Cazá (Afogados da Ingazeira/2012, domingo)
Bloco do Sport (Condado/2012, terça-feira)
Leões da Mata (Palmares/2013, quinta-feira)
Leões na Folia (Ipojuca/2013, terça-feira)
Torcida do Sport (Bom Jardim, terça-feira)

Os caboclos de lança que pesam uma tonelada no futebol

Caboclos de lança de Náutico, Sport e Santa Cruz. Crédito: Juna d m-fard junior/divulgação (Náutico e Santa) e Cláudio Maranhão/flickr (Sport)

O caboclo de lança é um dos principais símbolos do carnaval pernambucano.

Atrelado inicialmente ao maracatu rural, a colorida vestimenta com chapéu, gola de lantejoulas, óculos, surrão e lança logo se tornou constante nos carnavais, nas ladeiras de Olinda e no Recife Antigo.

Na mistura de todos, o futebol sempre tem o seu espaço. Como nas fantasias dos lanceiros folclóricos inspiradas nos três maiores escudos do estado.

No maracatu, confira as versões do Timbu, da Cobra Coral e do Leão.

O carnaval, aliás, é algo bastante presente nos grandes clubes pernambucanos, com fantasias, blocos, orquestras, canções de frevo, bonecos gigantes…

Sobre o carnaval nos grandes clubes, confira: Náutico, Santa Cruz e Sport.

Esses nomes realmente pesam uma tonelada.

Boneco gigante de Caça-Rato no buruçu do carnaval

Boneco gigante de Flávio Caça-Rato. Crédito: twitter.com/hugofariasv e facebook.com/ibismania

A popularidade Caça-Rato é cada vez maior.

Pelo nome absurdamente incomum, pelo visual e pelo jeito descontraído, com a cara do povo, Flávio vai ultrapassando todas as fronteiras do futebol.

Já virou garoto propaganda de álbum de figurinhas.

Já foi o personagem de uma matéria no conceituado jornal inglês The Guardian.

Agora será no meio do buruçu mesmo, em uma homenagem ao atacante. Em pleno carnaval, teremos um boneco gigante do CR7 do Santa Cruz.

Subindo as ladeiras de Olinda. Depois, claro, “discai”.

Ao lado de Caça-Rato, os bonecos de Sócrates, Zico e Ronaldinho Gaúcho…

Cobra fumando no palco dos grandes compositores tricolores

Bloco "Minha Cobra", do Santa Cruz. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Em um século de história do frevo, o Santa Cruz teve dois dos maiores compositores do envolvente ritmo pernambucano. Nelson Ferreira (1902 – 1976) e Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba (1904 – 1997).

O primeiro foi um gênio nos frevos-de-rua, extraindo dos metais a animação total do público, arrastando gente pra todo lado nas ladeiras de Olinda e ruelas do Recife Antigo, mas sem perder a linha como compositor. Cresceu com o frevo.

No supercampeonato de 1957, Nelson Ferreira criou um frevo-canção gravado pelo cantor alvirrubro Claudionor Germano. “Vamos cantar com toda emoção / Um, dois, três, quatro, cinco, seis / Saudando a faixa de supercampeão / A que fez jus / O mais querido Santa Cruz / Foram três as vitórias colossais”.

O segundo, com 200 músicas no repertório, foi conselheiro tricolor em 1948, quando compôs a marcha “O Mais Querido”, decorada no Mundão, mas famosa a partir do mesmo título de 1957. “Santa Cruz / Santa Cruz / Junta mais essa vitória / Santa Cruz / Santa Cruz / Ao te passado de glória / És o querido do povo / O terror do Nordeste / No gramado / Tuas vitórias de hoje / Nos lembram vitórias / Do passado / Clube querido da multidão / Tu és o supercampeão”.

Irmão de Capiba, Marambá criou “Cobral Coral” em 1959, na voz de Rubens Cristino. “Quando aparece num gramado / O Santa Cruz dando xaxado / O adversário vai cair / Disso não pode fugir / Deixa a fumaça subir”.

Bem antes disso tudo, Sebastião Rosendo compôs o mais famoso frevo-canção do clube, de 1942, atendendo um pedido de Aristófanes de Andrade, renomado tricolor. Saiu o frevo “Santa Cruz de Corpo e Alma”. Sete décadas de carnaval.

Eu sou Santa Cruz
De corpo e alma
E serei sempre de coração
Pois a cobrinha quando entra no gramado
Eu fico todo arrepiado e torço com satisfação (2x)
Sai,sai Timbu
Deixa de prosa,
O seu Leão
Periquito cuidado com lotação
Que matou pássaro preto
Tricolor é tradição

Entre os blocos tricolores, dois deles agregam multidões e mantêm a tradição. O bloco Minha Cobra sai em Olinda, no Largo do Bonsucesso, nas segundas-feiras. No mesmo dia, no Arruda, carnaval também em três cores, com direito a trio elétrico. A Cobra Fumando desfila no bairro desde 1992.

Santa Cruz de Corpo e Alma (1942, Sebastião Rosendo)

Vulcão Tricolor (2007, Maestro Forró). O último dos frevos-de-rua dos clubes.

Treme a terra do frevo rubro-negro

Orquestra da "Treme-Terra", do Sport. Foto: diassport.blogspot.com.br

Num passado não muito distante, o bloco Leão Coroado arrastava uma multidão de rubro-negros no Recife. O bloco pode ter parado para respirar, mas os frevos rubro-negros seguem em alto e bom som nos metais, nos estádios, e, claro, no carnaval, nas ladeiras de Olinda e até no Galo da Madrugada.

Na Ilha do Retiro, a orquestra da Treme-Terra puxa o frevo-de-rua mais famoso do clube, já com 58 anos, numa composição de Nelson Ferreira, um torcedor tricolor, diga-se. A música Cazá Cazá, ainda tocada nas rádios, foi composta a pedido de Eunitônio Edir Pereira em 1955, ano do cinquentenário do Sport.

O mesmo Eunitônio anos depois escreveria o hino oficial. Mas, seguindo o tom carnavalesco, tem um frevo-canção ainda mais antigo, de 1936, também sob a batuta de Nelson Ferreira, em parceria com Sebastião Lopes, o “Pelo Sport Tudo”, o famoso brado do clube. A música ficou conhecida como Moreninha. Um música com vários elementos do carnaval, retrando bem a época.

Moreninha que estas dominando…
Desacatando agora pelo entrudo (2x)
Chegou a hora de gritares loucamente
Hip, Hip, Hip, Hurra Pelo Sport Tudo!
Vejo no batom dos teus lábios
E no teu cabelo ondulado
As cores que dominam altaneira por morena
Do meu glorioso estado
Moreninha que estas dominando
desacatando agora pelo entrudo (2x)
Chegou a hora de gritares loucamente
Hip, Hip, Hip, Hurra Pelo Sport Tudo!
Ter passado o carnaval
Pra que não te falte a boa sorte
Tira da minha vida e te manter eternamente
Tudo, tudo pelo Sport
Cazá, cazá, cazá, cazá, cazá
A turma é mesmo boa… É mesmo da fuzarca!
Sport! Sport! Sport!

Entre outros frevos do Sport, Haroldo Praça, autor do gol da vitória rubro-negra sobre o Santa Cruz por 6 x 5 na inauguração da Ilha do Retiro, em 1937, é citado no Frevo Nº 1 do Recife, de Antônio Maria, gravado em 1951 pelo Trio de Ouro.

Um concurso da revista Placar sobre torcidas, em 1974, terminou com a vitória do Leão no estado. No embalo, Jovino Falcão emendou: “Está comprovado / já foi conferido / que o mais amado / o mais amado é o que é / É ele o maior do nosso estado / é o consagrado campeão do norte / é o nosso Sport”.

Há espaço até para homenagem a um dirigente após uma conquista emblemática. Com Jarbas Guimarães assumindo a presidência, em 1975 o Sport acabou com o jejum de doze anos. Mereceu um frevo-canção de Rogério de Andrade, “Este ano, nosso time / vai ser mesmo campeão / todo mundo vai cantar e dizer / ninguém segura o Sport não”. 

Pelo Sport Tudo / Moreninha (1936, Nelson Ferreira e Sebastião Lopes)

Cazá Cazá (1955, Nelson Ferreira)

Desde cedinho já está acordado. É o Timbu, é o Timbu Coroado

Bloco "Timbu Coroado", do Náutico. Foto: Ivan Alecrim /Especial para o DP

O domingo de carnaval é do Timbu Coroado desde 1934, quando os atletas de remo do Alvirrubro saíram pela Rua da Aurora, onde fica até hoje a garagem do remo timbu. Uma tradição que se mantém viva na base do frevo. O desfile anual agora acontece nos Aflitos, naquele que é o bloco de carnaval mais tradicional entre os grandes clubes pernambucanos.

Além do Come e Dorme, frevo-de-rua do compositor Nelson Ferreira, torcedor coral, que mesmo sem letra alguma se confunde com o próprio hino alvirrubro, os metais levantam a timbuzada com outra composição de Nelson Ferreira, no frevo-canção Hino do Timbu Coroado (letra abaixo), de autoria de Edvaldo Pessoa, Turco e Jair Barroso.

Músicas que ficaram ainda mais populares no rádio, na execução a cada gol alvirrubro, sobretudo na era de ouro, na década de 1960.

Naquela época, aliás, a segunda-feira de carnaval reservava espaço para o desfile do maracatu do Timbu Coroado. Tempos depois, o Náutico teve até um boneco gigante, o Bonzão da Timbucana, sempre presente nos Aflitos nos anos 80. Agora, a ampliação carnavalesca, com a Casa Alvirrubra no Recife Antigo.

O nosso bloco é mesmo enfezado
É o Timbu, é o Timbu Coroado
Desde cedinho já está acordado
É o Timbu, é o Timbu Coroado
Entre no passo
Que o frevo é de amargar
Pois a turma é muito boa
E no frevo quer entrar
Não queira bancar o tatu
Conheço seu jeito, você é Timbu
Esse negócio de casá, casá, casá
É negócio pra maluco
Pois ninguém quer se amarrar
Timbu sabe isso de cor
Casá pode ser bom, não casá é melhor
N – Á – U – T – I – C – O
Todo mundo vai saber isso de cor

Entre outros vários frevos do Náutico, há o “Papai do Nordeste”, exaltação acompanhada de ironia ao Sport. “A garra do Leão / baixou de cotação / o homem do boné / levou um grande olé”. Letra composta após o 5 x 1 aplicado pelo Timbu na final de 1966, no então inédito tetracampeonato estadual. O “Nordeste” se aplica ao triunfo na Copa Norte, a fase preliminar da Taça Brasil.

E o que dizer da homenageam na base da frevança ao famoso pai de santo Pai Edu, que fazia das suas em Rosa e Silva? Foi no ano seguinte, no penta. “Dei o bi / dei o tri / dei o tetra / e o penta chegou / é gol / é gol”.

Hino do Timbu Coroado (letra de Edvaldo Pessoa, Turco e Jair Barroso e composição de Nelson Ferreira)

Come e Dorme (1953, Nelson Ferreira)

Pássaro Preto coloca o carnavalesco Íbis na galeria de campeões

Corrida de Mascotes 2013, com o Íbis campeão. Crédito: www.ibismania.com.br/divulgação

No ano passado foi por um triz…

Após liderar toda a corrida, o mascote do Íbis tropeçou a cinco metros da linha de chegada. Vitória do Mequinha, com o Periquito. Relembre o tombo aqui.

Desta vez o Pássaro Preto não deixou passar a chance de conquistar algo raríssimo em sua dura história, um título – além do famoso status de “Pior Time do Mundo”, é claro.

Na terceira edição da corrida dos mascotes do futebol pernambucano, neste sábado, o Íbis foi o vencedor, com Nilsinho Filho do Ibismania suando na Cidade Alta de Olinda no percurso de 500 metros.

“É o início de uma nova era”, gritou o grande campeão…

Completaram o pódio a Patativa do Central e o Periquito, deixando pela primeira vez os grandes clubes do Recife sem medalha. O Leão até caiu na ladeira. Confira as classificações anteriores aqui.

A disputa, uma das várias categorias na tradicional Corrida de Mascotes, entrou de vez no calendário carnavalesco.

Corrida de Mascotes 2013, com o Íbis campeão e o Sport caindo. Foto: Luis Fabiano/Prefeitura de Olinda