2,06 m de coração

Copa Davis 2012: John Isner. Crédito: Davis Cup/divulgação

Por Lucas Fitipaldi*

Nome: John, muito popular nos Estados Unidos. Sobrenome: Isner. Gigante. Não pelos seus 2,06 m. O coração é maior. Na sexta, o norte-americano protagonizou uma zebraça no primeiro dia de disputas do Grupo Mundial, a elite da Copa Davis. Vitória sobre Roger Federer, dentro da Suíça. Placar de 3 sets a 1, parciais de 4/6, 6/3, 7/6 (7-4) e 6/2. Vitória com letra maiúscula. A maior da carreira? Literalmente, não. Em 2010, Isner e o francês Nicolas Mahut realizaram o jogo mais longo da história do tênis, com 11 horas e seis minutos de duração e vitória do grandalhão por incríveis 6-4, 3-6, 6-7(7), 7-6(3), 70-68. Isso mesmo: 70/68 no quinto set.

Agora, esqueça o sentido literal da palavra. Esta foi uma vitória maior. Íncrédulo, o mundo do tênis acompanhou a melhor atuação da carreira de Isner. Detalhe para o quarto set, quando tirou três saques magníficos da cartola para sair de um 0/40. Game salvo, moral elevado. Refletido logo em seguida. Abatido, Federer teve o saque quebrado e Isner abriu 4/2, encaminhando ainda mais o “impossível”. Restou atropelar nos últimos dois games. Foi-se o set e o jogo, de maneira espantosa.

Ano passado, em Roland Garros, Nadal precisou de cinco sets para eliminá-lo. De lá pra cá, a confiança só tem aumentado. Atualmente, Isner ocupa o melhor ranking da carreira, 17º. O currículo, modesto, tem apenas quatro títulos de ATPs 250. Em novembro, chegou à semi no Master 1000 de Paris. Mais que resultados, no entanto, impressionam a capacidade de entender o jogo, não se entregar jamais e ir até a última gota do próprio limite. Quase sempre. Por isso é admirado. Isner despreza os limites e encara olho no olho qualquer adversário do outro lado da rede, mesmo no saibro, piso não compatível às suas características. A terra batida foi mais um obstáculo.

Mês passado, o Superesportes publicou uma análise sobre a crise do tênis norte-americano, intitulada “O declínio do império americano”. Mas nesta sexta, Jimmy Connors, Pete Sampras, Andre Agassi e todos os seus compatriotas, gênios da raquete ou não, voltaram a sentir orgulho. John Isner, um exemplo. Ah, ele colocou os EUA em vantagem sobre a Suíça: 2 a 0. Mais cedo, Mardy Fish bateu Stanislas Wawrinka por 3 a 2 em outro jogaço, que virou detalhe diante de um feito gigante. À altura de John.

*Lucas Fitipaldi é repórter do Superesportes

Copa Davis 2012: Roger Federer. Crédito: Davis Cup/divulgação

Lo que importa es el tenis

Nalbandian vence Rafael Nadal e é campeão do Masters de Paris, em 2007Rivalidade à parte, é preciso admitir: a escola de tênis da Argentina está bem na frente do Brasil. Ainda mais agora que Gustavo Kuerten se aposentou. Esse, aliás, conseguia sozinho inverter a situação.

Mas para não perder o foco: a Argentina terá pela 3ª vez em sua a história a chance de conquistar a Copa Davis, espécie de mundial por equipes do tênis.

E como o regulamento prevê o duelo em apenas um país, os argentinos deram a sorte de decidir em casa, contra a poderosa Espanha, dos craques Rafael Nadal (somente o nº 1 do mundo) e David Ferrer, e campeã em 2000 e 2004. Os 5 jogos (4 de simples e 1 de duplas) serão realizados na cidade de Córdoba, no estádio Orfeu, de 21 a 23 de novembro, como informou a Associação Argentina de Tênis (AAT).

E não será no saibro, como a maioria dos argentinos gosta, até mesmo porque Nadal é quase imbatível nesse solo. A final será disputada no carpete, piso preferido de David Nalbandian, a maior aposta dos hermanos na finalíssima. Por sinal, Nalbandian – o 8º no ranking da ATP – venceu Nadal duas vezes no carpete, em 2007, em Paris (foto acima) e Madri.

Capa do Olé de 3 de junho de 2004O “time” argentino deverá ser formado ainda por Juan Martín del Potro, de apenas 20 anos e que foi decisivo na semifinal contra a Rússia (no Parque Roca, em Buenos Aires), e Guillermo Cañas, que jogará nas duplas, com Nalbandian.

A imagem ao lado foi a capa do jornal Olé em 3 de junho de 2004, quando Nalbandian eliminou Gustavo Kuerten nas quartas-de-final de Roland Garros. Por que o tênis importa tanto? Porque na noite anterior a Argentina havia perdido do Brasil por 3 x 1, em algo que não importa tanto… O que então? Eliminatórias da Copa do Mundo de futebol.

Obs. Nas duas primeiras finais da Copa Davis, a Argentina foi vice-campeã como visitante, perdendo em 1981 para os Estados Unidos (3 x 1) e em 2006 para a Rússia (3 x 2).

Você pode ver mais detalhes sobre a Copa Davis no site oficial da competição e AQUI.